19 Julho 2025
"A trajetória histórica do Símbolo Niceno e Niceno-Constantinopolitano, portanto, coloca problemas maiores do que sua "canonização" no plano doutrinário e, no plano histórico mais complexo da reconstrução da árvore genealógica de sua fórmula. Sua fisionomia emerge do mais amplo trabalho de pesquisa sobre o Símbolo, que foi coordenado por Costanza Bianchi e Massimiliano Proietti, que tive a honra de prefaciar."
O artigo é de Alberto Melloni, professor da Universidade de Modena-Reggio Emilia e diretor da Fundação de Ciências Religiosas João XXIII, de Bolonha, publicado por Corriere della Sera, 16-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Aniversários são cheios de promessas e riscos. Agregam um amor coletivo e deferente por um passado ao qual o mito, a ideologia ou a consciência pagam dívida e, assim, compensam – nesse nosso alvorecer sombrio e sangrento do terceiro milênio – o eclipse da história do discurso público. Ao mesmo tempo a ênfase nos aniversários atesta esse eclipse com força tanto maior quanto maior for sua solenidade. Assim, em vez de incentivar a compreensão dos outros presentes, frequentemente propõem uma deslumbrante exibição celebrativa onde tudo se encaixa, mas na qual não existem mais intenções e contradições vitais.
O 17º centenário do Concílio convocado em Niceia em 325 por Constantino, "imperador e pontífice", não é exceção a tais riscos. Os cânones, os anátemas e o Símbolo daquele primeiro sínodo "ecumênico" obrigaram todos a refletir sobre suas decisões, e especialmente sobre aquele Símbolo da Fé (o "Credo", o arcabouço do que ainda é rezado nas igrejas) do qual conhecemos muitas formas anteriores e concorrentes de tipo batismal. Mas difere de seus concorrentes porque "pretende", indo além das palavras do Novo Testamento, expressar a substância da "fé-una" em um breve poema, cujas rimas estão nos adjetivos (una/um só), colocados no início de versos de extensão desigual. Esse Símbolo/Credo será expandido no subsequente Concílio de Constantinopla I (381), canonizado no Concílio de Calcedônia (451), e permaneceu por séculos comum às grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente (que somente quando o leem em latim, pronunciam aquele Filioque, acrescentado em época visigótica e usado por séculos nas controvérsias da Igreja dividida).
A capacidade efetiva do Símbolo de saber expressar toda aquela "fé-una" foi afirmada e discutida em diversas ocasiões.
A difusão do Credo Niceno confere-lhe uma autoridade que absorve revisões, ajustes e extensões: tanto que em milhares de referências da tradição oriental e ocidental se expressa à "fé de Niceia", mesmo quando é evidente que nos referimos ao subsequente e homogêneo Símbolo Niceno-Constantinopolitano. Porque a "fé de Niceia" — que afirma que no cerne do Deus uno há uma circularidade de relações que determina Deus, o ser humano e o cosmos — não se esgota na "fórmula de Niceia": ela se expressa ali. A ponto de a fé e a fórmula perdurarem no tempo não porque alguém assim o decidiu em 325, mas porque desde 325 aconteceu — e aconteceu seguindo um percurso singular.
O Símbolo, declarado intocável após cada revisão, foi reintegrado liturgicamente (até hoje), embora não tivesse nascido para fazer parte dele. Entrou no direito canônico, do qual se distinguia justamente pelo gênero literário ao qual conferia dignidade conciliar. Lutero, apesar de um adjetivo central e ambíguo como "consubstancial", não encontra para reclamar nada além de uma "síntese da Escritura". Alimentou a doutrina até a teologia política do século XX: porque, como Erik Peterson intuiu, a lógica trinitária impedia que a delegação de poder fosse moldada segundo uma lógica descendente (de Deus para o Filho, do Filho para o Imperador), cujo perigo era percebido na Europa dos fascismos. E, acima de tudo, o Símbolo foi traduzido: desde o início, e sempre, aprendeu-se a dizer "Cremos"/"Creio" em línguas e culturas muito distantes daquela em que nasceu. Não há dúvida, de fato, de que o organon conceitual do Símbolo Niceno está inteiramente dentro da filosofia grega. Segundo Joseph Ratzinger, isso conferia a essa filosofia um direito perpétuo e irrevogável de cidadania no pensamento cristão.
No entanto, a tradução e a migração do Símbolo demonstram que ele falou porque, ao penetrar em outras concepções, línguas e rituais, não exigiu a adoção de sua matriz filosófica, mas indicou a possibilidade das Igrejas de expressar a "fé-una" e de tornar os cristãos reconhecíveis uns aos outros.
A trajetória histórica do Símbolo Niceno e Niceno-Constantinopolitano, portanto, coloca problemas maiores do que sua "canonização" no plano doutrinário e, no plano histórico mais complexo da reconstrução da árvore genealógica de sua fórmula. Sua fisionomia emerge do mais amplo trabalho de pesquisa sobre o Símbolo, que foi coordenado por Costanza Bianchi e Massimiliano Proietti, que tive a honra de prefaciar. Cito três desses problemas, cruciais, a meu ver, para as pesquisas de amanhã e de hoje para as Igrejas.
O primeiro diz respeito à relação entre judaísmo e cristianismo. O Símbolo que nasce para e da Igreja constantiniana não aspira a se tornar o que será. Mas certamente marca a abertura de um hiato, transponível apenas teologicamente, entre as expectativas de Israel e a fé da Igreja. O tom apocalíptico que permeia o Evangelho sobre Jesus e o Evangelho de Jesus é substituído por uma visão que fixa no tempo e no espaço a dimensão que obriga o diálogo com o judaísmo a se confrontar com questões teológicas fundamentais (a aliança, a Escritura, a terra).
O segundo diz respeito ao próprio conteúdo do Credo: que existe e perdura não porque adota uma fórmula "clara", mas pela razão oposta. O Concílio, por exemplo, não se detém em explicar exatamente o que entende quando afirma que o Filho é "da mesma substância" do Pai: e não para evitar a questão com uma astúcia. Ele o faz porque capta o valor do consenso nascido entre as Igrejas: um consenso ambivalente, que contempla nuances perdidas, mas que se revela efetivo por recepção e duradouro historicamente.
O terceiro problema diz respeito ao significado de um movimento duplo do qual o Credo é prova: para usar termos um tanto oitocentistas, a questão "história e dogma". Isso mostra que a história, além do dogma, deve examinar o Símbolo como fruto daquele processo de imanência mútua.
Três problemas para os estudos de amanhã, mas também para as Igrejas de hoje, que o Patriarca Ecumênico convidou a celebrar junto com esse aniversário. De fato, ao longo de sua longa jornada, o Credo tornou-se parte daquele desejo cristão de unidade que inspirou as Igrejas dos séculos XIX e XX e confrontou todas as Igrejas de hoje — aquelas da Reforma e aquelas a leste de Bizâncio, o Patriarca Bartolomeu e o Papa Leão — com uma pergunta simples e crucial: a fé compartilhada é suficiente para caminhar na unidade, ainda que imperfeita? Ou há algo mais valioso do que a fé comum que determina a possibilidade não tanto de celebrar a Páscoa na mesma data (um ajuste mais difícil do que útil), mas de beber do mesmo cálice em que o mistério expresso pela fé nicena encontra a sua expressão?
Em 30 de novembro, ao término do centenário, saberemos. O objetivo da pesquisa era dotar aquele evento não de uma ênfase celebrativa, mas de análises rigorosas o suficiente para permitir que os chefes das Igrejas possam fazer a sua parte, em um mundo onde a catástrofe da divisão fratricida entre os cristãos faz parte tanto da causa quanto da consequência desse dilúvio de sangue e cinismo em que a humanidade parece irremediavelmente imersa.