Os programas Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos e Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo – GDIREC, do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, têm reunido e publicado os indicadores censitários dos anos 2000 e 2010 referente as religiões e religiosidades declaradas pela população residente no Vale dos Sinos nos respectivos anos. Esta semana, a publicação apresenta os dados referentes ao município de Ivoti.
A análise destes dados foi realizada pelo professor Inácio José Spohr, coordenador do GDIREC. Spohr possui graduação em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos e mestrado em Ciências Sociais pelo Instituto Latinoamericano de Estudios Sociales, de Santiago do Chile.
Eis a análise.
O propósito deste trabalho visa analisar brevemente a evolução do desempenho das religiões e religiosidades no município de Ivoti - RS, considerando os dados dos censos do IBGE de 2000 e 2010.
Situada no Vale do Rio dos Sinos, a 55 km de Porto Alegre, Ivoti registra 19.874 habitantes1. Conforme tabela abaixo, 90,87% destes são brancos, 6,75% são pardos, 1,35% são pretos, 0,91% são amarelos2 e 0,11% são de ascendência indígena.
Emancipada de Estância Velha em 1965, Ivoti se apresenta como “cidade das flores”. Desde sua criação conta com uma economia baseada em produtos coloniais (flores, cana-de-açúcar, batata-doce, aipim, milho, frutas e verduras), bem como se caracteriza por sua produção de laticínios, confecções e indústria coureiro-calçadista.
A povoação de Bom Jardim, atual município de Ivoti3, se deve primordialmente à imigração alemã, iniciada por volta de 1826. Aproximadamente 2/3 destes eram evangélicos luteranos e 1/3 era composto por católicos. Hoje, tanto luteranos quanto católicos perdem adeptos para as religiões de origem pentecostal, orientais, esoterismo e outras formas de crer ou descrer, como podemos observar a seguir.
Tendo em vista simplificar a compreensão dos dados, divido a multiplicidade das expressões religiosas do município em diferentes grupos, preservando, na medida do possível, suas relações de semelhança e/ou de origem proposta pelo IBGE.
Religiosidades Católicas
Segundo o IBGE, o catolicismo encontra em Ivoti representantes em três Igrejas distintas (tabela 01). Altamente majoritária no município, a Igreja Católica Apostólica Romana atende a 71,82% da população. Perdeu, no entanto, 1,02% desta mesma população4 entre 2000 e 2010. Já as Igrejas Católica Apostólica Brasileira e Católica Ortodoxa seguiram caminhos inversos durante a década. Com apenas 0,06% de declarantes no Censo de 2000, a Católica Brasileira fica sem nenhum representante em 2010, enquanto a Católica Ortodoxa, ausente em 2000, conta com 0,34% da população do município em 2010. Somados os indicadores constatamos que o conjunto das “Igrejas Católicas” diminuiu 0,74% o número de adeptos no município na década 2000-2010.
Evangélicas de Missão
O itinerário seguido pelas Igrejas Evangélicas de Missão em Ivoti (tabela 02) segue caminho similar ao da religiosidade católica. A perda de adeptos neste grupo atinge principalmente a Igreja Evangélica Luterana. Conta, em 2010, com 14,2% da população, mas cedeu 6,14% de participantes ao longo da década. A Igreja Evangélica Metodista diminuiu outros 0,22% sobre a população do município. Todas as demais Igrejas do grupo, ao contrário da Luterana e Metodista, tiveram aumentos, ainda que diminutos, no número de adeptos. Cresceram as Igrejas Evangélica Batista (0,45%), Evangélica Congregacional (0,02%) e Evangélica Adventista (0,18%). Somados os indicadores, as Igrejas Evangélicas de Missão cederam, portanto, 5,71% sobre a população do município.
Evangélicas de origem pentecostal
Ao contrário do meio religioso católico e Evangélicas de Missão, as Igrejas Evangélicas de origem pentecostal (tabela 03) tiveram um desempenho positivo durante a década aqui em estudo. Como grupo alcançaram um ganho de 2,78% no número de adeptos. Segundo o IBGE, tiveram aumento de participantes as Igrejas Assembleia de Deus (1,72%) e Evangelho Quadrangular (0,26%). Novas no município, as Igrejas Universal do Reino de Deus (0,11%), Evangélica renovada não determinada (0,18%) e Outras Evangélicas de origem pentecostal (0,52%) aparecem, por isto, somente no Censo de 2010. A Igreja Deus é Amor foi a única deste grupo que proporcionalmente perdeu 0,01% de seus participantes entre 2000 e 2010.
Evangélicas sem vínculo institucional, Evangélica não determinada e outras Evangélicas
O grupo de aderentes religiosos sem vínculo institucional atinge boa parte da população de Ivoti (tabela 04). Com um índice similar ao do grupo Evangélicas de origem pentecostal (tabela 03), ajuda a entender os rumos do evangelismo no município. De acordo com o Censo de 2000, o item “Evangélicas sem vínculo institucional” somava 1,97% da população, e a alternativa “outras religiões evangélicas” obteve, então, mais 0,23% sobre os habitantes do município.
Em 2010 o IBGE processa uma mudança na metodologia de pesquisa do Censo quando substituiu as alternativas “Evangélicas sem vínculo institucional” e “Outras religiões evangélicas” por “Evangélica não determinada”, ocasião em que obteve 4,01% da população da cidade, um conjunto de declarantes 1,81% maior que no Censo anterior. O dado mostra, inequivocamente, uma área de penumbra entre os declarantes evangélicos. Se, por um lado, os Evangélicos de missão (15,83%) e Evangélicos de origem pentecostal (4,72%) somam 20,55% da população do município, de outros 4,02% não é possível saber sua real inserção no meio religioso.
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Testemunhas de Jeová e Espírita
Neste grupo a religião Espírita (tabela 05) chama a atenção do observador porque multiplicou por cinco o número de seus adeptos na década. Se em 2000 detinha apenas 30 adeptos (0,19%), em 2010 passa a contar com 157 (0,79%). As religiões Testemunhas de Jeová e Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias obtiveram, respectivamente, mais 0,08% e 0,36% de acréscimo no índice de participantes. Trata-se, pois, de um grupo de religiões em processo de afirmação no município.
Religiões Orientais e Tradições Esotéricas
Com bem poucos representantes em Ivoti, por contar com apenas 0,29% da população, o grupo das Religiões Orientais e Tradições Esotéricas (tabela 06), a rigor, ainda vem a ser uma novidade no município. O Hinduísmo, com 25 participantes (0,12%) e as Tradições Esotéricas, com 22 participantes (0,11%) constam, por isso, tão somente no Censo de 2010. O Budismo (0,06%), mais antigo, cedeu, por sua vez, a metade de seus participantes entre 2000 e 2010. Já os declarantes inscritos sob a denominação “Novas religiões orientais”5, com apenas 03 adeptos no Censo de 2000, não aparecem nas estatísticas do Censo de 2010.
Sem Religião, Ateu e Agnóstico
O grupo formado por declarantes sem religião, ateus e agnósticos (tabela 07) desperta, de certa maneira, grande curiosidade em estudiosos das religiões porque, em princípio, identifica declarantes “descrentes” numa sociedade composta por uma absoluta maioria de indivíduos “crentes”. No caso, o Censo de 2000 constatou que, em Ivoti, os registros “sem religião” formavam apenas 0,32% da população. Já no Censo de 2010, o IBGE entendeu que deveria pesquisar não só indivíduos sem religião, mas também quantos destes eram ateus ou agnósticos. Obteve, então, o registro de 0,75% de declarantes sem religião/sem religião, 0,05% de sem religião/ateus e 0,04% de declarantes sem religião/agnósticos6. Durante a década 2000-2010, o índice sem religião cresceu, portanto, 0,52% sobre o total da população do município.
Religião não determinada, múltiplo pertencimento, sem declaração e não sabe
Este grupo indicador do status religioso reúne, em 2010, apenas 0,3% dos habitantes do município de Ivoti (tabela 08), dos quais 0,19% se encontram na condição de “religião não determinada e múltiplo pertencimento” e outros 0,11% “não sabem” definir se pertencem ou não a um credo religioso. Em 2000 os indivíduos formados por este mesmo grupo eram em número um pouco maior. Alcançou, então, 0,41% da população. 0,18% dos declarantes se inscreveram na alternativa religião “não determinada” e outros 0,23% na alternativa “sem declaração”.
Considerações finais
Aponto, a seguir, a título de considerações finais, alguns aspectos que mais chamam a atenção do observador quanto ao desempenho das religiões em Ivoti. O primeiro destes diz respeito à evolução das religiões cristãs neste município durante a década 2000-2010. Ivoti, que conta com uma população tradicionalmente católica e evangélica luterana, apresenta, por um lado, a constatação de que os participantes destas expressões religiosas estão diminuindo, enquanto, por outro lado, verifica que o índice das religiões evangélicas de origem pentecostal está em ascensão.
Na tabela 09 podemos observar, por exemplo, que os declarantes católicos diminuíram 1,02% entre 2000 e 2010 e que os evangélicos luteranos diminuíram outros 5,71% neste mesmo período. As perdas católicas e luteranas somam, portanto, 6,73% dos habitantes do município, enquanto o percentual de ganhos do meio religioso pentecostal (Evangélicas de origem pentecostal e Evangélicas sem vínculo institucional, não determinada e outras evangélicas) e outras cristãs somam 4,87% da mesma população. Logo, a diferença equivale a uma diminuição de 1,86% de habitantes no meio religioso cristão do município de Ivoti.
Se consideramos somente o grupo das religiões evangélicas (tabela 10) observamos que, embora o evangelismo pentecostal tenha crescido 2,78% e o grupo das expressões Evangélicas sem vínculo institucional e não determinada tenha crescido outros 1,81%, o conjunto das religiões evangélicas diminuiu 1,12% sobre o total da população do município devido às perdas do meio Evangélico de Missão, que cedeu 5,71% de seus participantes a outras formas de crer.
O terceiro aspecto que merece a atenção do observador das religiões em Ivoti remete a grupos de indivíduos que, embora relativamente numerosos como, por exemplo, o dos afrodescendentes (tabela 11), nas estatísticas religiosas do IBGE se tornaram literalmente invisíveis. Em ambos os Censos (2000 e 2010) não há registros sobre religiões de matriz africana ou sobre tradições religiosas indígenas atuantes em Ivoti. Contudo, os mesmos Censos dão conta de que, em 2010, existiam no município 1.610 habitantes “pretos” e “pardos” (8,1%), dos quais 5,81% pertenciam à religião Católica Apostólica Romana, 0,6% a igrejas Evangélicas de Missão, 0,96% a igrejas Evangélicas Pentecostais, 0,4% a Evangélicas não determinadas, 0,18% à religião Espírita e 0,15% a diversas outras opções religiosas. Mas o dado que particularmente chama a atenção do observador mostra que houve, na década, um substancial aumento de afrodescendentes em Ivoti, uma variação que alcança 5,08% da população, dos quais 3,65% ingressaram no meio religioso Católico Romano. Ou seja, se, por um lado, não encontramos em Ivoti registros sobre práticas religiosas afro-brasileiras, encontramos, sim, um aumento promissor destes entre as religiões cristãs.
Assim como não há manifestações religiosas afro-brasileiras, também não há registros nos Censos que indicam a presença de tradições religiosas indígenas em Ivoti. Entretanto, os Censos de 2000 e 2010 informam, respectivamente, sobre a presença de 09 (0,06%) e 23 (0,11%) moradores “índios”, todos declarantes da Igreja Católica Apostólica Romana.
Por último, cabe destacar que a diversidade religiosa em Ivoti cresceu durante a década em estudo, ainda que de maneira contida. O crescimento se deve, entre outros, principalmente à redução numérica dos membros das Igrejas Evangélicas de Missão e da Igreja Católica Apostólica Romana, ao aumento do número de participantes nas religiões cristãs de origem pentecostal, à expansão (mesmo pequena) do número de habitantes que declaram ser sem religião, ateus e agnósticos, ao crescimento da religiosidade esotérica, do Espiritismo, do Hinduísmo, das Testemunhas de Jeová e da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Em suma, Ivoti, apesar de contar com uma população de tão somente 19.874 habitantes, tende à diversificação religiosa. Católicos, com 71,82% da população, e Luteranos, com 14,2% desta mesma população, continuam sendo religiões que apresentam a maioria absoluta dos declarantes identificados com alguma forma de crer. Contudo, se entre 2000 e 2010 os aderentes cristãos diminuíram 1,86% (cf. tabela 09), vale afirmar que o meio religioso fora do cristianismo (religiões orientais, esotéricas, espiritismo e Testemunhas de Jeová, entre outras) vem firmando passos no mundo da fé deste município.
Notas:
1 – Cf. IBGE, Censo de 2010.
2 – Desde 1966 existe, em Ivoti, uma colônia de 37 lotes habitados por imigrantes japoneses.
3 – A palavra IVOTI, em tupi-guarani significa “flor” (cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ivoti, página visitada em 2014-08-15; ver também http://www.ivoti.rs.gov.br/, história).
4 – A Igreja Católica Apostólica Romana cresceu numericamente na década 2000-2010. Passou de 11.157 habitantes para 14.273. Seu crescimento populacional, no entanto, foi inferior ao aumento da população no município.
5 – O resultado do Censo não oferece o nome individual destas religiões.
6 – De acordo com o Censo de 2010, confira alguns exemplos de registros sem religião, ateus e agnósticos em outras cidades da região do Vale do Rio dos Sinos:
A carta do mercado de trabalho produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, apresenta os dados do mês de julho de 2014 divulgados no dia 22 de agosto de 2014, do mercado de trabalho formal no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas, e tem como fonte os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os setores econômicos são aqueles definidos pelo IBGE. O conceito de admitidos engloba o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência. A noção de desligados indica o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte, ou transferência. A diferença entre os admitidos e desligados é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho. Estas definições e conceitos são definidos pelo MTE e são aplicadas as tabelas 01, 02, 03 e 04.
Verifica-se na tabela 01 que o mercado de trabalho formal brasileiro registrou, entre admissões e demissões, um saldo positivo no mês de julho de 2014, com 11.796 postos de trabalho com carteira assinada o que representa uma variação positiva de 0,03% sobre o estoque de empregos do mês anterior. No mês apenas o setor da Indústria de Transformação apresentou fechamento de postos de trabalho com 15.392 vagas. O que setor que mais abriu vagas foi o Serviços com 11.894. No ano foram criadas 632.224 postos de trabalho com carteira assinada.
Observa-se na tabela 02 que o mercado de trabalho formal gaúcho no mês de julho de 2014 registrou saldo negativo, resultado entre as admissões e demissões, de 6.390 postos de trabalho o que representa um recuo de 0,24% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor que mais fechou postos de trabalho foi a Indústria de Transformação com 2.804 vagas. Os setores Extrativa Mineral (43), e Administração Pública (129) foram os que abriram postos de trabalho. No estado do Rio Grande do Sul no ano foram criados 46.259 novas vagas com carteira assinada.
Percebe-se na tabela 03 que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de julho de 2014 apresentou um recuo de 1.906 postos de trabalho com carteira assinada, uma queda de 0,16% sobre o estoque de empregos do mês anterior. No mês os setores da Administração Pública (53) e Agropecuária (3) ampliaram a oferta de vagas. No ano foram abertas 16.498 novas vagas de trabalho com carteira assinada.
Nota-se na tabela 04 que o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo líquido negativo, entre admissões e demissões, no mês de julho de 2014, com a retração de 1.029 postos de trabalho com carteira assinada. O setor da Construção Civil foi o que mais fechou vagas com 768 postos de trabalho. No mês foram criadas apenas 5 novas vagas de trabalho. No ano o município perdeu 1.142 postos de trabalho com carteira assinada.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no dia 28 de agosto, as estimativas das populações do Brasil, Unidades da Federação e municípios para o ano de 2014. O estado do Rio Grande do Sul (RS) é o quinto mais populoso do país, concentra 5,5% da população. A capital dos gaúchos aparece em décimo dentre as cidades mais populosas do país, estima-se que em Porto Alegre há 1.472.482 residentes.
Excluindo-se as capitais, o município de Caxias do Sul aparece na 25º posição no ranking nacional. Estima-se que no município há 470.223 pessoas, representando 4% da população do RS.
A população estimada para a região do Vale do Rio dos Sinos é de 1.361.311 residentes, representando 12% da população do Estado.
Analisando a tabela 02 da taxa média geométrica de crescimento anual da população para os municípios do Vale do Rio dos Sinos, vemos com destaque as taxas dos municípios com até 50 mil habitantes. Estes municípios apresentam taxas notavelmente mais elevadas do que as apresentadas por municípios maiores, tanto na comparação entre 2010 e 2014, quanto na comparação de 2013 para 2014. O destaque fica com os municípios de Ivoti, Nova Santa Rita e Portão com as taxas mais altas da região. Esteio é o município com a menor taxa. Municípios maiores como Novo Hamburgo e Canoas apresentam taxas mais baixas, próximas à taxa da região.
Se fizermos uma análise temporal destes dados, comparando as taxas médias geométricas de crescimento anual da população, dos municípios e do Vale do Sinos como um todo, veremos uma clara tendência de diminuição dos valores. Isto pode ser observado com clareza na tabela 03.
É importante ressaltar que este comportamento não aparece quando comparamos a taxa de crescimento entre os anos de 2012 e 2013. E esta é uma realidade nacional, ou seja, este aumento súbito dos valores é notada tanto para os municípios, quanto para o Rio Grande do Sul e o Brasil. Mas todas as previsões feitas para períodos mais distantes indicam este decréscimo na taxa.
Em previsão divulgada pelo o IBGE, a taxa média geométrica de crescimento anual da população para o Rio Grande do Sul em 2030 é de -0,01. Isto indica que a partir de 2030 a população do estado deve diminuir, em vez de aumentar. Os números para o Brasil também indicam um decréscimo da taxa, sendo prevista para 2030 uma taxa de 0,38.
Metodologia
O IBGE realizou a projeção da população brasileira em 2014 baseada na estimativa da população do ano anterior, que apresentava os dados populacionais por unidade da federação, sexo e faixa etária. A estimativa da população residente nos municípios tem como data de referência o dia 1º de julho de 2014 calculando-se as projeções para cada estado, tendo por base os parâmetros demográficos do Censo de 2010 e os dados referentes a nascimentos e óbitos de cada município.
A taxa média geométrica de crescimento, calculada por Gabriel Auler, que integra a equipe do ObservaSinos – IHU, é dada pela razão das populações dos dois anos em comparação elevada à potência 1/n, sendo n o intervalo de tempo entre essas datas, medido em ano ou fração de ano. É uma medida usada para se determinar o ritmo de crescimento de determinada população ao longo do tempo e para comparações temporais ou entre diferentes populações.
O Observatório da Realidade e Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos analisou os dados do mercado formal de trabalho no mês de julho para o Vale do Rio dos Sinos e seus 14 municípios. Esta exposição foi inspirada na apresentação da carta mensal do mercado de trabalho para o mês de julho, sistematizada pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas.
A carta apresentou no âmbito nacional o crescimento de 0,03% dos postos no trabalho formal, especialmente no Setor de Serviços, que garantiu o saldo positivo no mês de julho. O país teve uma redução significativa nos demais setores, sendo que, somente na Indústria de Transformação, 15.392 postos de trabalho foram reduzidos. O estado do Rio Grande do Sul mostrou uma redução de 6.390 postos de trabalho, representando uma queda de 0,24% no número de empregos formais na comparação com junho. Esta queda foi alavancada principalmente pela Indústria de Transformação e pelo Comércio, com reduções de 2.804 e 1.577 postos, respectivamente.
A Região Metropolitana de Porto Alegre, por sua vez, teve uma redução de 1.906 postos de trabalho no mês de julho. Redução que foi conduzida principalmente pela Indústria de Transformação, que no agregado dos últimos 12 meses já apresenta uma redução de 2,17% dos postos de trabalho.
Na sequência da reunião dos dados desta realidade, o ObservaSinos identificou que houve a redução de 1.538 postos formais de trabalho na região do Vale do Sinos, alavancada pelo setor da Construção Civil, que extinguiu 936 postos de trabalho. Outro setor com saldo negativo importante foi o da Indústria de Transformação, com uma redução de 483 postos de trabalho. O mês de julho foi negativo para praticamente todos os setores do Vale, sendo Serviços e Agropecuária os únicos com saldos positivos, com 5 e 3 postos de trabalho criados, respectivamente.
Outro destaque identificado nos dados reunidos, a partir do Cadastro geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), diz respeito à movimentação de trabalhadores na região, sendo que o número de admitidos mais o de desligados foi de 35.024 pessoas.
Os setores da Indústria de Transformação e de Serviços, com 11.111 e 10.853, respectivamente, tiveram as maiores movimentações. As movimentações destes dois setores representam mais de 60% de todas as movimentações do mês no Vale do Rio dos Sinos, que no total apresenta 35.024 movimentações no período. A reunião destas informações está apresentada na Tabela apresentada a seguir:
Na Tabela 02 pode-se analisar as flutuações dos postos de emprego formal nos 14 municípios do Vale do Rio dos Sinos. A flutuação é o número de admitidos e desligados num determinado período.
O município de Araricá apresentou um saldo positivo de 13 admissões, determinado especialmente pela Indústria de Transformação, que apresentou 68 admissões e saldo final de 21.
Em Campo Bom, o saldo foi de 67 admissões. A função “Trabalhador da Confecção de Calçados” apresentou o maior saldo (65) e possui remuneração média de R$936,17.
Canoas apontou a maior redução nas flutuações em todo o Vale do Sinos, com a extinção de 1.029 postos de trabalho formal. A ocupação com maior redução foi “Trabalhadores de Montagem de Tubulações, Estruturas Metálicas e de Compostos” com um saldo negativo, com 332 desligamentos.
O mercado de trabalho no município de Dois Irmãos se manteve estável, com saldo positivo de duas admissões. A função “Embaladores e Alimentadores de Produção” apresentou o maior saldo positivo e possui remuneração média de R$847,90.
No município de Estância Velha os dados apresentaram uma redução de 53 postos de trabalho, conduzidos principalmente pelos 88 desligamentos ocorridos com “Trabalhadores do Tratamento de Couros e Peles”, função que apresentou saldo negativo de 42.
Para Esteio, segundo maior saldo negativo da região, o mercado fechou o mês de julho com uma redução de 227 postos de trabalho. “Condutores de Veículos e Operadores de Equipamentos de Elevação e de Movimentação de Cargas” foi a função com o pior resultado no mês, com saldo negativo de 35.
O município de Ivoti apresentou um saldo positivo de 51, principalmente motivado pelo setor da Construção Civil, que teve saldo positivo de 49 postos de trabalho formal. O setor apresenta um salário médio de admissão de R$1.161,10.
Nova Hartz, segundo município menos populoso do Vale, com 19.834 habitantes, apresentou um resultado positivo, com saldo de 39 novos postos de trabalho formal no mês de julho. A função “Trabalhadores da Confecção de Calçados” foi a com maior saldo, 35 novos postos.
O resultado apresentado para o mercado formal de trabalho em Nova Santa Rita foi negativo, com redução de cinco postos de trabalho formal. Esta redução foi puxada principalmente pela Indústria de Transformação, que apresentou saldo negativo de 39 no último mês.
O município de Novo Hamburgo também apresentou resultado negativo para o mercado de trabalho formal no mês de julho, com saldo negativo de 54. Este resultado foi principalmente conduzido pela Indústria de Transformação, que apresentou redução de 84 postos de trabalho.
O mercado de trabalho formal em Portão apresentou uma queda no número de postos de trabalho, com saldo negativo de 96. A função “Embaladores e Alimentadores de Produção” foi a que apresentou o menor saldo e possui remuneração média de R$927,67.
São Leopoldo, terceiro município mais populoso do Vale do Sinos, apresentou também o terceiro pior resultado para o mercado formal de trabalho no último mês, com redução de 166 postos de trabalho. Esta queda teve grande influência da redução de 156 postos na função “Trabalhadores de Informações ao Público”.
No município de Sapiranga o mercado de trabalho formal mostrou um resultado positivo, com aumento de 30 postos. Este resultado foi justificado principalmente pela Indústria de Transformação, que apresentou um saldo positivo de 65. A função “Trabalhadores da Confecção de Calçados”, que possui remuneração média de 922,14 no município, apresentou um saldo positivo de 85 postos.
Por fim, o resultado apresentado pelo município de Sapucaia do Sul foi uma redução de 110 postos de trabalho formal no mês de julho. O resultado negativo teve como principal influência o setor da Construção Civil, que apresentou saldo negativo de 102.
O ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, faz uso dos registros administrativos do CAGED, disponibilizados pelo MTE em seu sítio, para acompanhar a movimentação dos trabalhadores na região. A partir desta base de dados é possível acompanhar somente a movimentação de trabalhadores com vínculo empregatício formal, com carteira de trabalho assinada. Ou seja, esta base de dados é uma importante fonte de informação para auxiliar os trabalhadores e os seus agentes representantes para subsidiar o debate em torno das políticas públicas relacionadas ao mundo do trabalho formal da região.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), criado em 2007, foi ideado a fim de medir a qualidade de ensino no país e estabelecer metas para a melhoria da educação. O Ideb é um indicador composto calculado a partir dos dados de aprovação escolar e as médias de desempenho nas avaliações do Inep, o Saeb para as unidades da federação e para o país e a Prova Brasil para os municípios. O Índice é divulgado a cada dois anos e tem escala do 0 a 10. Para o Ministério da Educação aqueles que atingem a nota 6 ou tem nota superior tem a qualidade de ensino dos países desenvolvidos.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) torna público em sua página na internet o Ideb 2013 da Educação Básica – Ensino fundamental: 4ª série / 5º ano e 8ª série / 9º ano. O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU reuniu, sistematizou e apresenta os dados dos catorze municípios do COREDE Vale do Sinos por dependência administrativa municipal e estadual.
Na Tabela 01 verifica-se que apenas cinco dos 14 municípios do Vale do Sinos apresentam nota acima de 6 para os anos iniciais do ensino fundamental, e nenhum apresenta nota superior para os anos finais. Nos anos iniciais o destaque é o município de Ivoti, com nota 6.8, seguido por Dois Irmãos e Sapiranga, ambos com 6.3, Campo Bom com 6.2 e Estância Velha com nota 6. Nos anos finais, por sua vez, o melhor resultado da região fica por conta de Campo Bom, com nota 5.2, seguido por Ivoti com 5, Sapiranga com 4.9 e Dois Irmãos com 4,7. Estes dados englobam resultados de toda a rede pública de ensino, municipal e estadual.
A Tabela 02 apresenta as notas da rede estadual de ensino dos 14 municípios do Vale do Sinos. Para os anos iniciais do ensino fundamental vemos quatro municípios com notas acima de 6, com destaque para o município de Dois Irmãos, com nota 6.8. Os outros municípios com as notas mais altas da região são Campo Bom, Novo Hamburgo e Sapiranga, todos com nota 6.2. Nos anos finais nenhum município apresentou resultados superiores a 6. O destaque dos anos finais também foi Dois Irmãos, com nota 4.9, seguido por Campo Bom, com 4.7 e Sapiranga, com nota 4.4. O município de Ivoti não apresenta dados, pois sua rede estadual de ensino não possui escolas de ensino fundamental, apenas ensino médio.
A rede de ensino municipal dos municípios é apresentada na Tabela 03. Aqui constatam-se seis municípios com nota 6 ou superior nos anos iniciais do ensino fundamental, e novamente nenhum nos anos finais. A maior nota nos anos iniciais fica mais uma vez por conta de Ivoti, com 6.8, seguido por Sapiranga com 6.3, Campo Bom com 6.2, Dois Irmãos com 6.1 e Estância Velha e Nova Hartz, ambas com nota 6. Para os anos finais o melhor resultado do Vale fica por conta de Campo Bom, com nota 5.4, seguido por Ivoti e Sapiranga, ambos com 5.1, Estância Velha, com 4.7 e Dois Irmãos, com nota 4.6.
No site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira é possível acessar as notas do Ideb por escola; há ainda a possibilidade de consultar a metodologia e ficha técnica na elaboração do Ideb. Nestas notas técnicas é possível constatar que o Índice, quando consultado por município, é de “escolas urbanas”. Ou seja, o Ideb municipal não agrega informação das escolas em território rural.
O Índice de Gini desenvolvido em 1912 pelo estatístico italiano Corrado Gini tem como objetivo calcular a desigualdade da distribuição de renda em uma determinada região. É geralmente calculado para países, estados e municípios. O índice leva em consideração as populações da região estudada e suas respectivas rendas per capita. Assim, calcula-se o índice com base na distribuição destas rendas dentre as populações, sendo expressa em “1” a concentração total da renda e “0” a distribuição perfeitamente igualitária.
Constata-se que o índice vem decrescendo no país nos últimos 20 anos. Os dados tanto para o Brasil, como para o Rio Grande do Sul demonstram uma queda brusca, conforme os dados do IBGE para os anos de 2000 e 2010. No país o índice recuou 10,2%, de 0,597 para 0,536, e no estado o número caiu 12,8%, de 0,561 para 0,489 no período. Para o Vale dos Sinos em 2010 o dado demonstra uma distribuição de renda substancialmente melhor do que no país e no estado, com um índice de 0,386 segundo o IBGE.
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Na Imagem 01, podemos ver os índices para os catorze municípios do Vale dos Sinos. O destaque fica por conta dos municípios de Nova Hartz, Araricá e Dois Irmãos, que são os únicos com índice abaixo de 0,4, com 0,352, 0,362 e 0,383 respectivamente. Os índices com maior desigualdade estão apresentados pelos três municípios mais populosos da região, Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo, que apresentaram índices de 0,518, 0,539 e 0,536 respectivamente.
O Observatório da Realidade e Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, no intuito de aprimorar o conhecimento das realidades do Vale dos Sinos e de contribuir na sistematização do diagnóstico socioterritorial do município de Canoas, calculou o Índice de Gini para os quadrantes do município de Canoas. Compreende-se que os indicadores podem instrumentalizar e qualificar a análise das realidades dos diferentes territórios do município pelos gestores, trabalhadores e população do município, apontando elementos para o planejamento, monitoramento, avaliação e controle social das políticas públicas. O município de Canoas é dividido em quatro quadrantes, Noroeste, Nordeste, Sudoeste e Sudeste, com a distribuição dos bairros conforme a Imagem 02.
Para melhor caracterizar as realidades dos quadrantes de Canoas, foram relacionados na Tabela 1, os Índices de Gini e os Índices de Desenvolvimento Humano – Renda. O IDHM Renda é um indicador que considera a renda média de uma região e a compara com as rendas mais altas e mais baixas do país onde esta região seencontra. O indicador varia de 0 a 1, sendo zero uma situação de pobreza extrema e 1 uma renda média comparável às regiões mais ricas do país.
Para o Índice de Gini estão apresentados melhores indicadores nos quadrantes Noroeste e Sudeste com 0,311 e 0,314 respectivamente, seguidos do quadrante Sudoeste com 0,338. O quadrante Nordeste apresenta o maior índice de desigualdade com 0,440. Em relação ao IDHM Renda, está identificado o quadrante Nordeste como destaque com índice de 0,852, seguido pelos quadrantes Sudeste com 0,844, Noroeste com 0,824 e Sudoeste com 0,807.
Este quadro não demonstra relação direta entre nível de renda, expresso pelo IDHM Renda, e desigualdade de distribuição, expressa pelo Índice de Gini. Porém, pode-se notar que o quadrante Nordeste, que possui o maior nível de renda também apresenta a maior desigualdade de distribuição. Estes dados indicam então uma concentração de renda muito alta neste quadrante onde vemos bairros como Marechal Rondon com renda per capita de R$2.934,70, a maior do município, e Guajuviras com renda per capita média de R$895,75.
Conhecer, analisar e debater esta realidade e as políticas públicas implementadas se constituem como objetivos do Observatório, em vista do fortalecimento da formação da cidadania no protagonismo do desenvolvimento local e regional.
Os programas Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos e Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo – GDIREC, do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, têm reunido e publicado os indicadores censitários dos anos 2000 e 2010 referente as religiões e religiosidades declaradas pela população residente no Vale dos Sinos nos respectivos anos. Esta semana, a publicação apresenta os dados referentes ao município de Dois Irmãos.
A análise destes dados foi realizada pelo professor Inácio José Spohr, coordenador do GDIREC. Spohr possui graduação em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos e mestrado em Ciências Sociais pelo Instituto Latinoamericano de Estudios Sociales, de Santiago do Chile.
Eis a análise.
O propósito deste trabalho visa analisar brevemente o desenvolvimento das religiões e religiosidades no município de Dois Irmãos-RS, considerando os dados dos censos do IBGE de 2000 e 2010.
Município integrante da região do Vale do Rio dos Sinos1, Dois Irmãos, de acordo com o Censo de 2010, conta com uma população de 27.572 habitantes2. Situado a 52 km da capital do Estado, apresenta uma economia voltada principalmente à indústria coureiro-calçadista, à produção agropecuária e serviços. Território desmembrado de São Leopoldo, Dois Irmãos foi elevado à condição de município através da Lei Estadual nº 3.823, a 10 de setembro de 1959.
A povoação do município ascende a 1824 com a chegada dos primeiros imigrantes alemães vindos da região do Hunsrik, Alemanha. Então sob o nome Picada dos Baum3, em homenagem a um grupo familiar pioneiro, os habitantes do povoado construíram sua primeira capela católica, dedicada a São Miguel, em 1832. A comunidade Evangélica (Luterana) fundou seu primeiro templo em 1850, sendo assistida inicialmente por pastores de São Leopoldo, Campo Bom e Novo Hamburgo4.
Se no passado a população de Dois Irmãos era composta tão somente por católicos e luteranos, que espaço ocupam hoje as religiões fora do eixo fundacional? Dois Irmãos conta hoje com ampla diversidade religiosa, tanto cristãs como não cristãs e indivíduos sem religião. As Igrejas Católica e Evangélicas de Missão, majoritárias e de longa tradição no município, cedem hoje participantes a outras formas de crer, sobretudo às Igrejas Evangélicas de Origem Pentecostal, como veremos a seguir.
Tendo em vista simplificar a compreensão dos dados aqui propostos, divido a multiplicidade das expressões religiosas do município em diferentes grupos, preservando, na medida do possível, suas relações de semelhança e/ou de origem em uso no IBGE.
Religiões Cristãs
Como em outras cidades do Vale do Rio dos Sinos, em Dois Irmãos o cristianismo gradativamente vem perdendo adeptos5. O movimento que diminui as forças das religiões cristãs proporciona, sem dúvida, novas oportunidades para outras formas de crer.
Segundo dados do IBGE, os Censos de 2000 e 2010 apontam que as religiões cristãs em Dois Irmãos (tabela 01) cederam 1,09% de seus adeptos se consideramos o total da população do município6. A diminuição do número de adeptos entre as igrejas cristãs se deve principalmente à Igreja Católica Apostólica Romana, que cedeu 3,96% de seus participantes, e às Igrejas Evangélicas de Missão (tabela 02), que perderam 2,28% sobre o total de habitantes do município. A Igreja Católica, no entanto, continua sendo a religião majoritária em Dois Irmãos, pois o Censo de 2010 registra como “católicos” 79,46% de sua população.
O conjunto das Igrejas Evangélicas, por sua vez – refiro-me aqui às Igrejas “Evangélicas de Missão”, às “Evangélicas de origem pentecostal” e aos “Evangélicos sem vínculo institucional ou Evangélica não determinada”, que veremos em tabelas subsequentes – obteve um crescimento global de 2,83% na década. Já o pequeno grupo intitulado “outras religiosidades cristãs”, com apenas 0,04% dos habitantes do município, comparece às estatísticas do IBGE somente no Censo de 2010.
Evangélicas de Missão
As Igrejas Evangélicas de Missão (tabela 02), assim como o catolicismo (visto acima), passa a década de 2000-2010 com perdas que alcançam 2,28% da população. A Igreja Evangélica Luterana apresenta uma diminuição de 2,32% e a Igreja Evangélica Batista apresenta outros 0,15% de adeptos a menos.
Novas no elenco religioso do município de Dois Irmãos, as Igrejas Evangélica Metodista (0,06%) e Evangélica Congregacional (0,13%) aparecem na estatística do IBGE, por isso, somente no Censo de 2010. A Igreja Evangélica Adventista, com 0,62% dos habitantes, se manteve estável durante a década.
Evangélicas de origem pentecostal
Ao contrário do catolicismo (tabela 1) e do conjunto das Igrejas Evangélicas de Missão (tabela 2), as Igrejas Evangélicas de origem pentecostal (tabela 03) se encontram, enquanto grupo, em ascenção numérica. Se em 2000 o grupo detinha 3,25% da população, em 2010 aumenta sua fatia de participantes, que passa para 6,94% dos habitantes.
Participam deste crescimento a Igreja Assembleia de Deus, que obteve mais 1,81% de participantes, a Igreja Universal do Reino de Deus, com 0,19% de novos participantes, e um conjunto de Igrejas intituladas “Outras Evangélicas de origem pentecostal”, com 2,16% da população do município.
Não obstante, nem todas as Igrejas Evangélicas de origem pentecostal tiveram desempenho positivo entre 2000 e 2010. Por exemplo, a Igreja do Evangelho Quadrangular perdeu 0,15% de seus adeptos neste período, enquanto a Igreja Congregação Cristã do Brasil, que em 2000 detinha 0,32% dos habitantes do município, chega em 2010 sem nenhum representante.
Ressalvadas as pequenas defecções do grupo, as Igrejas Evangélicas de origem pentecostal reafirmaram sua presença no cenário religioso de Dois Irmãos: terminam a década 2000-2010 com uma variação positiva de 3,69% sobre os habitantes do município.
Evangélicos sem vínculo institucional e Evangélica não determinada
De acordo com o IBGE, Dois Irmãos conta com um total de 17,09% de evangélicos (tabela 01), dos quais 0,48% (tabela 04) são identificados como praticantes evangélicos sem vínculo institucional (Censo de 2000) ou, como informa o Censo de 2010, 1,9% dos habitantes do município são membros de uma Igreja Evangélica não determinada. Efetivamente não se trata de um número expressivo de habitantes evangélicos sem vínculo institucional ou evangélica não determinada, mas está em ascenção. Se em 2000 os evangélicos “sem igreja” somavam 109 habitantes, em 2010 estes somam 523. Sua variação (positiva) alcança 1,42% da população do município em uma década.
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Testemunhas de Jeová, Espiritualista e Espírita
O grupo religioso formado pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Testemunhas de Jeová, Espiritualista e Espiritismo (tabela 05), embora pouco numeroso (reúne 2,12% da população), apresenta boa capacidade de crescimento. Na década passada, os espíritas triplicaram seus participantes e as Testemunhas de Jeová multiplicaram por cinco o número de seus adeptos. Além disso, a religião “Espiritualista”, ausente em 2000, registra 12 participantes (0,04%) no Censo de 2010.
Em dissonância com as demais religiões do grupo, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, com 11 representantes em 2000, fica sem nenhum representante em 2010.
Sem Religião, Ateus e Agnósticos
Os declarantes da opção “Sem Religião, Ateu e Agnóstico” dos Censos de 2000 e 20107 exibidos na tabela 06, embora poucos, levam a uma surpresa tanto para a cidade de Dois Irmãos como para a Região do Vale do Rio dos Sinos. Pois, ao contrário da maioria dos municípios do Vale, onde o número de adeptos “sem religião” registra crescimento8, em Dois Irmãos estes vêm perdendo espaço. Se em 2000 somavam 1,47% dos habitantes, em 2010 alcançam somente 1,16% desta mesma população. Tiveram, portanto, uma perda equivalente a 0,31%, como indica a tabela.
Cabe observar ainda que no Censo de 2010 são poucos os habitantes no município de Dois Irmãos que registram as alternativas ateu (0,12%) e agnóstico (0,06%). Sobre um total de 320 declarantes, 269 (que corresponde a 0,98% da população) preferem o termo “sem religião”, uma opção, sem dúvida, bem mais branda que a de ateu ou agnóstico, como convém a uma sociedade com alto índice de prática religiosa.
Múltiplo pertencimento religioso, não determinada ou mal definida e sem declaração
A tabela 07 fornece tão somente algumas informações complementares às que já analisamos acima. Mas, nem por isso, perde importância, pois tenta jogar luz sobre uma questão (assim o presumo) mal identificada pelo Censo. Quantos são mesmo os declarantes que confessam participar de dois ou mais credos religiosos de forma simultânea? O pequeno grupo de habitantes de Dois Irmãos identificado com a opção “múltiplo pertencimento religioso, não determinada ou mal definida”, Censo de 2010, não especifica, de forma inequívoca, quantos testes, digamos, transitam por duas ou mais religiões simultaneamente. Não obstante, temos aqui um índice de 0,11% de habitantes que podem estar aderindo a dois ou mais credos ao mesmo tempo, ou que tenham definido de forma incorreta sua pertença religiosa.
No Censo de 2000 contamos somente com a opção “sem declaração”, que apenas dá a entender que naquele ano havia, em Dois Irmãos, um pequeno grupo de indivíduos (0,13%) que não definiu sua pertença (ou não) a uma das religiões presentes no município.
Considerações finais
A título de considerações finais abordo aqui alguns aspectos que chamam a atenção do observador quanto ao desempenho das religiões e religiosidades no município de Dois Irmãos na década 2000-2010.
O primeiro destes diz respeito à evolução das expressões religiosas denominadas Evangélicas. Como podemos observar na tabela 08, entre estas há quem perde e quem ganha adeptos. No caso, as Evangélicas de Missão perderam 2,28% de participantes, enquanto as Evangélicas de Origem Pentecostal, em movimento contrário, mostraram um crescimento que alcança 3,69% da população do município. Se somamos o índice de crescimento dos aderentes Evangélicos sem vínculo institucional (1,42%) ao dos Evangélicos de origem Pentecostal (3,69%), encontramos, então, que estes obtiveram um crescimento real de 5,11% sobre a população do município na década 2000-2010.
Outra observação aborda informações sobre a presença da comunidade afro-brasileira e indígena no município de Dois Irmãos. O censo de 2010 anota que há, neste município, um contingente humano que reúne 311 “pretos” e 1.380 “pardos” que, juntos, somam 1.691 habitantes (6,14%). E, fato notável, nenhum destes 1.691 habitantes afrodescendentes, nem mesmo alguém da etnia “branca”, declara pertença a uma expressão religiosa de matriz africana em Dois Irmãos9. De acordo com o IBGE (tabela 09), os afrodescendentes deste município declararam pertença à Igreja Católica Apostólica Romana (4,67%), Evangélicas de Missão (0,18%), Evangélicas de origem Pentecostal (0,63%), não determinada e outras Evangélicas (0,3%), Testemunhas de Jeová (0,27%) e sem religião (0,09%).
Quanto aos descendentes indígenas, o censo de 2010 informa que em Dois Irmãos há 24 habitantes índios (0,09%) e que todos eles declararam pertença à religião Espírita.
Por último cabe ressaltar ainda que em Dois Irmãos não encontramos declarantes pertencentes a religiões do Oriente Próximo (Judaísmo e Islamismo) e da Ásia (Hinduísmo e Budismo, entre outros). Não obstante, o censo de 2000 registrou que naquela data havia, em Dois Irmãos, 30 habitantes (0,14%) identificados com a prática religiosa budista. Já em 2010, nenhum destes aparece na estatística do IBGE.
Enfim, o desenvolvimento das religiões em Dois Irmãos destaca a marca da emergência das Igrejas Evangélicas de origem Pentecostal e a redução das forças católicas e luteranas. E, com estas, a diminuição dos declarantes cristãos (cf. tabela 01). Além da notória falta de aderentes na área da Umbanda e Candomblé (religiões de matriz africana), Dois Irmãos mostra ser única na diminuição de declarantes sem religião, ateus e agnósticos.
