A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas afirmou neste domingo (25) que há uma ‘forte suspeita’ de que os incêndios que se propagam pelo estado de São Paulo ao longo do final de semana foram provocados por ação humana.
A reportagem é de Lucas Weber, publicada por Brasil de Fato, 25-08-2024.
A chefe da pasta esteve em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, entre outras autoridades.
“Da mesma forma que tivemos o Dia do Fogo, há uma forte suspeita que agora esteja acontecendo de novo”, afirmou a ministra, se referindo ao caso que aconteceu em 2019, quando fazendeiros combinaram em um grupo de aplicativo atear fogo em áreas da Amazônia, no estado do Pará.
“Em São Paulo não é natural, em hipótese alguma, que em poucos dias tenham tantas frentes de incêndio envolvendo vários municípios. Mas obviamente que isso as investigações vão dizer”, complementou.
A reunião aconteceu na sede do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), em Brasília (DF), órgão que atua em cooperação com as Superintendências Estaduais do Ibama.
Também neste domingo, a Polícia Federal confirmou que vai iniciar 31 investigações, em todo país, sobre a origem dos incêndios.
Brasília amanheceu neste domingo (25) coberta por fumaça proveniente de queimadas em outras regiões do país. Contribui para o fenômeno a seca na capital federal, onde não chove há mais de 120 dias.
São Paulo está sob estado de emergência, decretado pelo governo paulista, desde sábado (24) à noite. Na mesma hora, o governo federal anunciou apoio nas operações de combate ao fogo com o envio de aeronaves.
Desde o início dos incêndios, duas pessoas foram presas acusadas de terem provocado fogo pela região. Segundo o governo de São Paulo, um suspeito foi detido na região de São José do Rio Preto (SP) no sábado e outro no domingo, em Batatais (SP).
São Paulo bateu recorde nacional na sexta-feira (23) com mais de 2,3 mil focos de incêndio. Ao longo do final de semana, moradores da região enfrentam voos cancelados, instabilidade no sinal de internet, atividades ao ar livre interrompidas, pessoas precisando evacuar suas casas, além de problemas respiratórios.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou pelas redes sociais que a crise vivida em São Paulo é resultado do “modelo de produção predatório que destrói o meio ambiente e a vida das pessoas”.
“O planeta está dando todos os sinais de que não suporta mais a maneira como vem sendo explorado”, afirmou a ministra que também se solidarizou com a população do estado.
Ainda no sábado, em entrevista ao Brasil de Fato, a ministra Marina Silva associou a atual crise com os efeitos das mudanças climáticas.
“Infelizmente a gente está vivendo uma situação que reflete aquilo que não foi feito há mais de 30 anos e está fazendo com que a gente pague um preço alto. A mudança climática já é uma realidade. Os eventos extremos, chuva, seca, alta temperatura e vento são uma realidade que estão destruindo não só a Amazônia e o Pantanal.”
Leia mais
- São Paulo tem maior índice de incêndios no mês de agosto em mais de duas décadas
- Polícia Federal abre inquérito para apurar ação criminosa em incêndios em SP
- Pantanal continua batendo recorde de incêndios: O que está por trás das queimadas?
- Brasil em chamas: fumaça dos incêndios no Pantanal e na Amazônia equivale a 5 anos de poluição em SP
- Chuva e umidade reduzem focos de incêndio no Pantanal, mas fogo subterrâneo preocupa
- Brasil em chamas: fumaça das queimadas na Amazônia e no Pantanal chega ao Sul e pode atingir Sudeste
- Amazônia em chamas: fumaça das queimadas avança para o sul do Brasil
- Seca nos rios Madeira e Acre pode ser a maior de todos os tempos. Artigo de Lúcio Flávio Pinto
- ANA declara escassez hídrica nos rios Madeira e Purus, na Amazônia
- Rio Madeira atinge menor nível em quase 60 anos e ANA declara situação crítica
- Redução dos corpos hídricos da Amazônia pode levar à escassez de água. Entrevista especial com Eva Mollinedo
- Seca catastrófica na Amazônia ameaça produção sustentável que mantém floresta em pé
- Seca na Amazônia deve ser a pior da história e se estender até 2024
- A 4ª maior hidrelétrica do Brasil deixa de gerar
- Como o consumo no Brasil afeta o desmatamento da Amazônia
- Brasil incendiado: país viveu o pior julho em registros de incêndio em quase duas décadas
- A destruição do Pantanal afeta diretamente todos os outros biomas
- "Resgatar os animais do Pantanal é salvar o futuro"
- Veranico no Centro-Sul reduz umidade do ar e põe Pantanal em alerta
- Pantanal entra em alerta de risco extremo de fogo nos próximos dias
- Pantanal em chamas: nível do rio Paraguai é o mais baixo em quase 60 anos
- A luta contra o tempo para evitar uma tragédia no Pantanal
- Pantanal em chamas: incêndios consumiram 5% de todo o bioma
- Pantanal em chamas: queda na temperatura e umidade alta afastam fumaça e incêndios de Corumbá
- Pantanal em chamas: fogo atinge Terra Indígena Kadiwéu e ameaça parque estadual
- Pantanal em chamas 1: incêndios a partir de 20 focos queimaram 292 mil hectares do bioma, mostra o MP-MS
- Pantanal em chamas 2: incêndios ameaçam modos de vida dos “guardiões” do bioma
- Pantanal em chamas: bioma caminha para nova crise hídrica histórica
- Pantanal, a herança que vamos destruir. Artigo de Fernando Gabeira
- Pantanal em chamas: incêndios podem ter sido provocados intencionalmente
- Pantanal em chamas: áreas do bioma podem ter perda irreversível, avalia Ibama
- Pantanal em chamas: bioma registra 1 incêndio a cada 15 minutos em junho
- Pantanal em chamas: 95% do fogo tem origem em propriedades privadas
- Pantanal em chamas: fogo bate recorde com mais focos de calor do que em 2020, quando um terço do bioma foi devastado
- Pantanal em chamas: “muralha de fogo” assusta em festa junina em Corumbá
- Pantanal arde, mas Lula quer mais petróleo
- Incêndios no Pantanal coloca Brasil do topo do ranking de fogo na América do Sul
- Por que Pantanal pode viver pior temporada de fogo em 2024
- Com tendência de aumento no desmate, Pantanal enfrenta diminuição da área alagada e mais queimadas
- Área queimada no Pantanal em 2024 já é 54% maior que em ano de destruição recorde
- No Pantanal, incêndios disparam mais de 1.000% e bacia do rio Paraguai tem seca recorde
- Queimadas no Pantanal crescem quase 900% e só perdem para números de 2020
- Pantanal e a seca sem fim
- Por que Pantanal vive ‘maior tragédia ambiental’ em décadas
- O Pantanal em alerta. Revista IHU On-Line, Nº. 345