02 Mai 2025
"Esta faltando do pontificado de Francisco uma coleção/análise dos sinais que ele fez e nos deixou", escreve Tonio Dell'Olio, padre italiano, jornalista e presidente da associação Pro Civitate Christiana, em artigo publicado por Mosaico di Pace, 29-04-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
O pontificado de Francisco se comunicou não apenas com palavras, mas sobretudo com gestos. Gestos que têm o valor de sinais e que, por essa razão, sobrevivem ao sopro interrompido daquele que os realizou. No primeiro encontro (27 de junho de 2013) que tive com ele como papa (eu o havia encontrado anteriormente como arcebispo de Buenos Aires), ele me confidenciou o projeto de uma visita a Lampedusa que ele daria a conhecer apenas alguns dias depois. Ele disse: “Indo a Lampedusa, eu gostaria de não proferir discursos, mas apenas abraçar migrantes, porque os sinais são mais eloquentes do que as palavras”. Eu rebati com a declaração de Don Tonino Bello: “Diante de quem ostenta os sinais do poder, devemos mostrar o poder dos sinais” e o Papa Francisco abriu um grande sorriso, reiterando: “É exatamente isso”.
Está faltando do pontificado de Francisco uma coleção/análise dos sinais que ele fez e nos deixou. Cada um tem o direito de vasculhar as palavras das encíclicas e dos discursos, dos Angelus e das mensagens, mas seria muito proveitoso para todos poder alinhar a oração na praça vazia em 27 de março de 2020 e o beijo aos pés dos líderes contendores do Sudão do Sul, a Via Sacra com os detentos e a visita à embaixada russa junto à Santa Sé logo no início da guerra na Ucrânia, só para citar alguns exemplos. Todos gestos dos quais transbordam significados e indicações para o futuro.