14 Novembro 2011
A análise da conjuntura da semana é uma (re)leitura das "Notícias do Dia’ publicadas, diariamente, no sítio do IHU. A análise é elaborada, em fina sintonia com o Instituto Humanitas Unisinos - IHU, pelos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores - CEPAT - com sede em Curitiba, PR, parceiro estratégico do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.
Sumário:
Crise se alastra na zona do euro
Europa. Encurralada e amedrontada
Grécia. Pária da Europa
O mercado no lugar da democracia
Europa começa a descobrir seus novos pobres
Europa. Aprender com a América Latina?
Plano Fênix para a América Latina
Brasil no contexto mundial de incertezas econômicas
Por aqui tudo vai bem?
Desindustrialização. Má notícia em tempos de crise mundial
A questão social
A questão ambiental. O desafio de dialogar com a economia
Conjuntura da Semana em frases
Eis a análise.
Crise se alastra na zona do euro. Europa: Encurralada e amedrontada
A Europa encontra-se à beira de uma grave recessão com implicações imediatas nas condições da vida da sua população. A zona do euro dá sinais de esfarelamento e ameaça atingir o seu núcleo duro, a França e a Alemanha.
Depois do falimento completo da Grécia, do colapso que ameaça a economia portuguesa, da grave recessão em que se encontra a Espanha e, agora, da crítica situação italiana, já não se descarta que a crise chegue até a França e a Alemanha, os dois bastiões do euro. Nos bastidores já se cogita a adoção de novas regras para se refazer a arquitetura da zona do euro que faz água por todos os lados.
A Europa está encurralada e amedrontada. Resultante da grande crise – que se iniciou em agosto de 2007 e atingiu seu vértice com a quebra do banco americano Lehman Brothers em setembro de 2008 –, a crise da zona do Euro enfrenta a sua segunda grande onda depois do primeiro forte movimento de abalos do mercado. De lá para cá, após uma breve calmaria, a crise retomou o seu furor e vem arrastando todos os países. A angústia instalou-se no velho continente.
O sinal de alerta soou nos últimos dias com a notícia de que as previsões de crescimento para os países da zona do euro no próximo ano foram reduzidas de 1,8% para 0,5%. Isso significa que a Europa está à beira de uma recessão.
As perspectivas se tornam ainda mais sombrias quando se têm presentes as orientações do Banco Central Europeu (BCE) que alertou os governos do continente para que radicalizem as reformas. "Todos os governos do bloco europeu devem acelerar a implantação de reformas estruturais substanciais e abrangentes", escreveu o BCE. Ora, radicalizar reformas significa atingir, sobretudo, as áreas sociais.
Para uma retomada do debate acerca da natureza da crise de 2008 que está na origem da crise da zona do euro, sugerimos a leitura da revista IHU On-Line nº 276 – A crise financeira internacional. O retorno de Keynes e a IHU On-Line nº 278 – A financeirização do mundo e sua crise. Uma leitura a partir de Marx. Outras revistas do IHU On-Line retomaram o debate acerca da crise do capitalismo mundial, entre elas destacamos a revista nº 287 – A crise capitalista e a esquerda e, recentemente, tendo como referência essa análise, a revista nº 330 – A crise da zona do euro e o retorno do Estado regulador em debate.
Grécia. Pária da Europa
Toda a perversidade da crise da zona do euro se manifesta na Grécia. O país somatiza e sintetiza o sofrimento das consequências de uma crise que começou no sistema financeiro. As autoridades repassam o remédio amargo sugerido pela União Européia para o seu povo. "A Europa impõe um neocolonialismo à Grécia", afirma , afirma o economista Gabriel Palma.
Segundo esse professor, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), "acontece na Grécia, o que acorreu na América Latina muitas vezes. Foi criada uma crise e os que pagam pela crise são outros. A Grécia cortou 25% da educação pública, 95% da saúde pública, deixou a habitação a zero. Nenhum desses setores foi causa da crise. Uns se beneficiaram e são outros os que estão pagando".
A crise da Grécia tem a ver com o seu ingresso do país na Comunidade Econômica Europeia (CEE). Como todo país que ingressou no euro, a Grécia teve que, além de cumprir uma série de metas fiscais, monetárias e financeiras, renunciar à possibilidade de emitir sua própria moeda. Esse privilégio ficou nas mãos do Banco Central Europeu (BCE), entidade supranacional que funciona como um banco central independente. O BCE tem como uma de suas regras não financiar déficits fiscais dos Estados membros. Logo, os países ficam seriamente restringidos em suas políticas econômicas pela dificuldade de obter créditos.
A receita para a Grécia permanecer na zona do euro e receber ajuda financeira foi e continua sendo duríssima: demissões, cortes salariais, adiamento das aposentadorias, aumento de tarifas e impostos e privatizações. Ironicamente, a Grécia, ao procurar abrigo na solidez da zona do Euro, encontrou a tragédia. Foi do Olimpo ao inferno. A sociedade grega explodiu em manifestações, fez protestos, mobilizações, greve e agora se encontra desiludida, entregue a própria sorte.
O mercado no lugar da democracia
A Europa, berço da civilização política moderna, cede ao mercado. A política, uma construção das forças civilizatórias, cede espaço às orientações liberais. Uma simples menção a organização de um plebiscito na Grécia para colocar em debate as reformas no país causou a ira do mercado.
O economista Gabriel Palma afirma que "a queda de George Papandreou é uma vitória do mercado financeiro, que conseguiu enterrar a ideia - mal encaminhada - do plebiscito na Grécia. O pacote de resgate imposto pela Europa ao país é uma forma de neocolonalismo. Alemanha e França pensam que têm o direito de decidir o que acontece na Grécia depois do resgate. A falta de democracia é absoluta", diz ele. Continua ele: "Quando se passam perdas privadas para o setor publico tem que perguntar às pessoas que vão pagar. Os setores financeiros têm a maior parte desses governos no bolso. Ninguém quer a democracia".
Segundo o economista, "as condições que a Europa impôs à Grécia para o plano de resgate são uma forma de neocolonialismo. É cortar os gastos de educação, saúde, habitação - que paguem os que não têm responsabilidade pela crise. Houve um nível de brutalidade e de caráter antidemocrático muito forte. Alemanha e França pensam que têm o direito de decidir o que acontece na Grécia depois do resgate. A falta de democracia é absoluta".
Sem direção e pressionada pelo mercado, a Europa troca as elites políticas locais por tecnocratas, adia eleições e dá prioridade à aprovação de medidas de austeridade para enfrentar a pior crise nos últimos 70 anos. "Hoje os mercados financeiros e as grandes corporações têm o poder de trocar governos, trocar primeiros-ministros. Isso é o fundamental da falta de democracia", diz Gabriel Palma.
Na mesma linha destaca um dos editoriais da Folha na semana: "Causa espanto que a escolha de governos nacionais seja, na prática, negociada em gabinetes de autoridades transnacionais e de organismos multilaterais do mundo financeiro - e tudo isso na Europa, não num país falido da América Latina, como acontecia na década de 1980".
"Os neoliberais usam Grécia como cobaia da crise financeira", afirma o político grego Michalis Kritsotakis. Segundo ele, "estamos enfrentando, na verdade, a ditadura dos mercados em cima da política e da sociedade, que não conseguem resistir. O sistema político e a sociedade acabam servindo aos desejos dos mercados quase como um viciado em algo, que neste caso é o credito".
A percepção de que a política falhou em sua versão da democracia representativa, é uma das motivações que está na origem do movimento dos indignados. Segundo o ativista Thomas Coutrot: "A essência do movimento dos indignados não está tanto na crítica ao sistema financeiro, isto não é novo. A novidade está precisamente na crítica radical da representação política, esse grito mundial que diz "vocês não nos representam’. As pessoas estão dizendo: não é porque votamos em você que isso lhe dá o direito de fazer o que quer contra a nossa opinião. Essa é a inovação fundamental. O protesto pede um retorno às fontes da democracia, a democracia real".
Europa começa a descobrir seus novos pobres
Depois da conquista do Welfare state, chegou-se a pensar que a questão social havia sido resolvida na Europa. Agora, o continete se dá conta que está às voltas com seus noves pobres. Na Grécia, Espanha e Portugal, o desemprego está acima da média europeia. Agora, a Itália pode entrar nesse grupo. Pior ainda: para dar conta de tentar estancar a crise, as medidas adotadas produzem ainda mais desemprego, uma vez que se cortam investimentos e se promove arrocho salarial e cortes nos gastos sociais.
A Grécia somatiza os maiores sofrimentos. Desnutrição, aids, prostituição, drogas e suicídios são ameaças crescentes. A crise no país vem atingindo duramente a saúde da nação: o número de suicídios está aumentando, mais pessoas estão usando drogas e se prostituindo, e crescem rapidamente as taxas de infecções por HIV. Martin McKee, da London School of Hygiene and Tropical Medicine, disse que outros países europeus em dificuldades devem prestar atenção a esses fatos. "A experiência da Grécia é uma advertência para o que pode acontecer, se houver grandes cortes nos sistemas de saúde em face de uma recessão", disse ele.
A pobreza, que a Grécia pensava que havia superado nos anos 80, cresce com força. Quem também alerta para a explosão da pobreza é a Igreja Ortodoxa de Atenas. Costis Dimtsas, porta-voz da Igreja, explica que desde meados deste ano vem registrando um número cada vez maior de pessoas que batem à porta dos centros religiosos em busca de comida, remédio e um teto. "Há um tsunami vindo e 2012 verá resultados desastrosos no campo social", disse. Dimtsas conta que a rede de distribuição de alimentos sequer está dando conta da demanda diária. "Antes, tínhamos esse serviço basicamente para os imigrantes. Hoje, 60% dos que pedem comida são gregos", disse.
Europa. Aprender com a América Latina?
A saída da crise na Europa pode estar na América Latina, particularmente a partir da experiência argentina, que dentre os países latino-americanos foi talvez o que mais desceu ao fundo do poço. "O que acontece na Grécia, foi o que acorreu na América Latina muitas vezes", diz o economista Gabriel Palma.
Durante décadas os países latino-americanos – e também asiáticos - foram uma espécie de laboratório e fonte de dinheiro fácil para os interesses do mercado financeiro. Qualquer tentativa de resistência a ortodoxia financeira e os países latino-americanos eram amaldiçoados pelas agências de risco, basicamente três delas - Moody"s, Standard & Poors"s (S&P) e Fitch Ratings – guardiãs dos interesses do mercado. As mesmas, ao lado do FMI, desempenhavam papel similar ao da Congregação para a Doutrina da Fé no tempo da Inquisição: julgavam e condenavam ao anátema aqueles países que não cumpriam as obrigações determinadas pelo mercado financeiro.
O "pão que o diabo amassou" que durante anos países pobres e emergentes comeram das mãos das agências de risco, voltou-se para alguns países da Europa e, supreendentemente, até mesmo para a meca do capitalismo mundial, os EUA.
A argentina foi um dos países que mais sofreu. Os anos 90 na Argentina foram os anos de farra do neoliberalismo no país, das "relações carnais com os EUA" descrita por Menem. Anos de privatizações e venda descontrolada de títulos para bancos e investidores do mercado financeiro. A tragédia em que se meteu a Argentina no final dos anos 90 foi responsável por jogar milhares na pobreza.
O que a Grécia e mesmo a Europa deveria fazer? "O que fez a Argentina em 2003: renegociar imediatamente com os mercados financeiros", afirma o economista Gabriel Palma. "Se eu vou a um banco e peço U$ 1 milhão para ir ao cassino e perco, a culpa é minha. Mas também do banco que emprestou dinheiro para uma coisa tão absurda. É assim o caso da Grécia. Os que emprestaram essa quantidade de dinheiro à Grécia são igualmente responsáveis por essa situação insustentável", diz ele.
O fato incontestável é que após pacotes bilionários para saciar a crise produzida pelo mercado financeiro, sua sede continua incontrolável e a política –os Estados - se manifestam incapazes de promover rupturas apesar das juras proclamadas no encontro do G-20.
"Em tempos anormais, são necessárias soluções anormais", escreve Luiz Carlos Bresser-Pereira, economista.
Plano Fênix para a América Latina
Em tempos de crise mundial, vem da Argentina talvez por ser um dos países que mais sofreram com os anos neoliberais, a proposta de um fórum permanente para ampliar o debate ideológico e varrer definitivamente os riscos de que a região retorne às orientações da ortodoxia neoclássica.
Um grupo de economistas do continente está propondo um "Plano Fênix para a América Latina". Diz o documento que dá corpo a proposta: "Apresentamos esta contribuição sob a invocação da ave mitológica, porque estamos convencidos de que a América do Sul pode ressurgir da tragédia a que foi submetida por idéias e políticas incompatíveis com os seus interesses fundamentais". O Plano tem como referência a crise mundial e propõe um fórum permanente de debates para fazer frente à ortodoxia neoclássica que "no cenário mundial de riscos pode novamente enredar nossos países como fornecedores periféricos de produtos primários".
Segundo o documento, a crise da zona do euro e nos EUA além de infligir sofrimento as suas populações é um sinal de que o paradigma do pensamento neoliberal, hegemônico nas últimas três décadas se enfraqueceu. Entretanto, alertam os economistas, isso não significa que não continue hegemônico, "conforme se vê no caminho adotado pelas economias centrais, na fraqueza de sua lideranças políticas e na crescente influência do FMI na arquitetura financeira global que perturba a estabilidade".
"A diferença substancial – destaca Alfredo Zaiat - para com os países que agora sofrem e aprofundam a crise com medidas do receituário neoliberal é que aqui já se conhecem os seus resultados dramáticos e quem foram os autores materias e intelectuais dos desastres. Essa vantagem relativa é que permite um outro tipo de economia na contramão dos prognósticos negativos e, ao mesmo tempo, desenvolver uma batalha de idéias um pouco menos desigual".
Num momento em que a influência do paradigma neoliberal como "cânone organizador da ordem mundial" está fragilizado e diante do vazio teórico, é o momento de "retomar as idéias inspiradas por Prebisch e Furtado e outros mestres do estruturalismo latino-americano", afirma o Plano Fênix para a América do Sul.
