25 Junho 2025
O MapBiomas Fogo lançou nesta 3ª feira (24/6) uma nova coleção, a 4ª de dados anuais de área queimada no Brasil e a primeira edição do Relatório Anual do Fogo (RAF), cobrindo o período de 1985 a 2024. Os dados, obtidos a partir do mapeamento de cicatriz de fogo com imagens de satélite, traçam o mais completo retrato da ação do fogo em todo o território brasileiro e expõem alguns padrões da ocorrência das queimadas e dos incêndios no período.
A informação é publicada por ClimaInfo, 25-06-2025.
Em quatro décadas, a área com registro de fogo foi de 206 milhões de hectares no Brasil, o equivalente a 24% do território nacional.
Quase metade dessa área (43%) foi queimada apenas na última década, revelando uma intensificação recente do problema. No ano passado, o fogo atingiu 30 milhões de hectares, marca 62% superior à média histórica anual de 18,5 milhões. Os dados mostram uma mudança no padrão, com aumento de grandes incêndios e maior impacto sobre formações florestais, que em 2024 ultrapassaram as áreas de savana como as mais afetadas.
A Amazônia e o Cerrado concentraram 86% dos registros de fogo no período, somando mais de 177 milhões de hectares destruídos. A Amazônia registrou seu pior ano em 2024, com 15,6 milhões de hectares queimados – um aumento de 117% em relação à média histórica –, consolidando-se como o principal epicentro do fogo no país.
Pela primeira vez, a vegetação florestal (43%) superou pastagens (33,7%) como a mais atingida, reflexo da seca extrema e do uso humano do fogo. O Cerrado, por sua vez, manteve sua recorrência histórica, com mais de 3,7 milhões de hectares queimados mais de 16 vezes em 40 anos, mas também apresentou expansão do fogo sobre formações florestais.
“Historicamente, o Cerrado evoluiu com a presença de fogo natural, geralmente provocado por raios durante o início da estação chuvosa. No entanto, o que temos observado é um aumento expressivo dos incêndios no período de seca, impulsionado principalmente por atividades humanas e agravado pelas mudanças climáticas”, explicou Vera Arruda, pesquisadora do IPAM e coordenadora técnica do MapBiomas Fogo, ao UOL Ecoa.
“Esse uso do fogo, associado ao avanço da fronteira agrícola no país, tem contribuído para a alta incidência de queimadas, especialmente em estados como Mato Grosso, Pará e Maranhão — os três que mais queimaram desde 1985”, destacou Felipe Martenexen, também pesquisador do IPAM e coordenador do mapeamento da Amazônia.
Como destacou o Campo Grande News, o Pantanal foi o bioma mais impactado proporcionalmente, com 62% de seu território queimado ao menos uma vez em quatro décadas. Desse total, 72% ardeu em duas ou mais ocasiões. Em 2024, o bioma teve aumento de 157% na área queimada em relação à média, com quase 20% dos incêndios ocorrendo em extensões superiores a 100 mil hectares. Corumbá (MS) destacou-se como o município com maior área acumulada de registros de fogo desde 1985.
A Mata Atlântica também bateu recorde em 2024, com 1,2 milhão de hectares destruídos pelas labaredas, 261% acima da média, concentrados em zonas agrícolas, especialmente no entorno do município de Ribeirão Preto (SP), apontou o Estadão. Aliás, dos dez municípios com maior proporção de área queimada no Brasil, quatro estão localizados no estado de São Paulo.
Enquanto Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica enfrentaram índices alarmantes, a Caatinga e o Pampa tiveram reduções no fogo em 2024. A área queimada na Caatinga caiu 16%, para 404 mil hectares, enquanto o Pampa registrou queda de 48%, influenciado pelas chuvas associadas ao fenômeno El Niño. Apesar dessas exceções, o cenário geral aponta para um agravamento do problema, com quase 30% da área queimada no país no ano passado ocorrendo em megaeventos de mais de 100 mil hectares.
Entre 1985 e 2024, 69,5% da área queimada no Brasil ocorreu em vegetação nativa (514 milhões de hectares). No ano de 2024 esse percentual subiu para 72,7% (21,8 milhões de hectares) com a vegetação florestal sendo a mais afetada, com 7,7 milhões de hectares, indicou a CNN Brasil. Já o R7 destacou a concentração das chamas em poucos meses do ano, já que o período de agosto a outubro responde por 72% da área queimada no Brasil, com um terço (33%) ocorrendo apenas em setembro.
Valor Carta Capital, Exame, Poder360, Brasil de Fato, entre outros, também repercutiram os dados do Relatório Anual do MapBiomas Fogo.