26 Novembro 2022
“A felicidade é revolucionária: tenha a coragem de ser feliz”. Intitula-se “Ti voglio felice. Il centuplo in questa vita” [Quero-te feliz. O cêntuplo nesta vida] o novo livro do Papa Francisco, que chega a todas as livrarias italianas a partir do dia 16 de novembro.
(Foto: Divulgação)
Publicado pela Libreria Pienogiorno (272 páginas), que administra seus direitos internacionais, em colaboração com a Libreria Editrice Vaticana, o livro representa a conclusão natural do best-seller anterior “Ti auguro il sorriso” [Desejo-lhe o sorriso], que, publicado nas principais línguas por algumas das mais importantes marcas editoriais do mundo e que na Itália já chegou à sua 13ª edição, tornou-se o livro mais difundido do pontífice nos últimos anos.
“Ti voglio felice” é o novo manifesto do Papa Francisco para uma autêntica autorrealização nestes tempos difíceis e entrelaça as palavras do pontífice com as dos livros e dos filmes de que ele mais gostou, de Borges a Dante, de Dostoiévski a Santo Agostinho, de Fellini a Tolkien. Por meio de um caminho concreto que absolutamente não ignora as dificuldades da existência, mas as enfrenta, as sublima, as supera.
O jornal Il Fatto Quotidiano, 16-11-2022, publicou uma prévia do livro: os 15 passos para a felicidade indicados por Francisco. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
1. Leia dentro de você. A nossa vida é o livro mais precioso que nos foi entregue, e é justamente nesse livro que encontramos aquilo que se busca em vão de outras formas. Santo Agostinho compreendeu isso: “Entre novamente em você mesmo. No homem interior, habita a verdade”. É o convite que eu quero fazer a todos e que faço também a mim. Leia a sua vida. Leia dentro de você, como foi o seu percurso. Com serenidade. Entre novamente em você mesmo.
2. Lembre-se de que você é único, de que você é única. Cada um de nós está no mundo para se sentir amado em sua singularidade e para amar aos outros como ninguém pode fazer em seu lugar. Você não vive sentado no banco sendo reserva de alguma outra pessoa. Não, cada um é único aos olhos de Deus. Portanto, não se deixe “homologar”: não somos feitos em série, somos únicos, somos livres e estamos no mundo para viver uma história de amor, de amor com Deus, para abraçar a audácia de escolhas fortes, para nos aventurarmos no maravilhoso risco de amar.
3. Faça emergir a sua beleza! Não aquela de acordo com as modas do mundo, mas a verdadeira. A beleza de que eu falo não é aquela curvada sobre si mesma, como Narciso, que, apaixonado pela própria imagem, acabou se afogando no lago onde se refletia. Nem mesmo aquela que faz acordos com o mal, como Dorian Gray, que, passado o feitiço, viu-se com o rosto deturpado. Eu falo da beleza que nunca se apaga, porque é reflexo da beleza divina: o nosso Deus é inseparavelmente bom, verdadeiro e belo. E a beleza é um dos caminhos privilegiados para chegar até Ele.
4. Aprenda a rir de si mesmo. Os narcisistas se olham continuamente no espelho... Eu recomendo que, de vez em quando, você se olhe no espelho e ria de si mesmo. Riam de vocês mesmos. Vai lhes fazer bem.
5. Viva uma saudável inquietação, nos desejos e nos propósitos, aquela inquietação que sempre impulsiona a caminhar, a nunca se sentir “chegado”. Não se isole do mundo trancando-se em seu quarto – como um Peter Pan que não quer crescer – mas seja sempre aberto e corajoso.
6. Aprenda a perdoar. Todo mundo sabe que nem sempre é o pai ou a mãe que deveria ser, o esposo ou a esposa, o irmão ou a irmã, o amigo ou a amiga que deveria ser. Todos estamos “em déficit” na vida. E todos precisamos de misericórdia. Lembre-se de que você precisa perdoar, precisa de perdão, precisa de paciência. E lembre-se de que Deus sempre precede e perdoa você primeiro.
7. Aprenda a ler a tristeza. No nosso tempo, ela é considerada apenas um mal a ser evitado a todo o custo, mas pode ser um sinal de alerta indispensável, que nos convida a explorar paisagens mais ricas e férteis que a fugacidade e a evasão não permitem. Às vezes, a tristeza funciona como um semáforo e nos diz: está vermelho, pare! Acolha-a, seria muito mais grave não experimentar esse sentimento.
8. Tenha sonhos grandes. Não se contente com aquilo que é devido. O Senhor não quer que estreitemos os horizontes, não nos quer estacionados à margem da vida, mas correndo para metas altas, com alegria e com audácia. Não fomos feitos para sonhar apenas com as férias ou com o fim de semana, mas para realizar os sonhos de Deus neste mundo. Ele nos fez capazes de sonhar para abraçar a beleza da vida.
9. Não dê ouvidos a quem vende ilusões. Uma coisa é sonhar, outra é ter ilusões. Quem fala de sonhos e vende ilusões é um manipulador da felicidade. Fomos criados para uma alegria maior.
10. Seja revolucionário, vá contra a corrente. Na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é “aproveitar” o momento, que não vale a pena se comprometer, fazer escolhas definitivas, porque não se sabe o que reserva o amanhã. Peço que você seja revolucionário, que se rebele contra essa cultura que, no fundo, acredita que você não é capaz de assumir responsabilidades. Tenha a coragem de ser feliz.
11. Arrisque, mesmo que você erre. Não observe a vida da sacada. Não confunda a felicidade com um sofá. Não seja um carro estacionado. Antes, deixe os sonhos florescerem e tome decisões. Arrisque. Não sobreviva com a alma anestesiada e não olhe para o mundo como se fosse um turista. Faça-se ouvir! Expulse os medos que lhe paralisam. Viva! Dê o melhor na vida!
12. Caminhe com os outros. É feio caminhar sozinho. Feio e entediante. Caminhe em comunidade, com os amigos, com aquelas pessoas que lhe amam: isso lhe ajuda a chegar à meta. E, se você cair, levante-se. Não tenha medo dos fracassos, das quedas. Na arte de caminhar, o que importa é não “ficar caído”.
13. Viva a gratuidade. Quem não vive a gratuidade fraterna faz da própria existência um comércio frenético, sempre medindo aquilo que dá e aquilo que recebe em troca. Deus dá de graça, a ponto de ajudar até quem não é fiel, e “faz nascer seu sol sobre os maus e sobre os bons” (Mt 5,45). Recebemos a vida de graça, não pagamos por ela. Portanto, todos podemos dar sem esperar algo em troca. É o que Jesus dizia a seus discípulos: “De graça recebestes, de graça dai” (Mt 10,8). E é o sentido de uma vida plena.
14. Olhe para além da escuridão. Esforce-se para ter olhos luminosos até mesmo dentro das trevas, não deixe de buscar a luz em meio à escuridão que muitas vezes carregamos no coração e vemos ao nosso redor. Levantar o olhar do chão, não para fugir, mas para vencer a tentação de ficar deitado no chão dos nossos medos. Este é o perigo: que sejam os nossos medos que nos sustentem. Ficar trancados nos nossos pensamentos chorando sobre nós mesmos. Este é o convite: levante o olhar!
15. Lembre-se de que você está destinado ao melhor. Deus quer o melhor para nós: quer-nos felizes. Não estabelece limites e não nos pede juros. No reino de Jesus, não há espaço para segundas intenções, para pretensões. A alegria que ele nos deixa no coração é alegria plena e desinteressada. Nunca é uma alegria diluída, mas é uma alegria que nos renova.
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“Lembre-se de que você é único”: 15 pequenas lições de felicidade do Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU