10 Outubro 2023
A primeira coletiva de imprensa com a presença dos membros da primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que acontece na Sala Paulo VI de 4 a 29 de outubro, foi realizada neste sábado na Sala de Imprensa da Santa Sé.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Aos tradicionais relatórios de Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé e presidente da Comissão de Comunicação do Sínodo, assistido diariamente por Sheila Leocádia Pires, secretária da mesma comissão, juntou-se a irmã Leticia Salazar, da Companhia de Maria e chanceler da Diocese de San Bernardino, nos Estados Unidos, e o Cardeal Fridolin Ambongo Besungo, arcebispo de Kinshasa, na República Democrática do Congo, que está participando como presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM).
A primeira semana da Assembleia Sinodal está terminando, onde foi concluída a seção A do Instrumento de Trabalho, que Ruffini considera rica em eventos, tendo abordado as características de uma Igreja sinodal e experimentado a grandeza da Igreja e sua unidade. O prefeito do Dicastério transmitiu a gratidão do Papa pelo trabalho dos jornalistas.
Cardeal Fridolin Ambongo Besungo (Foto: Luis Miguel Modino)
Os temas lembrados nestes primeiros dias foram, entre outros, a formação em todos os níveis dos batizados, especialmente nos seminários, a experiência de comunhão por parte da hierarquia e como encontrar novas formas de participação na comunhão, afirmando que a sinodalidade é uma atitude espiritual que requer estruturas e passando do conceito de poder para o conceito de serviço, sendo uma Igreja acolhedora, que supera o clericalismo e valoriza o papel dos leigos, que está com os pobres, especialmente com os migrantes.
Na sexta-feira de tarde, os participantes do evento receberam o livro do Papa Francisco intitulado Santos, não mundanos. Na quinta-feira à tarde eles irão fazer uma peregrinação às Catacumbas de Santa Domitila, um lugar de importância na vida da Igreja se nos referirmos às primeiras comunidades cristãs, ou mais recentemente ao Concílio Vaticano II ou ao Sínodo para a Amazônia, e aos pactos ali assinados. Os membros da assembleia são convidados a rezar e têm desfrutado da presença de Francisco em todas as congregações gerais, que está sempre entre os primeiros a chegar e conversa abertamente com os presentes no salão sinodal.
Cardeal Ambongo e Irmã Letícia (Foto: Luis Miguel Modino)
A Irmã Leticia Salazar disse que participou de vários capítulos gerais da Companhia de Maria, mas enfatizou que essa experiência é diferente, é uma experiência com toda a Igreja, "ela nos permite estar abertos e aprender com todos". Nascida no México, ela emigrou com sua família para os Estados Unidos aos 17 anos, enfatizando que foi a Igreja Católica que a acolheu.
Este é o quarto sínodo do qual o Cardeal Ambongo participa. Ele destacou que cada um chegou à Assembleia Sinodal com suas próprias esperanças, "mas pouco a pouco entramos no processo e percebo que este Sínodo não é como os outros dos quais participei". Reconhecendo que ninguém sabe como ele terminará. Ele enfatizou a importância de que "somos irmãos e irmãs ouvindo a vontade de Deus para sua Igreja", que ninguém veio com uma agenda para impor. Um Sínodo que está sendo vivido com alegria e confiança, em um clima positivo, e onde o que sair será acolhido como a vontade de Deus, dizendo estar convencido de que dará muitos frutos para a Igreja.
Foto: Luis Miguel Modino
Um Sínodo que só terá resultados no fim da segunda sessão da Assembleia Sinodal, em outubro de 2024, por isso os temas, algo que ele disse em relação aos ministérios ordenados, são tratados, mas não para decidir algo e sim para ver o que o Espírito nos diz em relação a esse tema, ressaltando a necessidade de ouvir para descobrir a vontade do Senhor. Para isso, é importante o método escolhido, o discernimento comunitário, porque "ninguém pode dizer que eu sei qual é a vontade de Deus", enfatizou o cardeal. Um método no qual "buscamos juntos a melhor solução para o problema neste momento", o que garantirá que "o resultado seja o mais próximo possível do que podemos considerar ser a vontade de Deus".
Um trabalho feito em conjunto, porque "a autoridade vem do Batismo, é por meio do Batismo que estamos aqui". Nos círculos menores, é necessária a maioria para aprovar os relatórios, que são apresentados à congregação geral, onde todos podem reagir, e depois as comunidades de discernimento discutem novamente o que foi ouvido na congregação geral, elaborando um relatório final a ser apresentado à secretaria do Sínodo.
Foto: Luis Miguel Modino
A Irmã Leticia Salazar compartilhou o trabalho que a Diocese de San Bernardino realiza com os migrantes latino-americanos, onde há 30 anos refletem sobre como ser uma Igreja acolhedora, com traços sinodais, que busca a integração das pessoas, afirmando que o tema da migração faz parte do discernimento sinodal e é necessário continuar a aprofundar o que significa ser irmãos e irmãs.
Como o cardeal africano, a religiosa insistiu que "foi o Batismo que nos trouxe até aqui", enfatizando a importância da oração, que "nos permite ver coisas que nunca vimos antes, nos permite abrir-nos a novas possibilidades". Isso exige muita atenção à Palavra de Deus, às vozes que escutamos, não se trata apenas de nossa experiência pessoal e isso se expressa livremente nos círculos, enfatizou, porque é aqui que "o que Deus está nos dizendo é revelado, isso é discernimento comunitário, é uma comunidade que atinge a meta". Nesse sentido, destacou que "muitas vezes as pessoas não entendem o que é sinodalidade, que não é um conceito, é a experiência de se sentir incluído, escutado".
Para Ambongo, "a formação no espírito da Igreja sinodal é fundamental, todos nós temos que nos deixar formar no espírito da sinodalidade". A partir daí, ele disse que "não é o Sínodo que resolve problemas particulares, mas o Sínodo que define a nova maneira de enfrentar os problemas no espírito da sinodalidade".
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Cardeal Ambongo: Na Assembleia Sinodal “a autoridade vem do Batismo, é por causa do Batismo que estamos aqui” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU