27 Agosto 2024
Ministra compara incêndios em SP ao “Dia do Fogo” e aciona PF para investigar origem das queimadas que fizeram 46 municípios paulistas decretarem alerta máximo.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 27-08-2024.
Dois mortos e 66 feridos. Hospitais lotados por pessoas com problemas respiratórios. Animais incinerados e plantações inteiras perdidas. Casas queimadas, acidentes em estradas, escolas e aeroportos fechados. Esses são alguns dos resultados, relatados pela Folha, dos incêndios intensos que atingiram o interior de São Paulo nos últimos dias, levando 46 cidades a decretarem alerta máximo.
O clima quente e seco que dominou o Centro-Sul do país nos últimos dias colaborou para o avanço das queimadas. Mas todos os indícios apontam que os incêndios tiveram origem criminosa. Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o que aconteceu no interior paulista tem grande similaridade com o “Dia do Fogo”, em agosto de 2019, lembra o Valor, quando fazendeiros orquestraram ações para devastar extensas áreas da Floresta Amazônica, principalmente no Pará.
Atualmente a legislação pune com pena de detenção de dois a quatro anos quem provoca incêndios de forma criminosa. Mas a ministra defende que a pena para incêndios provocados por grupos criminosos, em períodos de proibição de fogo manejado, seja aumentada, destaca Valdo Cruz no g1.
Deputados protocolaram na 2ª feira (26/8) um projeto que aumenta de 4 para 10 anos a pena máxima de quem iniciar, propositalmente, incêndio em floresta ou outras formas de vegetação. O texto aguarda despacho do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para começar a tramitar pelas comissões temáticas da Casa. A aprovação de um requerimento de urgência também pode ocorrer para levar a proposta direto ao plenário, explica o g1.
Até a manhã de ontem, três pessoas tinham sido presas por suspeita de iniciar incêndios no interior paulista, informam CNN e O Globo. No entanto, vários vídeos estão circulando nas redes sociais de diferentes pessoas ateando fogo em vegetação seca, como mostra o jornalista André Trigueiro no X.
Para elaborar uma ação conjunta contra o fogo, o governo federal convocou uma reunião com governos estaduais, informa a CNN. “A orientação do presidente Lula é trabalharmos em conjunto com governadores, prefeitos e até mesmo com aqueles que têm suas brigadas dentro das fazendas, mobilizando todos os esforços diante de uma situação climática extrema, que inclui, inclusive, a ação criminosa de quem está ateando fogo propositalmente”, explicou Marina Silva.
Os incêndios no interior paulista devem causar um prejuízo de até R$ 350 milhões aos produtores de cana, estima o CEO da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (ORPLANA), José Guilherme Nogueira. Segundo ele, 59 mil hectares de áreas plantadas com cana foram queimadas em dois dias, relata o InfoMoney.
Metrópoles, Folha e Terra também repercutiram os incêndios em SP.
Pelo 2º dia consecutivo, o céu de Brasília voltou a amanhecer coberto por fumaça causada pelos incêndios florestais, informa a Folha. O índice de qualidade do ar na cidade chegou a 186, considerado insalubre. A fumaça provocou o cancelamento de voos tanto na capital federal como em Goiânia, segundo O Globo. Segundo a ministra do Meio Ambiente, a fumaça é proveniente de incêndios em outras regiões do Brasil, como Amazônia e Pantanal, e até mesmo da Bolívia, relata o Correio Braziliense.
Cidades sufocadas pelas queimadas e pela fumaça. Rios expostos e animais morrendo pela falta de água. O setor hidrelétrico em alerta devido à baixa nos reservatórios. O ar tão seco que é difícil respirar. Esse é o cenário causado pelo pior período seco já enfrentado por mais da metade do país nos últimos 40 anos, segundo levantamento exclusivo do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (CEMADEN) feito a pedido do g1. Das 27 unidades da federação, 16 estados e o Distrito Federal enfrentam a pior estiagem já vista no período de maio a agosto desde os anos 1980.
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Brasil em chamas: Marina Silva defende aumento de pena para grupos criminosos que coordenem incêndios - Instituto Humanitas Unisinos - IHU