Notas:
1 - A região do Vale do Rio dos Sinos congrega os seguintes municípios: Araricá, Campo Bom, Canoas, Dois Irmãos, Estância Velha, Esteio, Ivoti, Nova Hartz, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Portão, São Leopoldo, Sapiranga e Sapucaia do Sul. Cf. Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio dos Sinos – CONSINOS. http://www.consinos.org.br/
2 - A população estimada de Dois Irmãos alcança atualmente 29.862 habitantes (cf. IBGE, http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=430640&search=rio-grande-do-sul|dois-irmaos|infograficos:-informacoes-completas
3 - Em alemão, “Baumshneiss”.
4 -Cf. http://www.ieclbhistoria.org.br/home/index.php?option=com_content&task=view&id=779&Itemid=40
5 - Na década 2000-2010 o cristianismo perdeu participantes, entre outros, nos seguintes municípios: Novo Hamburgo, 2,22%, São Leopoldo, 4,38%, Ivoti, 1,86%, Portão, 3,9%, Estância Velha, 3,18% e Campo Bom, 2,15%.
6 - Todos os cálculos percentuais aqui apresentados tomam como referência o total da população do município.
7 - No Censo de 2000 o IBGE pesquisou tão somente a alternativa “sem religião”, enquanto em 2010 a subdividiu em “sem religião-sem religião”, “sem religião-ateu” e “sem religião-agnóstico”.
8 - Transcrevo aqui o acréscimo (dados de variação positiva) de declarantes “sem religião” em alguns municípios da região do Vale do Rio dos Sinos: São Leopoldo, 2,03%, Novo Hamburgo, 0,7%, Portão, 2,17%, Sapucaia, 0,88%, Estância Velha, 1,08%, Sapiranga, 0,98% e Ivoti, 0,52%.
9 - A ausência de praticantes na área das religiões de matriz africana não leva necessariamente a questões de natureza racista, visto que o município de Dois Irmãos elegeu em 2012 sua prefeita negra Tânia Terezinha da Silva (PMDB). Cf, http://www.ihu.unisinos.br/noticias/515302-cidade-gaucha-de-colonizacao-alema-elege-a-unica-prefeita-negra-do-estado e http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=472500.
O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, publica a “Carta do Mercado de Trabalho” elaborada pelo Prof. Dr. Moisés Waismann, tendo como referência os dados do mês de agosto deste ano.
Eis a carta.
A carta do mercado de trabalho produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, apresenta os dados do mês de agosto de 2014 divulgados no dia 17 de setembro de 2014, do mercado de trabalho formal no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas, e tem como fonte os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os setores econômicos são aqueles definidos pelo IBGE. O conceito de admitidos engloba o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego, início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência. A noção de desligados indica o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte, ou transferência. A diferença entre os admitidos e desligados é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho. Estas definições e conceitos são definidos pelo MTE e são aplicadas as tabelas 01, 02, 03 e 04.
Verifica-se na tabela 01 que o mercado de trabalho formal brasileiro registrou, entre admissões e demissões, um saldo positivo no mês de agosto de 2014, com 101.425 postos de trabalho com carteira assinada, o que representa uma variação positiva de 0,25% sobre o estoque de empregos do mês anterior. No mês fecharam postos de trabalho o setor da Indústria de Transformação (4.111) e o setor Agropecuário (9.623). O setor que mais abriu vagas foi o de Serviços, com 71.292 postos de trabalho. No ano foram criadas 751.456 postos de trabalho com carteira assinada.
Observa-se na tabela 02 que o mercado de trabalho formal gaúcho no mês de agosto de 2014 registrou saldo negativo, resultado entre as admissões e demissões, de 1.370 postos de trabalho, o que representa um recuo de 0,05% sobre o estoque de empregos do mês anterior. O setor que mais fechou postos de trabalho foi a Indústria de Transformação, com 6.099 vagas, já o setor que mais abriu postos de trabalho foi o de Serviços, com 4.832 vagas. No estado do Rio Grande do Sul foram criadas 45.601 novas vagas com carteira assinada no ano de 2014.
Percebe-se na tabela 03 que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de agosto de 2014 apresentou um recuo de 497 postos de trabalho com carteira assinada, uma queda de 0,04% sobre o estoque de empregos do mês anterior. No mês o setor de Serviços foi o que mais ampliou postos de trabalho com 2.785 vagas com carteira assinada. No ano foram abertas 16.488 novas vagas de trabalho com carteira assinada.
Nota-se na tabela 04 que o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo líquido negativo, entre admissões e demissões, no mês de agosto de 2014, com a retração de 163 postos de trabalho com carteira assinada. O setor da Construção Civil foi o que mais fechou vagas, com 271 postos de trabalho. No ano o município perdeu 1.280 postos de trabalho com carteira assinada.
O mercado formal de trabalho no Brasil no mês de agosto deste ano registra saldo positivo, com 11.796 postos de trabalho. Ou seja, no mês se admitiu mais pessoas no mercado formal de trabalho do que se desligou. Mesmo havendo a geração de emprego no país, as Indústrias de transformação fecham o período com saldo negativo, com o fechamento de 15.392 postos de trabalho.
O número de postos de trabalho nas Indústrias de transformação também foi negativo no estado do Rio Grande do Sul no período, com 2.804 postos de trabalho a menos. O estado gaúcho tem saldo negativo de 6.390 vínculos empregatícios no mês.
Verifica-se, na tabela 01, que a região do COREDE Vale do Rio dos Sinos apresenta no mesmo período saldo negativo no número de vínculos empregatícios formais, com 1.163 postos de trabalho fechados, sendo que a maior parte ocorreu nas Indústrias de transformação. No acumulado do ano, número de trabalhadores admitidos e desligados de janeiro a agosto deste ano, o saldo é positivo, com a geração de 2.349 novos vínculos de trabalho. No entanto, quando observada a movimentação no mercado formal de trabalho pela classificação “IBGE Setor”, é possível constatar que o setor da Construção civil tem saldo negativo de 2.335 vínculos. O setor, em agosto de 2013, registrava saldo positivo; este ano o saldo é negativo.
Dentre os catorze municípios do Vale do Sinos, dez encerram o mês de agosto com saldo negativo. Os municípios de Canoas e Esteio registram saldo negativo no mês e no acumulado do ano. A região registra para o mês de agosto uma redução de 1.163 postos de trabalho.
Os municípios de Araricá, Dois Irmãos, São Leopoldo e Sapucaia do Sul registram saldo positivo no número de vínculos formais de trabalho no mês, totalizando 201 novos vínculos. A apresentação destas informações está na tabela 02.
Os dados apresentados nesta nota são oriundos dos registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que apresenta o número absoluto de trabalhadores admitidos no mercado formal de trabalho, com registro de carteira assinada, e o número de trabalhadores desligados. A diferença entre estes evidencia a criação de postos de trabalho quando o saldo for positivo ou a extinção quando for negativo.
Os acadêmicos em Economia Artur Roth, Lilian Kerber, Marcos Couto, Rafael Pinto e Sylvio Kappes, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, produziram um artigo apresentando dados da realidade socioambiental dos municípios do Vale do Rio dos Sinos relacionados ao sétimo Objetivo do Desenvolvimento do Milênio: Garantir a sustentabilidade ambiental.
O texto é resultado da aproximação do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, com o curso de Graduação em Economia da Unisinos na atividade acadêmica “Economia gaúcha e integração”, ministrada pela professora Vanessa Batisti.
Eis o artigo.
Em 2000, a ONU estabeleceu os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM), que são metas a serem atingidas até 2015 por diversos países, visando o desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente sustentável. O Sétimo objetivo é o da garantia de sustentabilidade ambiental. O objetivo do presente trabalho é apresentar dados de diferentes bases que instrumentalizam a análise sobre a realidade socioambiental dos municípios do Corede Vale do Sinos relacionados ao Sétimo ODM.
A Tabela 1 apresenta dados do entorno dos domicílios, como a presença de arborização, esgoto a céu aberto e lixo acumulado nas ruas. Nas linhas, estão representados os municípios do Corede Vale do Sinos, com as porcentagens de domicílios e população expostas às condições do entorno citadas.
Quanto à arborização, percebe-se que tanto o Rio Grande do Sul quanto os municípios do Corede estão em melhor situação que o país como um todo, que apresenta um percentual de 67% dos domicílios e 66% dos moradores com arborização no entorno de suas casas. O único município abaixo desses valores é Araricá.
Passemos à análise da presença de esgoto a céu aberto. O dado nacional revela uma situação preocupante: quase 11% dos domicílios e 12% dos moradores brasileiros sofrem com esgoto a céu aberto na proximidade de suas residências. O Rio Grande do Sul tem um resultado um pouco melhor, mas que ainda assim é preocupante: quase 8% dos domicílios do estado encontram-se nessas condições, o que representa um total de 238 mil moradias e 770 mil pessoas. Os municípios do Corede, em geral, estão em melhor situação, exceto Nova Santa Rita, que se aproxima dos valores nacionais, e Nova Hartz, que atinge 16%.
Analisemos agora a presença de lixo acumulado nos logradouros. Os valores nacionais giram em torno de 5%. No Rio Grande do Sul, os números estão levemente abaixo. No Corede Vale do Sinos, o cenário é diverso. Alguns municípios estão abaixo da porcentagem estadual, que são: Araricá, Campo Bom, Dois Irmãos, Ivoti, Nova Hartz e Sapiranga. Novo Hamburgo tem porcentagens praticamente iguais às do estado. Os demais municípios estão em pior situação que a do Rio Grande do Sul como um todo.
Outro dado importante é o da coleta de resíduos sólidos. A Tabela 2 faz essa análise para os municípios do Corede. É preciso chamar a atenção à falta de dados disponíveis para alguns anos, ou, como no caso de Esteio, para todo o município. Percebe-se que, em toda a região, a maior parte da população é atendida pelos serviços de coleta, à exceção de Nova Santa Rita. Quanto à coleta seletiva do lixo, 9 dos 14 municípios a possuem, 4 não têm e não há dados para Esteio.
A tabela 3 faz uma análise parecida com os serviços de água e esgoto. Novamente, há o problema com a falta de disponibilidade de dados. Pela análise da tabela, percebe-se que boa parte da população é atendida com serviços de abastecimento de água, o mesmo não ocorrendo com os serviços de esgoto.
Outro conjunto de dados disponível nas bases do IBGE são os Índices de Qualidade da água. Infelizmente, os mesmos não são abertos por municípios ou COREDES, mas, sim, por bacias hidrográficas. Abaixo, serão analisados os dados da bacia do Rio dos Sinos.
O Rio dos Sinos tem aproximadamente 190 km de percurso entre a sua nascente, no município de Caraá, e sua foz, no município de Canoas. Percorre todos os municípios que compõem o COREDE do Vale do Sinos, sendo o principal recurso hídrico desta região. Historicamente, apresenta um conjunto de problemas de cunho ambiental: a baixa vazão nos períodos de estiagem, causada não só pela falta de chuva, mas também pela retirada de água para a irrigação das lavouras de arroz (entre os meses de outubro e dezembro), além das altas temperaturas. A queda da vazão do rio provoca a queda na concentração de oxigênio presente na água, tornando-a incapaz de dissolver a carga orgânica poluidora lançada, seja ela cloacal ou industrial.
A qualidade da água é quantificada pelo nível de “Demanda Biológica por Oxigênio (DBO)”, que indica a quantidade de oxigênio necessária para estabilizar a matéria orgânica, lançada no rio. Assim, quanto menor o nível de DBO, mais saudável o corpo do rio. A concentração de oxigênio na água é fundamental para a manutenção da potabilidade e para a vida aquática. A Resolução nº 357/2005 do CONAMA estabelece que concentrações inferiores a 5,0 mg/L comprometem a manutenção do rio para garantir sua potabilidade e vida aquática.
O Gráfico 1 mostra a concentração de DBO do Rio dos Sinos entre os anos de 1992 e 2010, com atenção especial para o ano de 2006, evento de maior impacto ambiental sofrido pelo Rio dos Sinos, devido ao despejo irregular de esgoto cloacal e resíduos industriais. Nos demais anos, o corpo d’água apresenta níveis dentro do padrão de qualidade aceitável.
O Gráfico 2 confirma as informações apresentadas no Gráfico 1em relação à qualidade da água do Rio dos Sinos. Porém, diferentemente do nível de DBO encontrado para o ano de 2006, o Gráfico 2 não apresenta diferenças significativas para a qualidade das águas do Rio dos Sinos no ano de 2006. Vale ressaltar que as médias buscam informações ao longo dos 190 km de extensão do rio, mas o impacto ambiental daquele ano foi causado entre os municípios de Estância Velha, São Leopoldo e arredores.
Por fim, resta analisar a frota de veículos do Vale dos Sinos. Pode-se identificar, nas tabelas 4 e 5, que, no período de 2005 a 2012, houve um crescimento de 75%. Deste total, o aumento mais expressivo foi o de motocicletas, que cresceu 70% no período, seguido por automóveis com 46%, caminhões com 33% e ônibus com apenas 9%. Comparado aos totais do estado, nota-se que o crescimento regional foi maior que o estadual, onde o Rio Grande do Sul cresceu apenas 59%.
Analisando os mesmos dados do parágrafo anterior para o Rio Grande do Sul, percebe-se que os resultados são bastante parecidos com os do Corede, exceto no crescimento das frotas de ônibus, que alcançou 31%. Partindo do pressuposto que o transporte público emite menos gases de efeito estufa por pessoa transportada, pode-se dizer que o Corede teve um desempenho insatisfatório em atingir as metas de redução de gases.
Avaliando o crescimento no Vale do Sinos por cidade (Tabela 6), pode-se notar grande diferença nos índices de crescimento para ônibus: Araricá apresentou crescimento de 333%, enquanto Campo Bom, Estância Velha, Novo Hamburgo e Sapucaia do Sul tiveram diminuição nas suas frotas e os demais ficaram com um crescimento mais estável, entre 9% e 53%. Já para caminhões, o destaque fica para Araricá com aumento de 110% e Nova Santa Rita com 106%. Como destaque do total da frota, ficaram novamente Araricá, Nova Santa Rita e Nova Hartz com crescimento superior a 100%. Assim, a frota de veículos total do Vale do Sinos passou de uma representação de 11% para 12% do total do Rio Grande do Sul. Já o estado, que representava apenas 8% do total da frota do Brasil em 2005, passou a representar 12% em 2012.
Em resumo, a situação do Corede não é das melhores. É necessária uma política pública de saneamento básico, capaz de reduzir os problemas apresentados na tabela 1 (esgoto a céu aberto) e na tabela 3 (porcentagem da população coberta por tratamento de esgoto). A resolução do problema dos esgotos, além de ser importante para a saúde humana, muito provavelmente refletirá um melhor desempenho no DBO e no IQA da bacia do Rio dos Sinos. Além disso, uma política de transportes públicos reduzirá o tempo gasto no trânsito pelos habitantes e reduzirá a poluição atmosférica.