França: religiosos denunciam "a cultura eclesial, pastoral e teológica" que fomentou a cultura do abuso

Foto: qianxun lee | Flickr CC

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09 Fevereiro 2023

  • Uma semana depois das duas reportagens que, ao longo de quase 2.000 páginas, detalham a violência sexual e psicológica infligida pelos irmãos Philippe e seu discípulo, Jean Vanier, durante décadas, aos membros das associações espirituais por eles fundadas, o religioso francês, enquanto elogiava o profissionalismo dessas obras e a coragem das vítimas, lamentam "até que ponto sob a proteção de uma doutrina - e inclusive a defesa de seu rigor - tais crimes puderam ser cometidos".
  • “Como não questionar também de forma abismal a forma como o sigilo tem permitido a perpetuação do delírio gnóstico desses homens, sua impunidade, suas posses e seus abusos sexuais”, diz o texto assinado pelo presidente da CORREF, Veronique Margron.

A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 08-02-2023.

Em um comunicado intitulado "A Arca, os dominicanos e os irmãos Philippe", após as denúncias sobre Jean Vanier e o conhecido religioso dominicano, a Conferência dos Religiosos da França (CORREF) denuncia o que se esconde por trás de um sistema que favoreceu os abusos de todos os tipos por décadas: “Trata-se de toda uma cultura eclesial, teológica e pastoral que hoje deve ser questionada, já que tem sido um terreno fértil para abusos, manipulações, agressões, mentiras e até a morte”.

Uma semana depois das duas reportagens que, ao longo de quase 2.000 páginas, detalham a violência sexual e psicológica infligida pelos irmãos Philippe e seu discípulo, Jean Vanier, durante décadas, aos membros das associações espirituais por eles fundadas, como L'Eau vive e El Arca, o religioso francês, ao elogiar o profissionalismo dessas obras e a coragem das vítimas, lamenta “até que ponto sob a proteção de uma doutrina – e mesmo a defesa de seu rigor – tais atos poderiam ser cometidos como crimes”.

Jean Vanier | Foto: Religión Digital

“Como não questionar também a forma como o sigilo permitiu a perpetuação do delírio gnóstico desses homens, sua impunidade, suas posses e seus abusos sexuais”, diz o texto, assinado pela presidente do CORREF, Véronique Margron.

O "grande silêncio" das autoridades romanas

Indignado com "a imposição de um 'grande silêncio' por parte das autoridades romanas, até que o segredo se voltasse a favor dos perpetradores", o religioso francês assegura que "não se pode calar perante a cegueira, fingida ou real conforme os casos, de muitas autoridades da Igreja, assim como da Ordem de Santo Domingo”.

Jean Vanier e Thomas Phillippe | Foto: Religión Digital

"Isso é o que deve nos fazer questionar continuamente nosso julgamento e a necessidade de romper com nosso círculo interno para esperar detectar os sinais, fortes ou fracos, de deriva e reformar o que precisa ser reformado em nossa governança", indica o CORREF.

Por fim, o comunicado convida-nos a olhar “para todas as comunidades e grupos religiosos profundamente marcados pela loucura destes homens, pois muitos deles mantinham relações com as chamadas ‘novas’ comunidades da época ou lugares de tradição como os mosteiros ou conventos. Ainda hoje não terminamos de elucidar as consequências dessas ligações e seus efeitos deletérios”.

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