14 Agosto 2025
Na igreja de Casaglia, com os monges da Pequena Família da Anunciação. O cardeal: "Rezaremos pela memória das crianças, mesmo que nem paremos por elas".
A reportagem é de Caterina Giusberti, publicada por La Repubblica, 14-08-2025.
Morreram em suas casas, nas ruas, brincando. Os nomes de 12 mil crianças menores de 12 anos que morreram desde 07-10-2023, sem distinção entre israelenses e palestinos, serão lidos durante uma longa maratona de orações, a partir das 15h desta tarde, em frente às ruínas da Igreja de Santa Maria Assunta di Casaglia, em Monte Sole. A iniciativa começou com Dom Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), e pelos monges Dossetti da Pequena Família da Anunciação.
"Rezaremos por Israel, pela Terra Santa e pela Faixa de Gaza. E rezaremos pela memória das crianças, porque se nem pararmos por elas", antecipa Zuppi. "Não esperávamos toda essa cobertura da mídia. Afinal, não inventamos nada; já fizeram isso em muitas cidades, e não temos ideia de quantas pessoas chegarão", comenta o superior frade, Paolo Barabino. "Decidimos em 6 de agosto, durante uma reunião com Zuppi. Dissemos a nós mesmos que algo precisava ser feito para impedir esse massacre".
“As vítimas nunca são apenas um número”
A igreja de Casaglia é um lugar repleto de significado simbólico: em setembro de 1944, moradores locais, quase todos mulheres e crianças, reuniram-se ali e foram posteriormente mortos pelos nazistas e fascistas na igreja e no cemitério adjacente. Os nomes das vítimas, com idades entre 0 e 12 anos, foram retirados de listas oficiais: "As vítimas israelenses somam 16, identificadas graças a um documento de texto fornecido pelo governo, com fotos e relatos. As vítimas palestinas somam aproximadamente 12 mil, contidas em uma lista com idades, nomes em árabe e transliterados. Esta lista foi fornecida pelo Ministério da Saúde de Gaza e publicada pelo Washington Post em ordem de idade", explica o monge.
Se incluirmos também menores de 12 a 17 anos, os nomes sobem para 18 mil. "O rio de sangue que corre por Gaza e pela Terra Santa há quase dois anos", conclui Barabino, "nos desafia cada vez mais profundamente, levando-nos a fazer um forte gesto de oração para pedir o dom da paz. Cada vítima de cada conflito nunca é apenas um número".
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