30 Julho 2024
"Tornaram-se Igreja placentária que impede o parto e a missão no mundo. Não se faz a Igreja em saída, mas se reforça uma Igreja murada, cercada, com arame farpado e surda aos clamores do Espírito de Jesus. Acaba em muitos lugares criando uma trombose placentária que faz que a juventude não mais esteja presente e nos lugares onde está é adestrada e domesticada por grupos integristas", escreve Fernando Altemeyer Junior, teólogo e professor da PUC-SP, em texto publicado em sua página no Facebook, 29-07-2024.
Segundo ele, "padres placentários acabam se tornando padres suicidas em Igreja mumificada. Chegou a hora do parto de um novo jeito de ser Igreja, original e autêntica. Do jeito de Jesus e animada por seu Espírito".
Um dos sintomas patológicos na Igreja do Brasil é a existência de padres, pastores, leigos e bispos placentários. Assistimos Igrejas presas aos templos e atos religiosos mágicos e mercantilizados. Religião virou mercadoria. Dinheiro virou deus.
Essa gente que não quer sair do útero e não permite que as leigas e leigos atuem no mundo e forme novas comunidades. Tudo gira em torno do umbigo clerical para dentro das paredes templárias. Como dentro do templo estes clérigos são tal qual senhores feudais e seguem o modelo da cristandade medieval, não podem suportar leigos e leigas com cidadania batismal e consciência teológica. Quando alguns jovens, leigas e leigos agem com audácia e ética, e vivem com autonomia e adultez sua fé no seguimento do Espírito de Jesus muitos são imediatamente desligados pela burocracia. Alguns de forma autoritária e outros por cansaço diante da ladainha sem fim de palavras vazias de Evangelho.
Foto: reprodução
São convidados a sair do grupo fechado como se fossem órfãos e filhos renegados. Assim temos nas dioceses dezenas de líderes cristãos desigrejados, pois as homílias e as práticas religiosas destes clérigos são incompreensíveis, inadequadas com os tempos atuais e suas opções hierárquicas marcadas pelo dinheiro e poder estão cada dia mais centralizadas, burocratizadas e fechadas a pequenos grupos fundamentalistas. Todos falam e cantam palavras como sinodalidade, conversão, modelos evangelizadores e até aplaudem o papa Francisco, mas são palavras ocas pois a opção é por outro modo de ser Igreja.
Tornaram-se Igreja placentária que impede o parto e a missão no mundo. Não se faz a Igreja em saída, mas se reforça uma Igreja murada, cercada, com arame farpado e surda aos clamores do Espírito de Jesus. Acaba em muitos lugares criando uma trombose placentária que faz que a juventude não mais esteja presente e nos lugares onde está é adestrada e domesticada por grupos integristas. Sabemos bem que depois do tempo uterino deve acontecer o tempo da história. Ficar dentro do ventre tempo demais, termina por sufocar e matar a criança! Placenta é um órgão fetal, que se desenvolve apenas durante a gestação e deve ser expelido juntamente com o bebê ao nascer.
Chegou a hora de expelir a criança e a placenta. Como diz Jesus: Lázaro, vem para fora! Padres placentários acabam se tornando padres suicidas em Igreja mumificada. Chegou a hora do parto de um novo jeito de ser Igreja, original e autêntica. Do jeito de Jesus e animada por seu Espírito.
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Igreja placentária versus Igreja em saída. Artigo de Fernando Altemeyer Junior - Instituto Humanitas Unisinos - IHU