18 Março 2025
O Papa Francisco reaparece. Por foto. Após trinta dias de hospitalização no Hospital Gemelli.
A reportagem é de Domenico Agasso, publicado por La Stampa, 17-03-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
A primeira foto da policlínica, depois de um mês sem aparecer - interrompido apenas por aqueles 27 segundos de voz fraca no áudio de 6 de março - foi divulgada pela Sala de Imprensa da Santa Sé. Ela mostra o Pontífice de lado, na cadeira de rodas, na capela do hospital, ao lado do “quarto dos papas” no décimo andar. O bispo de Roma não está usando o solidéu, mas as vestes de missa, a estola de virola que é usada na Quaresma. O olhar de Jorge Mario Bergoglio está voltado para baixo, absorto em oração. Não dá para ver o aparelho para a suplementação de oxigênio, do qual ainda precisa. Sua mão parece um pouco inchada. À sua frente está o altar. O crucifixo. Na parede, as cenas da Via Sacra. O Vaticano informa que o Papa concelebrou: um importante passo à frente, depois de semanas em que apenas se relatava sua participação nas liturgias.
“Estou enfrentando um momento de provação, e uno-me a muitos irmãos e irmãs doentes: frágeis, neste momento, como eu. Nosso físico é fraco, mas, mesmo assim, nada pode nos impedir de amar, de rezar, de nos doar, de sermos uns para os outros, na fé, sinais luminosos de esperança”. Francisco diz isso no texto do Angelus, transmitido pelo quinto domingo consecutivo apenas em forma escrita. “Quanta luz brilha, neste sentido, nos hospitais e nos lugares de cura! - escreveu ele - Quanta atenção amorosa ilumina os quartos, os corredores, os ambulatórios, os lugares onde são realizados os serviços mais humildes! É por isso que eu gostaria de convidá-los, hoje, a se unirem a mim para louvar o Senhor, que nunca nos abandona e que, nos momentos de dor, coloca ao nosso lado pessoas que refletem um raio de seu amor”.
O Papa Francisco celebrando missa em hospital após um mês internado (Foto: Santa Sé)
A Santa Sé confirma que a situação do Bispo de Roma, que está hospitalizado desde 14 de fevereiro, é estável. Continua a terapia para erradicar a pneumonia bilateral, e a fisioterapia “que traz benefícios, especialmente a terapia motora”. Ele não recebeu visitas ontem, mas voltou a trabalhar um pouco. Como era previsto, não foi emitido um novo boletim médico, que deverá ser divulgado amanhã ou depois.
Cerca de trezentas crianças estavam presentes na praça do hospital romano para levar uma “carícia simbólica” ao Papa, como relata o padre Enzo Fortunato, presidente do Comitê Pontifício para o Dia Mundial das Crianças e diretor editorial da revista “Piazza San Pietro”. Os pequenos acenam com os desenhos e leem suas cartinhas. Há também coros “Papa Francisco, Papa Francisco”.
O Pontífice os saúda em sua mensagem para a Invocação Mariana: “Agradeço a todos vocês por suas orações e agradeço àqueles que me dão assistência com tanta dedicação. Sei que muitas crianças rezam por mim; algumas delas vieram hoje aqui ao Gemelli como sinal de proximidade. Obrigado, queridas crianças! O Papa ama vocês e está sempre esperando para se encontrar com vocês”.
Fortunato comentou à noite: “Gostamos de imaginar que a rosa branca em frente ao Papa foi tirada daquelas que as crianças colocaram na estátua de Nossa Senhora” na capela do hospital. Bergoglio renovou o apelo pelo fim dos conflitos em todo o planeta, exortando a “rezar pela paz, especialmente nos países feridos pela guerra: na martirizada Ucrânia, na Palestina, em Israel, no Líbano, em Mianmar, no Sudão, na República Democrática do Congo”.
Depois das crianças, dezenas de casais de dançarinos de tango se reuniram em frente à Policlínica para apresentar a dança mais amada pelo Pontífice argentino. A iniciativa foi lançada nos últimos dias pela dançarina Daiana Guspero: uma milonga ao ar livre no hospital onde está internado o Papa, um grande fã do tango e da música comovente que acompanha os passos dessa dança.
E na capital, a Acea Run Rome The Marathon também manifestou seu incentivo a Francisco, dedicando-lhe 42 segundos de silêncio, um para cada quilômetro da corrida.