16 Novembro 2024
"Se for verdade que o Sínodo não é o Concílio, qual é o lugar da teologia hoje? Nós a delegamos às frias salas de aula das faculdades?", escreve Martino Rovetta, em artigo publicado por La Barca e il Mare, Chiesa e Dintorni, 09-11-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Por uma série de coincidências, nos últimos dias, tive a oportunidade de conversar com mulheres e homens que estão tentando ficar na Igreja. Nesse meio tempo, também se concluiu um mês de sínodo em Roma e uma nova encíclica foi publicada. Trata-se de uma série de coisas que inevitavelmente se conectam e se cruzam.
Com Simona Segoloni, que veio a Bergamo para uma bela lectio sobre o livro de Judite, compartilhamos repetidamente a amargura e o imobilidade sobre o tema do diaconato e do sacerdócio feminino. E me parece que a teologia, especialmente nos últimos anos, tentou mostrar a inexistência de argumentos verdadeiramente convincentes a esse respeito. Sobre o tema, recomendo o belo livro “Senza impedimenti” (Sem impedimentos) de Andrea Grillo e Serena Noceti, publicado pela Queriniana. Também fiquei impressionado com o fato de que, em um jantar com o Cardeal De Kesel, Arcebispo Emérito de Bruxelas-Malines e recém-saído do Sínodo, se falasse sobre isso e seus desdobramentos. Ele relatava, por um lado, a pluralidade de uma Igreja variegada e multiforme e, por outro, uma dificuldade metodológica para entender aonde esse sínodo levará.
As muitas discussões no sínodo sugerem que o processo sinodal é prisioneiro do próprio método. O cardeal mencionava, sem entrar em detalhes, várias plenárias, distintos grupos de trabalho e alguns documentos produzidos. Para além da organização em si das sessões (que não é secundária), De Kesel se referia a uma dificuldade: o sínodo nasce para tornar estrutural um método, o método sinodal, que, no entanto, parece ficar preso e afundar em uma improdutividade estagnada, com o risco de nunca tocar em objetos concretos de discussão. Nas entrelinhas, o que emergia em suas palavras era, por um lado, a admiração por constatar a capacidade de escuta e, por outro lado, a decepção e o descontentamento por se deparar frequentemente com um método paralisado e totalmente desincentivador do debate e da discussão. Como se o processo sinodal fosse prisioneiro do próprio método.
Não quero abrir um debate aqui sobre o método sinodal de matriz jesuíta: não tenho as competências para isso e não o conheço completamente. Mas se essa for a percepção geral, talvez se devesse experimentar alguma tentativa de integração e descontinuidade em relação ao método adotado.
Não é só isso. Conversando, aparecia outra questão: há poucas teólogas e teólogos no Sínodo. Isso dá o que pensar. Acima de tudo, isso nos leva a sessenta anos atrás e muitas lembranças podem surgir: as presenças no Concílio dos vários Rahner, De Lubac, Schillebeeckx, Chenu, Danielou, Congar e se poderia seguir citando outros grandes teólogos do século XX. Certamente a eles devemos grande parte das constituições iluminadoras e fundadoras do Concílio: da Dei Verbum à Lumen Gentium, dos debates acirrados às revoluções eclesiológicas. E hoje? Se for verdade que o Sínodo não é o Concílio, qual é o lugar da teologia hoje? Nós a delegamos às frias salas de aula das faculdades?
No Concílio Vaticano II, os teólogos eram os protagonistas. Agora eles quase desapareceram. A teologia, sem qualquer presunção de superioridade cultural, basicamente tenta dar voz às demandas do povo. Tenta fazer com que o clamor, o protesto, a indignação se transformem em propostas factíveis, teorizáveis e dialogantes (mesmo que de forma contundente, sem se nem mas) com a instituição, sem medo de favorecer tentativas relevantes e corajosas, na maioria das vezes beirando o “canônico”. A teologia vive de controvérsias que não devem ser entendidas apenas como debates entre especialistas, mas como verdadeiros refinarias das práxis. A teologia traz vivacidade, confronto e, no final, sínteses mais ou menos equilibradas. E hoje? Como se pode fazer um sínodo sem teologia? Como se pode elaborar um método sem incluir uma disciplina como a teológica, que tenta fazer sínteses?
O risco é que a instituição Igreja se limite a aceitar algumas reivindicações quando forem tão óbvias que nem mesmo seria mais necessário reconhecê-las.
O que é preciso é uma militância pensada, radical, não ideológica e de ampla visão: bem-vinda teologia!
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A teologia (sempre) é necessária. Artigo de Martino Rovetta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU