06 Julho 2023
O cardeal Matteo Zuppi, presidente da CEI, arcebispo de Bolonha, nomeado por Bergoglio como enviado para a paz na Ucrânia, se encontrou com o Papa para falar sobre os resultados da missão em Moscou. Quem relata isso é o próprio Dom Matteo, à margem da apresentação do livro de Andrea Riccardi, Il grito della pace (O grito da paz, em tradução livre) na Comunidade de Santo Egídio em Roma.
A reportagem é de Wanda Marra, publicada por Il Fatto Quotidiano, 05-07-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Um evento que – poucos dias após o retorno de Zuppi da Rússia – é em si uma iniciativa "política" no sentido amplo (e elevado) do termo. Falando sobre o livro do fundador da Comunidade, uma reflexão que é também uma espécie de "manifesto" histórico e de atualidade sobre a necessidade de criar uma cultura da paz e um movimento espiritual e social que coloque a paz no centro dos interesses e da política, escritos pela "necessidade" do momento, não estão só Zuppi e o autor, mas também o sociólogo Giuseppe De Rita, o jornalista Marco Damilano, a filósofa Donatella Di Cesare, moderados por Marco Impagliazzo. Um grupo variegado, com o objetivo de desmantelar "de dentro" algumas lógicas e alguns automatismos das instituições que diante da guerra na Ucrânia não só não encontram soluções, mas muitas vezes dão respostas erradas. Na primeira fila toda a Comunidade, começando por Mario Giro, presidente da Demos, mas também Mario Morcone, hoje assessor na Campânia para a Segurança. É o próprio Zuppi quem esclarece que estamos diante de um “empobrecimento político e diplomático", que há necessidade de uma "verdadeira diplomacia". Que “muitas vezes se procuram soluções fáceis que na verdade são ambíguas", "maniqueístas", mais para ter algo a "exibir" do que para chegar a uma solução real. Ao mesmo tempo ele conta ter saudade da "camera caritatis" em seu significado mais profundo: “encontro”, “entendimento profundo, não exibido”, sem necessariamente “um feedback imediato". O pacificador, esclarece, "é inquieto e conhece a história, conhece as causas e sempre lembra que a guerra é um massacre inútil, também para encontrar com urgência as respostas necessárias".
Nas palavras de Dom Matteo também se pode encontrar uma explicação nas entrelinhas do que ela está tentando fazer, como enviado do Vaticano para a paz. Antes da apresentação ele não falou apenas com o Papa, mas também com o Secretário de Estado, Parolin. Afinal, o representante oficial daquela mesma diplomacia que Zuppi exorta a se transformar.
Sobre a missão, primeiro a Kiev e depois a Moscou (onde se encontrou com Zelensky e o Patriarca Kirill, mas não com Vladimir Putin) dom Matteo se limita a dizer à margem que sua etapa em Moscou foi centrada em particular sobre o dossiê das crianças ucranianas deportadas: "Esperamos que se comece dos menores, daqueles que são mais frágeis”, disse. E quando questionado sobre que etapas estão previstas, respondeu: “Devemos acertar um mecanismo e fazer o que for possível o mais rápido possível". Por isso ele foi à Embaixada da Ucrânia na Santa Sé, conforme divulgado no Twitter pelo Embaixador Andrii Yurash. “As consequências de suas visitas e as perspectivas de envolvimento da Santa Sé em campos humanitários, em particular na libertação de prisioneiros ucranianos e no retorno de crianças ucranianas sequestradas, foram discutidos em detalhes".
Muito se tem falado nos últimos dias sobre o fato de a missão de Zuppi na Rússia não ter dado resultados precisamente em termos do caminho para a paz. Mas em Santo Egídio fazem questão de ressaltar como justamente o dossiê sobre as crianças ucranianas poderia ser propedêutico para colocar em movimento outros processos. E enquanto a crítica aos “nacionalismos” reaparece em mais do que uma intervenção, Riccardi critica uma política que “persegue” as armas e “não as guia”, numa guerra que “arrisca ser um fim em si mesma”.
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Zuppi sobre a Guerra da Ucrânia: “Primeiro as crianças, depois tudo pela paz” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU