08 Abril 2025
A Assembleia se caracterizou pela franqueza com que se expressou e pelo empenho com que trabalhou na reescrita do texto; e a Presidência (do Caminho Sinodal, mas também dos bispos italianos) foi capaz de escuta, mudando de direção sem impor caminhos (apesar das pressões inevitáveis nesse sentido).
O artigo é de Marco Bernardoni, publicado por Settimana News, 05-04-2025.
Não é fácil descrever o que foi, para quem participou, a Segunda Assembleia Nacional do Caminho Sinodal da Igreja na Itália. Vou tentar organizar por partes.
Antes da partida para Roma (31 de março), os delegados esperavam trabalhar sobre um texto contendo 50 proposições elaboradas a partir do Instrumento de Trabalho e das sínteses que as dioceses haviam enviado (no início de março), após uma última fase de discussão com base nos roteiros do mesmo documento. As proposições — um gênero previsto no regulamento e talvez pouco conhecido por muitos dos participantes — deveriam representar, em uma síntese extrema, uma espécie de "índice comentado" das questões fundamentais surgidas ao longo dos quatro anos do Caminho.
As regras previstas para o debate (nos grupos de trabalho) expressavam a convicção da Presidência do Caminho Sinodal de chegar — com poucos emendamentos — à formulação definitiva das proposições, que deveriam ser votadas na manhã final (3 de abril). Uma vez aprovadas, seriam entregues à Assembleia Geral da CEI de maio, último passo antes da redação do documento final. Esse era o plano.
Mas aí aconteceu algo inesperado. Na sessão plenária da manhã de terça-feira, as cinquenta pessoas autorizadas a falar (e outras tantas que entregaram intervenções por escrito) expressaram, de formas diferentes, aquilo que ao final pareceu um juízo de substancial inadequação do texto apresentado.
Ficou evidente: a assembleia não acolheu a proposta da Presidência. Tanto que — numa Sala Paulo VI que aplaudia quase todas as intervenções — alguém chegou a propor uma votação para medir o apoio ao texto e decidir como seguir adiante (afirmava-se que seria impossível emendar um texto considerado globalmente inadequado).
A decisão da Presidência — nesse ponto, bastante delicada — foi seguir com os trabalhos de grupo previstos. Mas retirando os vínculos estabelecidos anteriormente e abrindo o debate nos grupos (cada um guiado por um facilitador) para a possibilidade de emendar radicalmente, ou até reescrever, os textos das proposições. E os grupos se colocaram seriamente ao trabalho, exatamente como havia acontecido na Assembleia de novembro. Mas agora, com um mandato bem diferente. E foi, para os participantes, uma nova e significativa experiência da força de um método que parte da escuta e das sensibilidades de todos para convergir em uma escolha percebida como a mais adequada pela maioria qualificada (desta vez, inclusive, houve votação dentro dos grupos de trabalho).
Ficou logo claro que, diante de tantas sugestões de mudança, correção e integração, seria impossível para a Presidência apresentar uma formulação das proposições que pudesse ser votada no dia seguinte.
Assim, durante a tarde dedicada à peregrinação jubilar dos delegados pela Porta Santa (2 de abril), uma longa reunião da Presidência do Caminho Sinodal (que depois se confrontou com o Conselho Permanente dos Bispos à noite) levou à decisão de retirar o texto, não submetê-lo à votação (qual formulação seria proposta naquele ponto?) e usar as sugestões recebidas para colocar a Presidência, junto com todo o Comitê Nacional e os facilitadores dos grupos, a trabalhar em uma nova e mais madura redação do documento.
Esse gesto pareceu o mais sinodal de todo o percurso. Um testemunho, na prática, de que a sinodalidade começa concretamente a se imprimir como estilo — ainda que em uma parte pequena, mas representativa — dentro do processo decisório sobre questões que dizem respeito à vida das nossas comunidades. Presidência e assembleia animadas por uma paixão comum, descontando possíveis posições ideológicas (inevitáveis em uma dinâmica assemblear tão ampla), que — é bom destacar — não animaram substancialmente nem deram o tom ao confronto.
A Assembleia se caracterizou pela franqueza com que se expressou e pelo empenho com que trabalhou na reescrita do texto; e a Presidência (do Caminho Sinodal, mas também dos bispos italianos) foi capaz de escuta, mudando de direção sem impor caminhos (apesar das pressões inevitáveis nesse sentido).
Isso foi reconhecido, com a habitual lucidez, por dom Erio Castellucci em sua esperada intervenção de encerramento durante a plenária do último dia (3 de abril), fazendo uma síntese do ocorrido:
"A Igreja não é composta por guias que ignoram o 'sentir' do povo (de Deus), seguindo em frente como se estivessem sempre com a razão, mas é composta por guias chamadas a discernir a presença e a ação do Espírito no Povo de Deus, do qual fazem parte.
Cresce-se juntos, cada um segundo seus dons e responsabilidades. O texto proposto, de fato, pareceu inadequado. A assembleia de terça-feira pela manhã e as inúmeras propostas de emenda apresentadas pelos 28 grupos exigem uma reavaliação global do texto, e não apenas o ajuste de algumas partes.
Os grupos, nestes dois meios-dias, trabalharam muito bem, de maneira intensa e criativa, redescobrindo no texto, às vezes, até riquezas que não apareciam numa primeira leitura, e integraram e corrigiram o texto; que, no entanto, ainda não se apresenta maduro. (…) Queremos caminhar rumo a um texto que, embora buscando a síntese e se orientando para decisões votáveis (pois em algum momento será necessário decidir), seja mais discursivo do que o texto atual, mesmo emendado com os trabalhos destes dias, e mais rico e profundo."
São totalmente insuficientes as leituras que tentaram opor uns aos outros na dinâmica destes dias (como fizeram de imediato os títulos dos principais jornais nacionais). É evidente que algo não funcionou na redação das proposições. E esse talvez seja o ponto que ficou menos claro.
É possível que alguns tenham estado mais voltados à defesa de suas convicções pessoais e menos disponíveis ao confronto. Mas seria injusto, diante do que se expressou, ignorar a evidência de uma realização — ainda que inicial, mas concreta — da sinodalidade da Igreja, da qual todos aprendemos, guias e delegados.
"O que aconteceu nos últimos dias em Roma, durante os trabalhos da Segunda Assembleia Sinodal das Igrejas na Itália — escreveu Alessandro Zaccuri no Avvenire (4 de abril) —, demonstra como a parresia se tornou uma prática indiscutível e não é mais apenas um desejo genérico. Para alguns isso será uma surpresa; para quem participou dos já quatro anos do Caminho Sinodal, é uma confirmação."
A moção final — a única votada ao fim da assembleia — acolheu a decisão de confiar o texto das proposições "à Presidência do Comitê Nacional do Caminho Sinodal para que, com o apoio do Comitê e dos facilitadores dos grupos de estudo, providencie a redação final acolhendo emendas, prioridades e contribuições surgidas". A convocação da terceira Assembleia Nacional para votação do novo documento foi marcada para sábado, 25 de outubro, por ocasião do Jubileu das equipes sinodais e dos Organismos de participação.