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11 Julho 2024

Ler Diário de um genocídio. Sessenta dias sob as bombas em Gaza de Atef Abu Saif é o equivalente a não poder mais dizer: eu não sabia.

O aclamado autor e jornalista palestino, além de Ministro da Cultura da Autoridade Nacional Palestina, estava em Gaza em 7 de outubro, convidado para um evento cultural em Khan Younis. Pensava que seria uma viagem, como muitas outras a partir de Ramallah, onde mora. Seu filho estava com ele e iria visitar os parentes. Em vez disso, ele se viu no centro da guerra por 85 dias. Nesse livro, ele descreve os dois primeiros meses sob as bombas. A família dizimada, as filas de seres humanos em busca de um pedaço de pão, os parentes vagando pelas ruas destruídas de Gaza gritando os nomes dos desaparecidos. E os corpos encontrados.

Como o de sua sobrinha, Wissam, que acabara de se formar na escola de artes. Encontrada com as duas pernas amputadas e sem uma das mãos.

A entrevista é de Francesca Mannocchi, publicada por La Stampa, 10-07-2024.

Eis a entrevista.

Você perdeu grande parte da sua família na guerra. Agora está de volta a Ramallah. Como se pode voltar a viver?

Passo o dia lendo as notícias. Meus dois irmãos mais novos e duas irmãs ainda estão no campo de refugiados de Jabalia, e eu fico ligando para eles só para ter certeza de que estão vivos e não embaixo dos escombros. Então desligo o telefone e volto a tremer. Um pedaço de mim ficou por lá e eu mantive os hábitos da guerra. Continuo a dormir vestido, no chão, no corredor. E não sei se é um hábito ou uma maneira de pensar nos outros, porque quando durmo no chão, imagino que estou dormindo com dois milhões de habitantes que ainda estão em Gaza. Ouço os gritos das crianças, os lamentos das mulheres idosas procurando por seus filhos. E ainda assim, toda vez que converso com minha irmã, que não consegue encontrar comida para alimentar suas cinco filhas, ou penso em meu pai, que morreu por falta de alimentos e remédios, eu também me sinto um pouco morto.

Há lições da guerra. Algo que aqueles que vivem em tempos de paz não precisam aprender: "Quando os bombardeios começam, se deve ir para o centro do prédio ou para o vão de uma escada... a parte mais reforçada do prédio". Ou: "Não fiquem juntos. Durmam em lugares diferentes. Assim, se uma parte da família for morta, outra parte sobrevive". O que significa ser um pai que tem de ensinar isso a seus filhos?

É muito difícil ser um pai com um filho durante essa guerra enorme. Seria mais fácil para mim se eu estivesse sozinho, mas eu estava lá com meu filho em 7 de outubro, ele tinha insistido em ir visitar a avó. Assim, quando a guerra estourou, eu tinha duas responsabilidades em meus ombros. Uma de sobreviver e outra de protegê-lo. A principal palavra que ocupava minha mente era: preciso conseguir. Eu estava pulando de um lugar para outro, procurando um lugar seguro, apenas para perceber a cada dia que não existe lugar seguro em Gaza.

Netanyahu afirmou várias vezes que o objetivo é destruir o Hamas. No entanto, o porta-voz do exército israelense declarou na semana passada: "A ideia de que seja possível destruir o Hamas, fazê-lo desaparecer, é jogar areia nos olhos do público".

A maioria das pessoas em Gaza nasceu durante as guerras e também morreu durante as guerras. Eu mesmo nasci em 1973, dois meses antes que o mundo estourasse, e agora sei que vivi minha vida inteira em guerra. Veja, nossa vida é apenas uma pausa para a sobrevivência, você nasce ouvindo as bombas, cresce e começa a falar ouvindo as histórias de pessoas mortas, de casas destruídas, de pessoas na prisão. Penso em meus filhos, em suas memórias que carregam manchas escuras da guerra. Veja só, imagine ser uma criança e saber que nada pode protegê-lo da morte. Nem seu pai, nem sua mãe, nem sua casa. É natural que isso influenciará o seu futuro. A criança é o pai do homem. Você pode me falar sobre ser criança de Gaza?

Veja, quando somos crianças, dormimos nas nossas camas, olhamos para o céu e viajamos de lá, vemos as estrelas e construímos as nossas palavras lá no alto em um firmamento imaginário. O teto é o berço dos nossos sonhos. Aquele firmamento imaginário desabou sobre a cabeça de 20.000 crianças nos últimos meses. Ser uma criança em Gaza hoje é isso. Saber que nada pode lhe proteger, nem seu pai - para quem você corre quando se sente em perigo - nem sua mãe - que você sempre pensou que fosse a única mulher no mundo que poderia lhe salvar. Nem sua casa. E se você sobreviver, terá que lutar por uma fatia de pão.

E essas serão as lembranças que formarão para sempre a memória de sua infância.

O que era Gaza para você quando criança?

Nasci em um campo de refugiados, porque minha família foi obrigada a deixar Jaffa em 1948, e eu vivia no maior campo de refugiados palestinos, em Jabalia, ao norte da Cidade de Gaza. Cresci ouvindo as histórias do passado, as lembranças da cidade de Jaffa, e acho que isso me levou à escrita, às histórias da minha mãe e à sua dor por não poder ver a sua casa, que agora é a casa de judeus que imigraram da Polônia para lá. Suas lembranças me ensinaram a pensar em tudo como algo temporário e também a pensar que nada pode ser melhor se você não trabalhar para torná-lo melhor. Sabe, em Jabalia tínhamos uma biblioteca, um campo para brincar, lembro-me dos esgotos a céu aberto. Mas mesmo assim cresci, li, estudei. Dei esperança aos meus filhos. E quero lembrar de Gaza os lugares onde meus filhos disseram sua primeira palavra e deram seu primeiro passo, ou os lugares de suas primeiras vezes que não existem mais.

Feche seus olhos. Tente afastar as bombas e os escombros, do que você sente falta?

Sinto falta de dezenas de amigos que foram mortos, bem como de 130 membros da minha família. Mas sabe, o que sentem falta todos da minha geração ou as pessoas que deixaram o genocídio em Gaza é da Gaza que conhecíamos. Sinto falta do bar onde eu costumava sentar e escrever meus romances, da loja de falafel onde fiz compras por 20 anos e do antigo souk da Cidade de Gaza, onde eu costumava comprar verduras e frutas. E a loja Antika, onde gostava de ir me encontrar com um simpático senhor para ajudá-lo a mostrar alguns livros antigos. Gaza não é o melhor lugar do mundo, mas é o melhor lugar que poderíamos ter. Não era um paraíso, mas era o paraíso que tínhamos.

Às vezes, penso nos personagens de meus romances. Digo a mim mesmo: se eles saíssem dos livros e andassem pela cidade, nunca saberiam como era antes. Eles nunca conheceriam as ruas porque não existem mais ruas. Assim, as suas lembranças, as lembranças daqueles personagens das imagens, que eu inventei, não existem mais. E você não sabe como é doloroso tentar encaixar as memórias do nosso passado nos escombros".

Você escreveu: "Quero estar acordado quando morrer”. O que significa estar acordado no momento da morte?

Pensar que a guerra não matará todo mundo, que, quando acabar, nós nos sentaremos sobre os escombros, lamentando os mortos. Tenho meu pai e minha sogra sob os escombros em algum lugar. É por isso que escrevi "Quero estar acordado quando morrer". É uma maneira de dizer: quero ser despido e morrer como se deve. Não quero que um meu braço voe para um lugar e minha perna para outro. Queremos ser respeitados quando morrermos. Você sabe, chegará um momento para lembrar dos nossos entes queridos, para juntar seus corpos e ter uma memória que não seja dispersa, que nos ajude a pensar no passado como um passo em direção ao nosso futuro.

O que foi escrever nestes últimos meses?

Eu queria que minhas palavras fossem como uma prova do meu passado. A luz nos corredores escuros da vida em Gaza. Foi um instrumento de sobrevivência.

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