Covid-19: “a humanidade inteira” ameaçada, ONU lança plano

O secretário-geral da ONU, António Guterres, durante coletiva de imprensa virtual sobre a pandemia de COVID-19. | Foto: Reprodução/YouTube

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26 Março 2020

A pandemia de Covid-19 “ameaça toda a humanidade”, afirmou nesta quarta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante o lançamento de um “Plano Global de Resposta Humanitária” que se estende até dezembro, juntamente com um pedido de doações de até 2 bilhões de dólares.

A reportagem é de Philippe Rater, publicada por La Presse, 25-03-2020. A tradução é de André Langer.

Diante dessa ameaça, “toda a humanidade deve responder. Ação global e solidariedade são cruciais”, acrescentou durante a apresentação via vídeo do plano da ONU.

“As respostas individuais dos países não serão suficientes”, disse o ex-primeiro-ministro português, que na semana passada evocou a perspectiva de “milhões” de mortes por falta de solidariedade.

O objetivo do plano “é permitir o combate do vírus nos países mais pobres do mundo e responder às necessidades das pessoas mais vulneráveis, especialmente as mulheres e as crianças, os idosos, os deficientes e os doentes crônicos”, disse o chefe da ONU.

A pandemia já matou pelo menos 19.246 pessoas em todo o mundo desde seu início em dezembro, de acordo com um balanço feito pela AFP, com mais de 427 mil casos positivos relatados. Agora, atinge países em crise humanitária devido a guerras, desastres naturais ou mudanças climáticas.

“Nós não podemos perder os ganhos obtidos com os investimentos em ações humanitárias e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, insistiu António Guterres.

Dois cenários

O apelo a doações de fundos – modesto em vista dos 2 trilhões de dólares liberados por Washington para a economia americana –, lançado nesta quarta-feira pela ONU, tem como objetivo cobrir o período entre abril e dezembro de 2020, sugerindo uma crise mais longa.

O valor total reclamado é de 2,012 bilhões de dólares, incluindo os pedidos de doações já feitos por várias agências da ONU (Organização Mundial da Saúde, Programa Mundial de Alimentos – PMA, Escritório do Comissário para os Refugiados, Agência para a infância da UNICEF, etc.). A OMS deverá receber 450 milhões de dólares, a UNICEF 405 milhões e o PMA 350 milhões.

António Guterres pediu ainda que continuem a ser feitas as contribuições dos 193 membros da ONU para a ajuda humanitária já dada, que beneficia anualmente 100 milhões de pessoas em todo o mundo. Sem isso, a pandemia pode levar a outras epidemias (cólera, sarampo...), alerta a organização.

Detalhado em um documento de 80 páginas, o plano humanitário será implementado pelas várias agências da ONU, com um “papel direto” para as ONGs. É coordenado pelo subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, o britânico Mark Lowcock.

Os fundos arrecadados possibilitarão a compra de equipamentos médicos para testar e tratar os doentes, instalar pontos de lavagem das mãos nos campos de refugiados, lançar campanhas de informação e estabelecer pontes aéreas humanitárias com a África, a Ásia e a América Latina, precisou a ONU.

As necessidades específicas de vários países ainda estão sendo determinadas. O documento refere, em particular, cerca de vinte países prioritários para receberem ajuda, entre os quais estão vários que se encontram em conflitos armados – Afeganistão, Líbia, Síria, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Iêmen, Venezuela, Ucrânia... –, mas também outros Estados, como o Irã ou a Coreia do Norte, são analisados no documento.

Embora observe que é difícil fazer previsões sobre a evolução da pandemia, a ONU manteve dois cenários.

O primeiro é de um controle rápido da doença, com uma desaceleração em sua progressão em “três a quatro meses”, permitindo “uma recuperação relativamente rápida”, tanto ao nível da saúde pública quanto da situação econômica.

O segundo cenário inclui “uma progressão rápida da pandemia nos países pobres e em desenvolvimento”, particularmente na África, Ásia e em algumas partes do continente americano. Isso significa fronteiras fechadas durante mais tempo e a continuação de restrições à liberdade de movimentos, “contribuindo ainda mais para uma desaceleração global que já está em andamento”.

 

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