Missas online sem povo, por que não gosto

Missa ao vivo. | Foto:Catholic Archdiocese of Edmonton/Twitter

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02 Abril 2020

"Na minha opinião, de fato, essas celebrações online, embora celebradas por homens de boa-fé, são o resultado de uma visão equivocada de si mesmos e da relação com Deus", escreve Paolo Rodari, jornalista, em artigo publicado por Paolorodari.com, 28-03-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

As missas “sem povo” online? Eu não gosto delas. Infelizmente, muitos padres se acostumaram a isso. Para eles, não há salvação sem um deus que venha de fora para salvar o homem. Se a celebração da missa for tirada deles, eles não sabem o que fazer. Eles não entendem que o Senhor já está em nós, ele se faz pão na palavra. Ele está dentro do homem e pede para reconhecê-lo e levar seu amor aos outros".

Estas são as palavras que o padre Alberto Maggi me disse hoje em uma entrevista que foi publicada no Repubblica. Seu pensamento combina com o meu. Na minha opinião, de fato, essas celebrações online, embora celebradas por homens de boa-fé, são o resultado de uma visão equivocada de si mesmos e da relação com Deus.

Acredito que o pai não precisa de intermediários. O pai está dentro de cada um de nós, desde sempre; ele pode nos alcançar através das ferramentas e dos meios que deixou para a igreja, é claro, mas também pode ir muito além, de maneiras muitas vezes estranhas e pessoais. Em vez disso, a proposta de celebrações na web justificada pelo fato de que não podemos ir à igreja atualmente é como se sugerissem que essa relação pessoal não tem valor. O que importa ainda seria a participação em ritos nos quais, graças à intermediação do padre, acredita-se que se possa encontrar uma nossa relação com Deus.

Para mim, esse deus que do alto e de fora de si dá tudo não existe. Se existe, só pode decepcionar. Tanto que, no final, ou nos rebelamos ou nos prostramos cada vez mais, mantendo com ele uma relação mágica, multiplicando orações e ritos como se ali houvesse a nossa salvação. Deus está dentro de nós ou, como afirma Agostinho, é mais íntimo de nós do que nós mesmos. Ali podemos ter uma relação com ele que, no entanto, nunca é de “do ut des”. Não é por acaso que Maggi ainda diz: “Deus foi visto por muito tempo como externo ao homem e distante. No entanto, Jesus superou tudo isso. João diz que para aquele que ama o Pai, Jesus e o próprio Pai virão a ele. Deus se manifesta não quando levantamos as mãos para o céu, mas quando arregaçamos as mangas e, reconhecendo-o dentro de nós, ajudamos os outros".

E explica mais: “quando você descobre Deus dentro de você tudo muda. Você não precisa mais procurá-lo e viver por ele, mas vive dele. Deus não pede mais nada, se você, ao se descobrir filho, arregaçar as mangas para sair ao encontro de todos”.

Nesse sentido, é interessante uma declaração do professor beneditino Elmar Salmann publicada em Settimana News por Francisco Cosentino: “Até agora, temos paróquia ou nada, missa ou nada, alguém se torna padre ou não tem nenhum papel, se casa na igreja ou não há nada, é batizado ou não há nada. Não pode continuar assim. Existe - e o Papa Francisco disse isso na Evangelii gaudium - um predomínio da sacralização sobre outras formas de evangelização".

Cosentino explica ainda: “Surgiram visões eclesiais e litúrgicas questionáveis; os sacramentos são ações de todo o povo de Deus e requerem gestos e presença reais, não missas individuais celebradas em streaming. Em vez disso, é necessário redescobrir o encontro pessoal com Deus e com a sua palavra”.

 

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