Brasil no contexto mundial de incertezas econômicas
Por aqui tudo vai bem?
O Brasil está livre do perigo do contágio da crise da zona do euro? A nossa economia está robusta o suficiente para evitar as consequências da deterioração da economia mundial? Questões como essas formuladas recentemente por ocasião da crise mundial pós-2008, continuam pertinentes.
O ministro Guido Mantega reconhece a gravidade da crise, ao afirmar que "a crise piorou "um pouquinho’ e países emergentes começam a sofrer com fuga de capitais", porém ressalva que o Brasil está fora de perigo. Segundo o ministro, o problema não atinge o Brasil, mas outros países que têm reservas internacionais menores e por isso têm maior fragilidade no câmbio.
"O mundo pós-crise não é previsível", afirma o economista Carlos Lessa, e por isso mesmo o Brasil deve "botar suas barbas de molho", diz ele. Segundo o ex-presidente do BNDES, a presidente sabe que é necessário tomar cuidado e adotar políticas econômicas preventivas.
Essas medidas, segundo ele, passam pelo reforço do sistema bancário oficial [estatal] , expansão do crédito e redução das taxas de juros na perspectiva da manutenção de um mercado interno aquecido. Lessa sugere ainda cuidado com a desvalorização do real e com a crescente desindustrialização brasileira. Diz ele: "O câmbio tem que voltar a ser controlado. O Brasil não deve estimular empresas brasileiras a investirem no exterior (recentemente, duas indústrias de calçados do Rio Grande do Sul anunciaram que vão deslocar suas operações para a Nicarágua em busca de mão de obra barata e menor intervenção do Estado)".
Na opinião de Lessa, a presidenta Dilma está atenta aos desdobramentos da crise. "A presidente é economista, com sólida formação e ampla informação". Comenta, porém: "Somente critico a presidente pela modéstia das medidas. Outra presidente sul-americana, que vem adotando medidas radicais de defesa nacional, acabou de receber uma reeleição consagradora. A timidez não é sábia em momentos de crise mundial".
A referência à Argentina feita por Lessa é partilhada pelo economista chileno Gabriel Palma: "Argentina é diferente na América Latina, tanto na política monetária quanto nos problemas que tem. Não que eu seja otimista, mas ao menos, uma coisa interessante na Argentina é que se está tomando medidas mais agressivas, mais pragmáticas, no sentido de uma política monetária expansiva, uma política fiscal expansiva, de uma regulação dos fundos de pensão e de outras partes do mercado financeiro. Pelo menos está fazendo algo".
Sobre o Brasil, o economista afirma que os problemas se concentram nas altas taxas de juro e no fato de que "o êxito tem se baseado no crescimento dos preços das commodities e na grande entrada de capital estrangeiro". Em sua opinião a "sorte" do Brasil são suas reservas. "O mais importante que vai minorar o ajuste são as grandes reservas que tem o Banco Central; é um grande colchão. Isso México, Peru e Chile não têm. Com sorte, o Brasil vai seguir. Com má-sorte vai desacelerar mais", destaca.
Um sinal de que o Brasil está preocupado com as consequências advindas da crise da zona do euro pode estar no movimento do Banco Central de redução da taxa de juros. A medida objetiva manter aquecida a economia interna. Foi vista, porém, com desconfiança pelo mercado financeiro, na contramão da pressão inflacionária que em sua opinião exigiria medida exatamente contrária.
O economista e ex-ministro Delfim Netto considerou acertada a decisão: "O angustiante quadro mundial revela que as hipóteses da política econômica brasileira estão a confirmar-se. Mais do que isso, ele dá razão à política monetária (apoiada numa política fiscal mais austera) que tenta antecipar-se à queda da nossa taxa de crescimento reduzindo a taxa de juros real".
Na realidade, o governo Dilma tem oscilado entre medidas de caráter liberal e keynesianas. O pêndulo de Dilma na economia tem por um lado a preocupação com a economia interna, mas também o horizonte do cenário mundial. As medidas, sobretudo macroeconômicas, desejam responder ao contexto internacional de crise.
Até o momento, assiste-se a um discurso confiante do governo, da capacidade do país resistir à conjuntura econômica mundial adversa. Um discurso com certo tom ufanista e triunfalista que se vale do crescimento econômico obtido pelo país nos últimos anos e do acenso social de milhares de brasileiros via mercado de consumo.
Essa interpretação precisa entrentanto ser complexificada. Como vimos destacando em análises anteriores é fato incontestável o crescimento do Brasil, porém persistem problemas e gargalos. Na economia é sério os riscos de desindustrialização face a crescente commoditização da balança comercial. Na área social, apesar da crescente acesso ao mercado de consumo por milhares de brasileiros, persiste no país um enorme passivo social. Ao lado desses temas, tem-se ainda o passivo ambiental que já não pode ser visto como uma externalidade a economia de mercado.
Desindustrialização. Má notícia em tempos de crise mundial
O peso da indústria de transformação na economia nacional já foi na ordem de 30% nos anos 70, hoje está na ordem de 20% nas avaliações mais otimistas. Proporcionalmente ao encolhimento da indústria junto ao PIB brasileiro, assiste-se ao crescimento da economia baseada em produtos primários, a denominada commoditização ou ainda reprimarização da economia, com o avanço do agronegócio e da mineração. A pauta de exportações brasileira é feita, sobretudo, de produtos básicos, de commodities e mercadorias de baixa tecnologia, por outro lado, cresce a pauta de importação de bens manufaturados.
Economia desindustrializada significa perda de competitividade no mercado internacional. É na indústria de transformação que se desenvolve pesquisa e tecnologia o que possibilita ganhos para o conjunto da economia de um país. Por outro lado, a desindustrialização precariza o mercado de trabalho.
Como resposta e reação a crescente desindustrialização, o país anunciou recentemente o plano Brasil Maior. Sobre o plano, o jornalista Vinicius Torres Freire afirma que "a política industrial de Dilma é um programa de defesa comercial disfarçado e um analgésico para o real forte". A crise da zona do euro e a crise americana estão por detrás das medidas do Plano Brasil Maior.
O debate sobre a desindustrialização brasileira tem sido recorrente no sítio do IHU e duas revistas IHU On-Line, entre outras, dedicaram-se particularmente ao tema: O Brasil está se desindustrializando? Um debate – IHU On-Line n. 218 e Economia brasileira. Desafios e perspectivas - IHU On-Line n. 338.
A questão social
Apesar dos reiterados indicadores de que a economia brasileira cresce, de que milhares de brasileiros chegaram à classe C - calcula-se que 58% da população pertencerá à classe C em 2014 – num vigoroso movimento de mobilidade social para a parte de cima da pirâmide, os indicadores sociais brasileiros indicam que a questão social permanece como um grande desafio na sociedade brasileira como se pode perceber da divulgação do último Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, segundo o Relatório de Desenvolvimento de 2011 do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
O IDH, que varia entre zero e um (quanto mais próximo de um, maior o nível de desenvolvimento humano), leva em conta as realizações médias de um país em três dimensões: a possibilidade de usufruir uma vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento e um padrão de vida digno.
O Brasil ficou na 84ª posição entre 187 países. Considerando a divulgação dos anos anteriores, a posição brasileira é de estagnação. Segundo o economista Flávio Comim, "o Brasil sobe a "ladeira do IDH’ como uma pessoa sedentária sobe uma montanha: vem para cima, mas diminuindo cada vez mais o passo e um pouco ofegante".
De acordo com Comin, "esse desempenho lento do Brasil tem nome e sobrenome: chama-se falta de investimento na educação e saúde e baixo impacto dos mesmos. Enquanto a renda nacional bruta per capita passou de US$ 7.689 em 2000 para US$ 10.162 em 2011 (crescimento de 32%), na educação, os anos médios de estudo dos brasileiros acima de 25 anos passaram de 5,6 anos em 2000 para 7,2 anos em 2011 (crescimento de 28.6%)".
O economista acrescenta que "por sua vez, a expectativa de vida escolar caiu no mesmo período de 14,5 para 13,8 anos (redução de 5%). Na saúde, a expectativa de vida ao nascer passou de 70,1 em 2000 para 73,5 em 2011 (crescimento de 5%)". Conclusão de Flávio Comim: "Assim, pode-se dizer que o progresso nas áreas da saúde e da educação foram bem menos significativos do que os avanços na renda".
O economista Eduardo Fagnani contesta a análise de Flávio Comim. Segundo ele, "a questão social no Brasil é uma chaga secular", porém considera que não se pode negar os avanços realizados.
Outro indicador que revela o gap social no país é da pobreza infantil. A Cepal e a Unicef divulgaram nos últimos dias um relatório que reflete a situação da pobreza infantil na América Latina. A pobreza na América Latina chega a 45% do total de menores que vivem na região. Isto quer dizer que existem 80,9 milhões de menores que têm uma ou várias necessidades básicas insatisfeitas. O Brasil, uma das potências econômicas da região, tem uma pobreza infantil de 38,8%.
O resultado do relatório Índice de Desenvolvimento Humano 2011, que colocou o País na 84.ª colocação entre 187 países, provocou uma irada reação – incitada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – do governo brasileiro.
A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, contesta os dados do Pnud ao afirmar que o relatório usa números de 2006, o que impede o registro de avanços significativos do País nos últimos cinco anos. "É justamente depois de 2006 que o Brasil avançou significativamente nas questões da pobreza multidimensional. A partir de 2007, incorpora-se uma parcela grande de pessoas ao Bolsa Família, há a valorização do salário mínimo, da agricultura familiar, ampliação significativa do programa Luz para Todos. Se conseguirmos incorporar os números mais recentes no próximo relatório, certamente teremos um salto muito grande", disse ela.
Quem também entrou na briga contra dos dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Pnud foi o Ipea. O instituto começa a botar em cheque a credibilidade do relatório do Pnud e diz estar pronto para produzir um IDH próprio, caso o Pnud não se mostre convincente.
Apesar da reação do governo, o IDH deixa patente o passivo na área social no país. A resposta pode estar no fato de que crescimento econômico, expansão no consumo, não resolve por si só os problemas estruturais da sociedade brasileira, particularmente na área da saúde e educação.
A questão ambiental. O desafio de dialogar com a economia
A temática ambiental exige uma leitura associada ao tema da crise mundial. O meio ambiente e a economia não são temas desconexos. O proprio relatório do Desenvolvimento Humano 2011, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e citado anteriormente, é em grande medida voltado às questões ambientais. O documento se intitula "Sustentabilidade e Equidade: Um Futuro Melhor para Todos" e fala da influência do meio ambiente sobre o desenvolvimento dos países.
O relatório ressalta que uma pessoa num país com um IDH muito elevado é responsável, em média, por mais de quatro vezes as emissões de dióxido de carbono e cerca de duas vezes as emissões de metano e óxido nitroso de uma pessoa num país com IDH baixo, médio ou elevado.
O Pnud aponta que existe uma relação não linear entre o IDH e as emissões de carbono num país. Nações com maiores emissões tendem a ter atividade econômica maior, o que faz seu IDH aumentar, mas não implica que tenham bons indicadores em outras componentes do índice, como saúde e educação.
Mas há outras questões ambientais que podem ser mais claramente relacionadas com o IDH. As privações ambientais vividas pelas famílias, como a poluição do ar e a falta de acesso a água potável e saneamento, por exemplo, são mais graves nas regiões com níveis mais baixos de IDH e diminuem à medida que o índice aumenta.
O Pnud considera que, de maneira geral, as tendências ambientais ao longo das últimas décadas "demonstram uma deterioração em diversas frentes", com efeitos negativos no desenvolvimento humano, especialmente para as pessoas que dependem diretamente dos recursos naturais para subsistência.
Logo, o Pnud revela que a separação entre economia e ecologia é errônea e desastrosa. Impulsionada, entretanto, pela ideia de progresso linear e quantitativo assentado sobre o crescimento econômico e recursos naturais ilimitados, a economia, na sociedade industrial, foi se desvencilhando gradativamente do meio ambiente e passou a medir as riquezas dos países com o redutor índice do Produto Interno Bruto (PIB) que não leva em consideração o ativo ambiental, para ficar nos conceitos econômicos.
Esta visão justificou – e ainda justifica – a visão predatória dos recursos naturais, a extinção da biodiversidade, a poluição. Isso fundamentalmente porque a natureza foi considerada pela economia como uma externalidade, isto é, como algo que não entra no cálculo econômico. Justificava-se a destruição da natureza em vista da criação de "riqueza".
Um exemplo de que a ecologia ainda continua sendo uma "externalidade" à economia pode ser vista no debate sobre o código florestal. Isso para ficar apenas em um exemplo e não citar a construção de mega-hidrelétricas – Belo Monte, Complexo Madeira, Complexo Tapajós –, abertura de rodovias e hidrovias, ampliação da exploração de madeira e minérios, expansão da pecuária e das monoculturas da soja e da cana-de-açucar.
A Reforma no Código Florestal é motivada por lógica produtivista. No Novo Código Florestal falta sinergia entre economia e ecologia. Para o pesquisador Dieter Wartchow em entrevista ao IHU, "estudar e cuidar da "casa’ pode significar um processo de desenvolvimento econômico mais duradouro e sustentável. Neste, nota-se certo cartesianismo nos percentuais e números propostos, visto que, a natureza tem características singulares de acordo com o bioma e região."
"Não dá mais para tratar a natureza como um modelo de negócio’", insiste Carlos Alberto Scaramuzza também em entrevista ao IHU. Segundo ele, "hoje, se não tivermos o quarto capital, que é o natural, todos os negócios estão falidos, ou por questões de produtividade ou por deixarem os recursos existentes para a produção. Isso se aplica à agricultura e à qualquer outra questão. Não dá mais para tratar a natureza como um modelo de negócio".
A aprovação da reforma – para pior – no Código Florestal coloca a nú a subordinação da agenda ambiental à agenda econômica. Nos três anos em que esse tema pautado pela bancada ruralista se encontra em debate, o governo pouco fez para impedir o avanço das teses do agronegócio. Os acontecimentos da última semana envolvendo o debate do código florestal apens confirmam essa tese.
No contexto acima, e tendo presente o debate da crise mundial, destacamos a vinda nessa semana ao Brasil de Serge Latouche. O economista, sociólogo e antropólogo Serge Latouche, professor na Universidade de Paris-Sul (Paris), é uma dos nomes mais respeitados no debate sobre as implicações da obsessão pelo crescimento na vida das sociedades.
Na opinião do economista Serge Latouche, "a obsessão pelo crescimento econômico nos levará à destruição. Uma taxa de crescimento de 2% - extremamente modesta -, fará com que em 2050 não serão precisos três ou seis planetas, e sim dezenas de planetas e isso não temos como encontrar de nenhum modo", afirma. Segundo o economista, o nosso modo de produzir e de consumir é condenatório da existência humana. "Precisamos apostar no decrescimento, caso contrário estaremos condenados a viver em uma sociedade de explosão, de destruição, ou seja, a lógica na aposta do decrescimento é uma aspiração à justiça levando em conta o fator ecológico, entrando em uma via razoável da democracia ecológica", aponta Latouche.
"Como sair da sociedade do crescimento, como organizar essa sociedade do decrescimento?", é a questão formulada pelo economista e objeto dos seus estudos nos últimos anos.
O autor tem como referência em sua produção teórica o pensamento dos economistas Nicholas Georgescu-Roegen e Ivan Illich.
Serge Latouche estará no Brasil de 10 a 28 de novembro e proferirá conferências em Cuiabá, Foz de Iguaçu, Curitiba, Porto Alegre e São Leopoldo. A iniciativa da vinda de Latouche é do Instituto Humanitas Unisinos – IHU e contará com o apoio da rede SJ-Cias. O conteúdo de suas conferências poderá ser visto nos próximos dias no sítio do IHU.
Conjuntura da Semana em frases
Bala forte
"Para me tirar, só abatido a bala. E tem que ser bala forte, porque sou pesadão. Eu tenho santo forte. Eu ainda vou carregar o caixão de muita gente que quer me ver carregado" - Carlos Lupi, ministro do Trabalho e Emprego – Valor, 09-11-2011.
Te amo!
"Presidente Dilma, desculpe se fui agressivo, não foi a minha intenção: eu te amo" – Carlos Lupi, ministro do Trabalho – Folha de S. Paulo, 11-11-2011.
Alertado, ele foi!
"A gente fez um alerta de que era preciso cuidado porque não era possível continuar com essa política [de convênios]. A gente fez um alerta geral na época, e ele (Lupi, ministro do Trabalho) assegurou que o que precisava ter sido feito foi feito" – Gilberto Carvalho, ministro do governo Dilma - Folha de S. Paulo, 07-11-2011.
"Bendito é o fruto"
"Dilma, Gleisi, Ideli e "o bendito é o fruto" Gilberto Carvalho estão exaustos do roteiro que começa com denúncia na imprensa, segue com esperneio do ministro e acaba na queda" – Eliane Cantanhêde, jornalista – Folha de S. Paulo, 10-11-2011.
Gerentão
"Tem grão-petista achando que Gilberto Carvalho deveria ocupar mais espaço na vida partidária, caso Lula precise ficar muito tempo afastado. Avalia que, hoje, ele é o único capaz de unificar o PT e evitar que disputas internas prejudiquem a reeleição de Dilma" – Sônia Racy, jornalista – O Estado de S. Paulo, 09-11-2011.
Curinga
"Como tenho mais experiência de governo, Dilma pede minha ajuda em alguns momentos. Depois eu me recolho e a Ideli faz o trabalho dela" – Gilberto Carvalho, ministro do governo Dilma, respondendo à avaliação que circula em Brasília de que tem atropelado a colega Ideli Salvatti em negociações com a base – Folha de S. Paulo, 07-11-2011.
Ministros e Freixo
"Dos cinco ministros que caíram sob suspeitas, por exemplo, dois voltaram tranquilamente para seus gabinetes no Congresso, e os demais, às suas atividades profissionais ou empresariais, enquanto Freixo tem de se esconder e fugir para sobreviver" – Eliane Cantanhêde, jornalista – Folha de S. Paulo, 06-11-2011.
Vergonha
"Os políticos não são todos iguais, mas há algo de estranho num reino em que os maus se dão bem e os bons é que têm medo e precisam sair correndo. A fuga de Marcelo Freixo é uma vergonha nacional" – Eliane Cantanhêde, jornalista – Folha de S. Paulo, 06-11-2011.
Intervenção
"Causa espanto que a escolha de governos nacionais seja, na prática, negociada em gabinetes de autoridades transnacionais e de organismos multilaterais do mundo financeiro - e tudo isso na Europa, não num país falido da América Latina, como acontecia na década de 1980" – editorial "Intervenção na Europa" – Folha de S. Paulo, 11-11-2011.
Quem paga a conta?
"O atropelo para aprovar a DRU teve como álibi a urgência da crise. Mas não é o governo que diz que não há crise no Brasil? O pior é que a conta vai ser paga pela área social" – Ivan Valente, deputado federal – PSOL-RJ, sobre o discurso usado pelos governistas para justificar a prorrogação da vigência da Desvinculação de Receitas da União até 2015 – Folha de S. Paulo, 10-11-2011.
E o BC tinha razão
"O angustiante quadro mundial revela que as hipóteses da política econômica brasileira estão a confirmar-se. Mais do que isso, ele dá razão à política monetária (apoiada numa política fiscal mais austera) que tenta antecipar-se à queda da nossa taxa de crescimento reduzindo a taxa de juros real" – Antonio Delfim Netto, economista – Folha de S. Paulo, 09-11-2011.
Ler-QI
"Nossa luta é para derrotar o capitalismo a partir de uma estratégia de luta de classes" - Marcelo Pablito, de 29 anos, diretor do Sintusp, militante da Liga Estratégia Revolucionária (LER-QI) - QI é uma referência à Quarta Internacional -, que ocupa a reitoria da USP – O Estado de S. Paulo, 06-2011.
Revolução sem volta
"Pessoal, a gente pode estar a poucos dias de desencadear um processo de revolução sem volta. Isso é fazer história!" – Rafael, estudante da Letras da USP, um dos fundadores do Movimento Negação da Negação – O Estado de S. Paulo, 06-11-2011.
Cracolândia
"Não se pode tratar a USP como se fosse a cracolândia. Nem a cracolândia como se fosse a USP" – Fernando Haddad, ministro da Educação – PT – Folha de S. Paulo, 09-11-2011.
"Essa declaração mostra que o ministro Haddad não conhece o que se passou na USP nem na cracolândia. A USP trata-se de baderneiros mimados e a cracolândia é um problema de saúde pública" - Andrea Matarazzo, secretário de Estado da Cultura – PSDB – Folha de S. Paulo, 09-11-2011.
Tabaco
"Me parece uma contradição que os gaúchos tenham uma escolaridade e uma cultura mais desenvolvidas do que outras regiões do país e fumem mais (18,8% da população do Estado fuma todos os dias, contra uma média nacional de 15,1%). Mas acredito que esse nível de educação permitirá a muitas pessoas largar o tabaco" – Dráuzio Varella, médico – Zero Hora, 12-11-2011.
Consciência
"Tinha prometido não falar mais do Pelé. Pelé fala tanta merda... Pelé não tem porra de consciência do que está acontecendo no país" – Romário, deputado federal – PSB-RJ – Folha de S. Paulo, 12-11-2011.
Amarradão
"Eu não sabia que tinha esse dom para a política. Tô amarradão" – Romário, deputado federal – PSB-RJ -, ex-jogador de futebol – Agência Estado, 04-11-2011.
Ah, então tá!
"Ao contrário dos Jogos Olímpicos, em que a maioria dos custos de organização são do país-sede, a Copa é uma operação completamente privada" - Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa – Folha de S. Paulo, 12-11-2011.
Geração da vaidade
"A nova geração de homens usa brinco e tatuagem. Porque é a geração da noite, do funk, do piercing. Não é a geração da liberdade, da contestação, como foram os hippies. É a geração da vaidade. Eles, artistas, dançarinas de bunda de fora, jogadores, foram capturados [pela indústria da fama]. Todo time tem uma ou duas exceções, e elas são tratadas como bibelôs" – Emerson Leão, treinador do São Paulo – Folha de S. Paulo, 11-11-2011.
Mora na filosofia!
"Tem pichação nova nos muros de Brasília: "Não basta ser desonesto, tem de parecer desonesto!" Parece coisa desses conselhos de ética que tem por lá, né?" – Tutty Vasques, humorista – O Estado de S. Paulo, 12-11-2011.
Vanusa
"Antes de anunciar sua saída do páreo das prévias, Eduardo Suplicy puxou um Pai Nosso para Lula no sábado e esqueceu a oração. Teve de ser ajudado pela plateia de São Matheus" – Renata Lo Prete, jornalista – Folha de S. Paulo, 07-11-2011.
Pindaíba
"Adorei a charge do Salvador com a professora: "Onde fica a Grécia?". "Na Pindaíba." Isso. Grécia, capital Pindaíba! Aliás, o capital tá na pindaíba!" – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 05-11-2011.
Nem, não Enem!
"A frase que tá na boca do povo: prenderam o traficante porque ele se chamava Nem, se fosse Enem tinha vazado!" – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 12-11-2011.
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Conjuntura da Semana. Crise do euro: Europa redescobre seus novos pobres. No Brasil tudo vai bem? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU