18 Junho 2025
- Prevost lembra que "a profecia não exige rupturas, mas opções corajosas, próprias de uma verdadeira comunidade eclesial: levam a deixar-se "perturbar" pelos acontecimentos e pelas pessoas".
- Ele os convida a "discernir as formas de fazer chegar a todos a Boa Nova, com ações pastorais capazes de interceptar os mais afastados e com instrumentos adequados para a renovação da catequese e das linguagens do anúncio".
- Anúncio do Evangelho, paz, dignidade humana, diálogo: estas são as coordenadas através das quais poderão ser Igreja que encarna o Evangelho e é sinal do Reino de Deus.
A informação é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 17-06-2025.
"Queridos irmãos, caminhemos juntos, com alegria no coração e o canto nos lábios. Deus é maior que nossas mediocridades: deixemo-nos atrair por Ele!" O Papa Leão XIV lançou esta manhã uma mensagem retumbante de sinodalidade, colegialidade e unidade durante seu encontro com os bispos italianos, o primeiro desde que foi eleito Bispo de Roma.
Com a lembrança de Francisco sempre presente, Prevost recordou ao episcopado transalpino que "a profecia não exige rupturas, mas opções corajosas, próprias de uma verdadeira comunidade eclesial: levam a deixar-se "perturbar" pelos acontecimentos e pelas pessoas, e a mergulhar nas situações humanas, animados pelo espírito sanador das Bem-aventuranças", ao mesmo tempo que os convidou a "seguir em frente na unidade, pensando especialmente no Caminho sinodal", olhando "para o amanhã com serenidade".
"Não temam tomar decisões corajosas. Ninguém poderá impedi-los de estar perto das pessoas, compartilhar a vida, caminhar com os últimos, servir aos pobres. Ninguém poderá impedi-los de anunciar o Evangelho, e é o Evangelho que somos enviados a levar, porque é disso que todos, nós os primeiros, precisamos para viver bem e ser felizes", incidiu o Papa, que animou os bispos da Itália a "cuidar para que os fiéis leigos, alimentados com a Palavra de Deus e formados na doutrina social da Igreja, sejam protagonistas da evangelização nos locais de trabalho, nas escolas, nos hospitais, nos ambientes sociais e culturais, na economia, na política".
Tudo isso, com um olhar pastoral e global, para o tema da paz. "A paz não é uma utopia espiritual: é um caminho humilde, feito de gestos cotidianos, que entrelaça a paciência e a coragem, a escuta e a ação. E que hoje, mais do que nunca, exige nossa presença vigilante e generativa", e com um olhar distinto diante dos "desafios que interpelam o respeito pela dignidade da pessoa humana". Entre eles, "a inteligência artificial, as biotecnologias, a economia dos dados e as redes sociais", que "estão transformando profundamente nossa percepção e nossa experiência da vida".
A dignidade do ser humano corre o risco de ser esmagada ou esquecida, substituída por funções, automatismos, simulações. Mas a pessoa não é um sistema de algoritmos: é criatura, relação, mistério.
Nesse cenário, "a dignidade do ser humano corre o risco de ser esmagada ou esquecida, substituída por funções, automatismos, simulações. Mas a pessoa não é um sistema de algoritmos: é criatura, relação, mistério", sublinhou Prevost, clamando aos bispos "que o caminho das Igrejas na Itália inclua, em coerente simbiose com a centralidade de Jesus, a visão antropológica como instrumento essencial do discernimento pastoral", porque "sem uma reflexão viva sobre o humano — em sua corporeidade, em sua vulnerabilidade, em sua sede de infinito e em sua capacidade de vínculo —, a ética se reduz a um código e a fé corre o risco de desencarnar-se".
Junto a isso, "os princípios da colegialidade que foram elaborados pelo Concílio Vaticano II". "Vocês são chamados a viver o seu ministério: em colegialidade entre vocês e em colegialidade com o sucessor de Pedro", realçou, apontando para a necessidade de "uma sã cooperação com as autoridades civis", apesar dos "novos desafios, relacionados com o secularismo, uma certa desafeição pela fé e a crise demográfica".
"Trata-se de discernir as formas de fazer chegar a todos a Boa Nova, com ações pastorais capazes de interceptar os mais afastados e com instrumentos adequados para a renovação da catequese e das linguagens do anúncio", acrescentou, invocando "fazer visível uma Igreja capaz de reconciliação". "Espero, pois, que cada diocese possa promover itinerários de educação para a não violência, iniciativas de mediação nos conflitos locais, projetos de acolhimento que transformem o medo do outro em oportunidade de encontro. Que cada comunidade se converta em uma "casa de paz", onde se aprenda a desativar a hostilidade através do diálogo, onde se pratique a justiça e se guarde o perdão", culminou.
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