23 Julho 2024
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A reportagem é publicada por America, 18-07-2024.
Considerando a vantagem numérica esmagadora da Federação Russa em sua guerra contra a Ucrânia, não é difícil entender por que a Ucrânia passou a depender tanto do que chamou de suas “Forças de Sistemas Não Tripulados”, um arsenal de ponta de drones aéreos, terrestres e marinhos, além de veículos de combate não tripulados. Em maio, a USF tornou-se um quarto ramo das forças armadas do país — juntando-se ao exército, marinha e força aérea da Ucrânia.
O empreendedor de plataformas não tripuladas Andrii Denysenko, que está trabalhando em um veículo de reconhecimento e ataque terrestre chamado Odyssey, avaliado em $35.000, disse à Associated Press: “Estamos lutando contra um país enorme, e eles não têm limites de recursos. Entendemos que não podemos gastar muitas vidas humanas. A guerra é matemática”.
A citada agência noticiosa relata que cerca de 250 startups de defesa em todo o país “estão criando as máquinas de matar em locais secretos que geralmente se parecem com oficinas de conserto de carros rurais”. Os drones e veículos de combate da Ucrânia são frequentemente montados com componentes comerciais padrão, peças modificadas para atender às necessidades específicas das forças armadas ucranianas.
Os veículos da força não tripulada têm obtido sucessos contundentes contra tropas e blindados russos nos territórios contestados do leste da Ucrânia. Eles atingiram locais de fabricação e logística na Rússia propriamente dita e detonaram depósitos de combustível e munição atrás das linhas de batalha. Eles também neutralizaram essencialmente a frota russa no Mar Negro. Os ucranianos estão oferecendo um estudo de caso em tempo real sobre medidas de contra-ataque hábeis, inovadoras e, não menos importante, de baixo custo, que estão sendo estudadas por forças militares ao redor do mundo.
Uma coisa que a maioria das plataformas de ataque não tripuladas em desenvolvimento na Ucrânia tem em comum — pelo menos por enquanto — é que operadores humanos ainda as guiam remotamente pelo campo de batalha. Mas já estão surgindo relatos de drones lançados na Rússia que estão confiando em inteligência artificial, e não humana, para tomar decisões sobre como evitar medidas defensivas, escolher alvos e, finalmente, realizar um ataque.
De acordo com a Reuters, o uso de enxames de drones para sobrecarregar as medidas defensivas russas cria um grau de complexidade profundo demais para que pilotos humanos remotos possam lidar. A Ucrânia começou a transferir os ataques em enxame para algoritmos de IA.
Quanto tempo levará para que os desenvolvedores de tecnologia e software ucranianos comecem a implantar veículos de combate completamente liberados da supervisão humana na identificação, perseguição e, finalmente, eliminação de alvos no campo de batalha? O campo de batalha do futuro — uma vez algo apenas imaginado em ficção científica ao estilo "I' will be back" — está se aproximando rapidamente de nós, uma zona de combate livre do controle humano.
Em termos práticos, a USF da Ucrânia está avançando muito mais rápido do que as forças militares ao redor do mundo. Mas a Ucrânia não está sozinha na exploração do potencial militar futurista de plataformas de combate gerenciadas por IA ou de outra forma autônomas, chamadas de Sistemas de Armas Autônomas Lethais ou LAWS, na sigla em inglês.
A Rússia, a China, Israel, a Coreia do Sul e outros países também estão experimentando e até mesmo implantando sistemas de armas assistidos ou guiados por IA. Recentemente, Israel foi criticado pelo uso do “Lavender”, um programa de análise de alvos movido por IA que criou uma lista excessivamente ampla de cerca de 37.000 pessoas em Gaza para que as Forças de Defesa de Israel escolhessem. E, segundo o jornal britânico The Guardian, o exército americano banca mais de 800 projetos relacionados à IA, direcionando quase US$ 2 bilhões para iniciativas de IA apenas no orçamento de 2024.
A infame Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa — lembra-se do “Programa de Conscientização Total da Informação”? — está trabalhando arduamente no desenvolvimento de tecnologia de ponta na busca por maneiras mais eficazes de, bem, eliminar os inimigos da América. Seu programa Robotic Autonomy in Complex Environments with Resiliency (sim, é RACER, a DARPA adora suas siglas) está desenvolvendo rapidamente tanques autônomos e outros veículos de combate. Outras iniciativas da DARPA estão experimentando caças sem piloto e drones marinhos.
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A Ucrânia e o preocupante futuro da guerra com Inteligência Artificial - Instituto Humanitas Unisinos - IHU