13 Janeiro 2025
Grande atenção ao “discernimento vocacional”, mas também uma formação para o sacerdócio capaz de oferecer experiências pastorais aos futuros sacerdotes, com maior envolvimento da comunidade paroquial no processo formativo. Essas são algumas das novidades contidas na Ratio nationalis para os seminários italianos, publicada ontem no site da Conferência Episcopal Italiana, promulgada pelo presidente da CEI, cardeal Matteo Zuppi. “Conclui-se um longo caminho que, como Igreja italiana, realizamos nos últimos anos, ouvindo todas as partes envolvidas e refletindo muito juntos”, explica Stefano Manetti, bispo de Fiesole e presidente da Comissão Episcopal para o clero e a vida consagrada, que assina a apresentação do texto.
A entrevista é de Enrico Lenzi, publicada por Avvenire, 10-01-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Excelência, o que esse documento representa para o mundo dos seminários italianos?
Trata-se de um documento destinado a ajudar os seminários a caminharem juntos; a ser um ponto de referência para os seminários que planejam seus próprios caminhos de formação. A consulta nos permitiu compartilhar as várias experiências.
Quais são os pontos mais inovadores do texto?
De fato, o texto promulgado não é uma simples atualização da versão de 2006, mas um documento que retoma toda a matéria e procura dar respostas às exigências de formação de um sacerdote em nossos dias. Entre as novidades, vale ressaltar que é enfatizada a unidade da formação como um caminho único e ininterrupto. Outro aspecto de grande importância é do caminho “discipular”, ou seja, de sentir-se discípulo tanto no itinerário de formação no seminário quanto na formação permanente durante o ministério sacerdotal. Um aspecto, este último, que significa acompanhar os sacerdotes para que vivam seu ministério da melhor maneira possível, ajudando-os no discernimento para captar a vontade de Deus no presente.
O discernimento e a formação aparecem como linhas condutoras do documento. Fruto de uma observação da sociedade atual?
De fato, o Seminário não se coloca fora do mundo. Os garotos e jovens que procuram às nossas estruturas são filhos do mundo atual. É exatamente por esse motivo que o documento enfatiza bastante as fases “propedêutica” e “discipular”, concentrando-se na construção do eu interior dos jovens. Eles precisam se concentrar em si mesmos em um forte relacionamento educacional. Em suma, tomar consciência de seu próprio ser. E, ao final desse curso de três anos, há a possibilidade de uma experiência fora do seminário em âmbito pastoral, caritativo e missionário em realidades eclesiais.
E depois de tanto discernimento, começa o ciclo de formação para o sacerdócio?
Se o discernimento realmente revelou uma vocação, o início da terceira fase, conhecida como fase “configuradora”, representa justamente a admissão ao caminho que levará ao diaconato e ao sacerdócio. Nessa fase, os seminaristas devem ser acompanhados a um conhecimento gradual do povo de Deus: devem aprender a estar entre as pessoas, a se relacionar com elas, devem ser homens de relação e de comunhão. Essa fase também prevê o envolvimento de outros sujeitos, entre os quais os leigos. Essa é uma instância que surgiu durante a fase de escuta do Caminho Sinodal da Igreja Italiana.
As vocações adultas estão crescendo nos últimos anos. O que sugerem no documento aos seminários?
Também nesse caso, é extremamente importante o ano propedêutico com uma grande fase de discernimento, justamente para entender se estamos diante de uma vocação sincera. Também nesse caso a comunidade paroquial de referência torna-se significativa no discernimento.
Mas as comunidades paroquiais estão cientes de papel desempenhado?
Elas ainda precisam crescer nessa consciência. Mas também é importante que os seminaristas vivenciem a experiência dentro de uma paróquia, que não deve ser perfeita, mas verdadeira, justamente para que possam aprender a viver as situações que poderão encontrar.
Outro elemento sobre o qual também se dá muita ênfase é a comunidade sacerdotal. Por quê?
Porque quando você se torna padre, você entra em uma comunidade sacerdotal, ou seja, a comunidade de seus coirmãos, com quem você precisa sabe viver e trabalhar. Uma fraternidade baseada na paternidade sacramental.
O documento também aborda o tema dos abusos. O que é proposto na formação dos seminaristas?
A sugestão é adotar o subsídio preparado pela CEI justamente sobre o tema, porque é uma excelente ferramenta de formação para a prevenção.
Portanto, há muitos tópicos sobre a mesa. Mas os Seminários estão prontos para implementar essas indicações?
Esta Ratio também é fruto do Caminho Sinodal que ainda estamos percorrendo. E é fruto de uma reflexão também dentro dos Seminários que estão pensando em seu próprio futuro. Esse documento estará em fase experimental por três anos e, além disso, uma das comissões criadas pelo Papa no pós-Sínodo diz respeito justamente ao futuro dos Seminários. O discurso está aberto.
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Novas diretrizes da Conferência Episcopal Italiana para os seminários. Mais discernimento e leigos envolvidos. Entrevista com Stefano Manetti - Instituto Humanitas Unisinos - IHU