01 Setembro 2023
A primeira sessão da Assembleia Sinodal 2021-2024, que ocorrer em outubro próximo, é definida pelo padre Giacomo Costa, secretário especial da Assembleia Sinodal, como um tempo de mudanças na continuidade. De fato, estamos perante um Instrumento de Trabalho diferente, que ele define como uma ajuda prática para trabalhar em conjunto com base em tudo o que foi feito nas assembleias continentais.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
O Sínodo dos Bispos tem evoluído nos últimos anos e a Episcopalis conmunio, que pela primeira vez será aplicada na íntegra num sínodo, segundo o padre Costa, desempenha um papel importante nesta dinâmica. No número 7 deste documento fica claro que "o processo sinodal tem o seu ponto de partida e também o seu ponto de chegada no Povo de Deus, sobre o qual devem ser derramados os dons da graça infundidos pelo Espírito Santo através da assembleia dos Pastores".
Neste processo sinodal, algumas questões foram levantadas: como é que este "caminhar juntos" que permite à Igreja anunciar o Evangelho, de acordo com a missão que lhe foi confiada, está a ser realizado hoje em vários níveis (do local ao universal)? Que passos é que o Espírito nos convida a dar para crescermos como Igreja sinodal?
Estamos perante um processo, sublinhou o jesuíta, em que "o trabalho se baseia nos temas que emergiram da escuta do Povo de Deus, apresentados no Instrumentum Laboris e recolhidos em documentos anteriores". Por isso, insiste que o trabalho do Sínodo dos Bispos pretende ser um caminho de oração, de discernimento espiritual, porque o verdadeiro protagonista é o Espírito Santo.
Um processo que começa em 30 de setembro com a Vigília Ecumênica de Oração, um retiro de três dias e a missa de abertura a 4 de outubro. Durante os trabalhos da assembleia, que serão acompanhados por momentos de oração e celebrações litúrgicas, o ponto de partida será uma experiência integral que ajudará, ao longo de quatro dias, a ter uma visão global do que é uma Igreja sinodal, o que constitui o primeiro segmento.
Durante 13 dias, de 9 a 21 de outubro, serão trabalhados os três temas prioritários para a Igreja sinodal: comunhão, missão, participação, designados segmentos 2, 3 e 4. Finalmente, o segmento 5, que será o momento das conclusões e propostas, de 23 a 28 de outubro, com a missa de encerramento a 29.
O objetivo é aprofundar as características e os comportamentos fundamentais de uma Igreja sinodal, a partir da experiência do caminho em conjunto vivida pelo Povo de Deus. O objetivo é identificar passos práticos significativos a dar para crescer como Igreja sinodal através do discernimento sobre os três temas prioritários que emergiram da consulta ao Povo de Deus. Trata-se de perguntar como ser mais plenamente sinal e instrumento de união com Deus e com os outros, como partilhar dons e tarefas ao serviço do Evangelho, e como procurar as estruturas e instituições necessárias numa Igreja sinodal missionária.
Ao apresentar a dinâmica de cada segmento, o padre Costa disse que cada segmento seguirá o mesmo padrão, ajudando a construir consenso sem esconder as diferenças. Para tal, haverá uma introdução em que se contextualiza a realidade através de testemunhos e contributos bíblicos, um trabalho em grupos linguísticos, utilizando o método da conversa no Espírito, sessões plenárias, onde se fará a síntese do trabalho realizado nos grupos, com um debate aberto e uma recapitulação nos grupos, com base nos frutos recolhidos em plenário que ajudarão a formular um relatório final com propostas para os próximos passos.
Este trabalho será efetuado com base em fichas de trabalho, começando por uma breve contextualização, enquadrada pelas reflexões decorrentes da consulta ao Povo de Deus. Para o efeito, serão propostas algumas intuições e questões que articulam várias perspectivas, dimensões e níveis. Trata-se, nas palavras do padre Costa, de "amassar a experiência e a Palavra de Deus para descobrir o que o Espírito está a dizer".
Quanto às conclusões e propostas, ficou claro que o resultado não será um documento final, porque esta é a primeira sessão. Um novo documento surgirá para devolver o que foi trabalhado a toda a Igreja e para ver como aprofundar o que saiu da assembleia. Seguindo o que foi dito na Episcopalis conmunio, que afirma que "o consensus Ecclesiae não é dado pela contagem dos votos, mas é o resultado da ação do Espírito, a alma da única Igreja de Cristo". Por isso, ele insistiu que "ou ganhamos todos ou não ganha ninguém", afirmando que é inútil formular de qualquer maneira se não refletir o consenso.
Aos participantes na Assembleia Sinodal em representação das Igrejas da América Latina e do Caribe, o secretário especial salientou a sua grande responsabilidade, "porque aqui têm uma experiência continental única de Igreja sinodal". Daí a importância destes dias de encontro, que ajudam a tomar consciência dos dons da Igreja na América Latina e no Caribe, a reconhecer os dons das outras Igrejas e a aprender a caminhar juntos. O objetivo é ajudar toda a Igreja a crescer como Igreja sinodal missionária.
Uma assembleia sinodal em que a conversação no Espírito desempenha um papel fundamental, que Mauricio López vê como a práxis do discernimento. Nesta metodologia, ele percebe a necessidade de uma atitude orante, que ajuda na busca progressiva do que o Espírito nos está a dizer. Reconhecendo que não é um método perfeito, insiste que o passo mais importante é passar do "eu" para o "tu", para descobrir no que os outros partilharam a presença do Espírito. Algo que dá lugar à procura do "nós", do sentimento comum de cada grupo, da presença do Senhor em cada um dos grupos. Algo que será realizado durante estes dias como preparação para o que será vivido em outubro.
Mauricio López (Foto: Luis Miguel Modino)
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Assembleia Sinodal, “amassar a experiência e a Palavra de Deus para descobrir o que o Espírito está a dizer”, segundo Giacomo Costa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU