13 Mai 2025
Entrevista com o economista da Universidade de Columbia e consultor dos três últimos secretários-gerais da ONU, que faz um balanço das negociações entre as duas potências na Suíça.
A entrevista é de Eugenio Occorsio, publicada por La Repubblica, 13-05-2025.
“Os Estados Unidos finalmente estão enfrentando a realidade: sua política tarifária foi insensata e assustadoramente cara. É também um retorno a um multilateralismo saudável”. Jeffrey Sachs, economista da Universidade de Columbia e conselheiro dos três últimos secretários-gerais da ONU, é o defensor mais convicto de soluções negociadas para as questões mais complexas.
Qual é a razão para o ponto de virada em Genebra?
Tudo graças à competência e racionalidade de Scott Bessent. O Secretário do Tesouro, passo a passo, conseguiu convencer um sujeito durão como Trump de que os Estados Unidos não têm todas as cartas na mão, que não podem jogar como o mestre indiscutível do mundo e seguir fanáticos loucos como Navarro ou Lutnick. É um recuo histórico, que vai além da questão das tarifas chinesas: Trump agora é chamado a aplicar o mesmo realismo em suas relações com a Rússia, o Irã, o mundo árabe e a própria China de forma mais ampla. Em Genebra, não é um lugar por acaso, foi dado o primeiro passo rumo à normalidade das relações multilaterais, eu diria rumo à normalidade tout court.
Mas o jogo das taxas não acabou: há uma série de prazos a cumprir, com a China e com o resto do mundo…
Sim, mas a partir de agora lidaremos com isso de forma mais racional. Prevê-se uma gestão técnica das negociações, uma espécie de dupla gestão, um resultado inesperado na véspera, quando parecia que a arrogância de Trump prevaleceria. As isenções já começaram, agora fique tranquilo que não veremos mais loucuras como os 46% sobre o Vietnã ou tarifas aplicadas até mesmo contra pequenas ilhas no Oceano Pacífico. É claro que danos permanentes significativos já foram causados, como a revisão para baixo das previsões macroeconômicas e os primeiros surtos de inflação. Esperamos que haja espaço para recuperação, pelo menos em parte, depende da continuidade das negociações sobre tarifas.
Que papel a Europa pode desempenhar em tudo isso?
Um mundo multipolar, como o que está a emergir após a vitória da moderação em Genebra, significa também um mundo multimoeda. Nesta passagem da história, oportunidades extraordinárias se abrem para a Europa, desde que Bruxelas saiba aproveitá-las. Mas sobretudo para o euro, dado que a posição dominante do dólar está destinada a diminuir e que a moeda comum é a candidata natural para preencher as lacunas. Isso implica, no entanto, com a máxima urgência, a criação de um mercado verdadeiramente global para o euro e, portanto, por sua vez, uma série de projetos comuns: do digital à energia limpa – não gosto, como vocês sabem, de falar em rearmamento – sobre os quais "apoiar" novas emissões de eurobonds. Enquanto isso, a Europa deve ser mais ativa na busca, sem depender dos Estados Unidos, de novas rotas comerciais para a China, a Índia e os países da Cooperação do Golfo. Até mesmo em relação à Rússia, considerando que o papel do dólar está fadado a diminuir.