Líderes dos Estados Unidos devem dizer ao Estado de Israel para parar os bombardeios sobre áreas civis e permitir o acesso à ajuda humanitária em Gaza, é o recado que o bispo presidente da Igreja Episcopal norte-americana, Michael Curry, emitiu lembrando os milhares de mortos na região.
A reportagem é de Edelberto Behs.
“Hoje levanto a minha voz por amor porque mais de dez mil pessoas morreram em Gaza, incluindo mais de quatro mil crianças. A violência é horrível e a geopolítica é complexa, mas o meu apelo ao amor é simples: Parem com a matança. Parem com tudo isso. Parem com isso hoje”, defendeu.
Ficar calado num momento desses “seria uma mancha em nossas almas e aprofundaria nossa cumplicidade”, justificou. Assim, “não ficaremos calados enquanto uma população for privada de alimentos, água, eletricidade e combustível necessários para o funcionamento dos hospitais. Não podemos ficar parados enquanto milhares de civis morrem”.
Cada filho humano de Deus, seja palestino, seja israelense, merece seguranças e proteção. “A vingança não trará de volta os mortos. A retaliação não irá reparar os danos e as mágoas. Somos chamados a amar, mesmo e especialmente quando parece impossível”, disse Curry.
Vai na mesma direção o apelo da Federação Luterana Mundial (FLM) que pediu, em declaração, o cessar-fogo imediato e a cessação das hostilidades, “especialmente para proteger e apoiar centenas de milhares de crianças, idosos, mulheres e homens cujas vidas permanecem em perigo”.
A FLM denuncia que tanto o Hamas como Israel violaram o direito internacional neste conflito armado. Esta guerra, aponta o organismo luteranos, “atingiu proporções catastróficas. É hora de agir para evitar uma maior deterioração. A humanidade deve vir em primeiro lugar”, sustenta.
Pede, pois, que a comunidade internacional “intensifique os seus esforços para forçar as partes em conflito a cumprir o direito humanitário internacional, proporcionando ao mesmo tempo recursos suficientes para apoiar todas as pessoas afetadas pelo conflito”.
A guerra também provoca estragos nas relações inter-religiosas na Suíça. Este ano, a Semana das Religiões, iniciada no dia 4, não contou com a participação de judeus. Os dois integrantes judeus no comitê diretor da Comunidade de Trabalho Inter-Religiosa Iras Cotis, que organiza o evento anual, se retiraram da entidade. Eles protestam contra a manifestação da presidenta da Iras Cotis, Rifa’ at Lenzin, à Associação Suíça-Palestina (ASP), e exigiram sua renúncia.
O secretário-geral da Federação Suíça das Comunidades Judaicas (FSCI), Jonathan Kreutner, disse a um jornal local que espera que Lenzin “deixasse a controversa associação no interesse do diálogo inter-religioso” ou renunciasse. Também o representante da Plataforma dos Judeus Liberais da Suíça, David Feder, retirou-se da Iras Cotis.
Esta renúncia, disse à repórter Anne-Sylvie Sprenger o conselheiro sinodal da Igreja Evangélica Reformada de Vaud, Laurence Bohnenblust-Pidoux, é um alerta “à fragilidade e ao desafio do diálogo inter-religioso”. Ele vinculou a fragilidade “ao fato de que a ligação entre religião e política deve sempre ser discutida, problematizada, reformada”.
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Bispo episcopal chama EUA à responsabilidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU