07 Agosto 2024
"O Estado de Israel não é mais do que a opressão institucionalizada sobre os povos árabes. Do mesmo modo que o Estado, na realidade sempre cumpriu o papel de oprimir os povos de todo o mundo sob o domínio da classe capitalista", escrevem Doralice de Lima Barreto e Marta Maria Aragão Maciel, em artigo publicado por Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof), 06-08-2024.
Doralice de Lima Barreto é doutoranda em Filosofia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).
Marta Maria Aragão Maciel é doutora em Filosofia pelo Programa Integrado de Pós-Graduação em Filosofia UFPE/UFPB/UFRN.
Temos acompanhado as últimas notícias sobre a situação dos Palestinos na faixa de Gaza e sua luta constante contra o Estado de Israel pelo seu território. Desde o ataque de Hamas ocorrido em 2023, temos observado esse cenário internacional e a grande comoção de movimentos sociais e juventude universitária em muitos países que levam a bandeira em favor da Palestina com o entendimento de qual há uma situação política opressora por parte do Estado de Israel.
Toda essa situação complexa nos convida a uma importante e profunda reflexão alicerçada nos elementos históricos e filosóficos, não apenas para compreender os acontecimentos entre Palestina e Israel, como também para tomar uma posição crítica sobre esse fato. Nesse sentido, nos apoiamos nas reflexão do filósofo Ernst Bloch, um pensador judeu e marxista que, além de possuir um posicionamento antifascista, se torna porta-voz da lucidez sobre o assombroso sionismo.
Nosso artigo busca contribuir para esse debate partindo das reflexões de Ernst Bloch que toma um posicionamento explícito contra o sionismo do Estado de Israel. Trata-se de uma denúncia, à luz do marxismo, à constituição do Estado sionista por ele entendida como “invasão de uma terra árabe”. Ao longo do artigo expomos como esse autor desenvolve seus argumentos partindo de uma visão ampla sobre a concepção de Estado e sua função enquanto conciliadora de classes. O Estado de Israel não é mais do que a opressão institucionalizada sobre os povos árabes. Do mesmo modo que o Estado, na realidade, sempre cumpriu o papel de oprimir os povos de todo o mundo sob o domínio da classe capitalista.
Nessa esteira, destacamos a crítica de Bloch ao sionismo como eco das críticas de Karl Marx presentes no livro Sobre a questão judaica (1844), no qual Marx debate com o autor Bruno Bauer acerca do problema da emancipação política dos judeus no século XIX se tratar de uma questão puramente religiosa. Para Marx, tratava-se, já nesse texto de juventude, não somente de recusar o Estado cristão e exigir o Estado laico, mas de se fazer a crítica do Estado, uma vez que este é apenas uma máquina administrada pelas classes dominantes para garantir seus interesses econômicos.
Desse modo, enfatizamos que a reflexão do filósofo Ernst Bloch e seu posicionamento antissionista não trata de resolução para um fictício antagonismo entre judeus e palestinos. O que há por trás desse discurso é o antagonismo de classes em todo o mundo que ultrapassa nacionalidades, etnias e credos. Hoje presenciamos um levantamento das classes trabalhadoras e juventude contra o Estado sionista de Israel e por uma Palestina livre, do rio ao mar.
Leia o texto na íntegra Aqui.
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Da questão judaica à questão palestina: o pensador judeu Ernst Bloch e a recusa radical ao sionismo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU