17 Agosto 2025
"O louvor de Isabel e Maria, primas fecundas, afirmando o protagonismo das mulheres, desmonta sistemas religiosos patriarcais e todas as formas de autoritarismo. Mulheres em ascensão!", escreve Chico Alencar, deputado federal - PSOL-RJ, comentando a festa da Assunção de Nossa Senhora.
Segundo ele, "Maria e Isabel não "conhecem o seu lugar" de submissão, de encolhimento. Afirmam-se, férteis na inspiração divina e no acolhimento".
Eis o comentário.
Assunção (ou ascensão, no caso de Jesus, registrada nos Evangelhos) é transitar para outro lugar, subir, ir além.
A "Assunção de Nossa Senhora", celebrada hoje - sem registro bíblico, só oficializada em 1950, pelo papa Pio XII - é um fenômeno de fé: Maria subiu aos céus também pela força de muitos. Adormeceu e foi assunta! Quem não deseja essa passagem?
Qual é nosso lugar? Arlindo Cruz (1958-2025) cantava sua Madureira de "mitos e seres de luz", de "esperança num mundo melhor". Somos corpo inseridos no tempo.
Nosso lugar deve ser o de Maria, após subir as montanhas, no seu "Magnificat" do Evangelho desse domingo (Lucas, 1, 39-56) - não confunda com "magnitsky" dessa "lei" punitiva de quem que se pretende imperador do mundo...
O louvor de Isabel e Maria, primas fecundas, afirmando o protagonismo das mulheres, desmonta sistemas religiosos patriarcais e todas as formas de autoritarismo. Mulheres em ascensão!
Maria já se ilumina quando, pouco mais que uma menina, louva um Deus que "derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes, sacia os famintos e despede os ricos de mãos vazias" (51 a 53).
Maria e Isabel não "conhecem o seu lugar" de submissão, de encolhimento. Afirmam-se, férteis na inspiração divina e no acolhimento.
"Assunção" é a beleza visionária do Apocalipse (1a leitura de hoje, 12, 1), ao abrir o Templo fechado dos soberbos de coração para o "grande sinal de uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e, grávida, com uma coroa de doze estrelas". Humanidade de todas as tribos, diversa e redimida!
É o insubstituível papa Francisco (1932-2025) lembrando que "Deus quis receber a carne e a humanidade de Maria, que é a nossa. Não a usou, mas pediu o seu 'sim', o seu consentimento". Não é não, sim é sim!
É Adélia Prado 'com licença poética':
"(...) O que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos - dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree, já minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.
'Vai ser coxo na vida' é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou."
Sejamos, todas e todos!
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