A pandemia transgrediu o carinho

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23 Março 2020

"O coronavírus certamente contribuiu para a diminuição do CO2, colocou o neoliberalismo em xeque, e questiona a globalização", escreve Edelberto Behs, que foi professor e coordenador do curso de Jornalismo da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos.

Eis o texto.

Esse tal de coronavírus, que sequer cara visível tem, nos rouba, a cada dia, o carinho da vida, do convívio, da comunhão. Para pessoas com mais de 60 anos, então, o tombo é ainda maior: fiquem longe delas, ditam as regras de convivência do estado de pânico.

Por causa da Covid-19, saí do meu convívio com minha neta querida, a Lívia. Estive com ela no final de semana. Na terça-feira à noite ela ardeu em febre. Lá vem aquele sentimento de culpa: e se ela contraiu uma gripe por andar com a gente?

Foi uma garganta inflamada que gerou a febre. Alívio. Quando vou vê-la de novo? Depois do susto, sabe-se lá. Talvez só depois que o pico do corona estiver na curva descendente, o que, no Brasil, deverá ir além do inverno que está pela frente.

Chimarrão, cada um deve ter a sua cuia, reza o manual de sobrevivência no mundo "coronavirado". Aproximações com outras pessoas, tudo restrito para além de um metro de distância! Abraços, toques, apertos de mão, beijos nas bochechas – nem pensar!

O “coroavírus” nos rouba a amabilidade e exige que fiquemos trancafiados em casa, momento em que, pelo menos no Brasil, onde impera um governo que dá a mínima para a cultura, filmes, livros, música mostram o seu valor.

Imaginem a cena no próximo Dia dos Namorados: o rapaz encontra a sua amada, estende a ela um buquê de flores, busca quebrar aquele um metro de distância e esboça um beijo. Ela diz: “espere um pouco, vou passar álcool em gel na boca”.

Esse caos, indesejável, é claro, traz aspectos positivos: a humanidade ganha um tempo para refletir sobre o tipo de sociedade, de economia, que povos e nações estão desenvolvendo. Só na época da peste negra, talvez, ela teve essa oportunidade.

Embora não existam medições oficiais, o coronavírus certamente contribuiu para a diminuição do CO2, colocou o neoliberalismo em xeque, e questiona a globalização. É o momento de pensar que “um outro mundo é possível!”

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