Possibilidade de plebiscito na Grécia causa a ira do mercado

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03 Novembro 2011

Os jornais destacam a crise generalizada nas bolsas do mundo inteiro, pelo fato de o Primeiro Ministro da Grécia, George Papandreou, ter proposto um Plebiscito para que a população grega decida se aceita ou não as medidas propostas pelos líderes da União Européia, na semana passada: demissões em massa, cortes de gastos sociais, privatizações, dentre várias outras.

A reportagem é do sítio Movimento Auditoria Cidadã, 01-11-2011.

Apesar de ainda não estar claro o real objetivo político de Papandreou com esta proposta, o certo é que, mais uma vez, ficou evidente que o "mercado" (ou seja, os rentistas) não quer nem ouvir falar em democracia real, atualmente reivindicada pelas manifestações no mundo todo. A pressão do "mercado" é imensa, mesmo que tal Plebiscito seja apenas uma possibilidade (já dificultada pelo fato de o governo ter uma frágil maioria no Parlamento), e sequer possa decidir sobre as inúmeras medidas nefastas já aprovadas antes deste novo pacote da União Européia (UE).

Como sempre, a grande imprensa cobriu este episódio dando a entender que a Grécia e sua população seria irresponsável, "caloteira", por submeter a voto as medidas de "austeridade" colocadas como condição para os rentistas aceitarem uma redução da dívida. Porém, omite-se que foram os próprios bancos privados que estimularam a Grécia a se endividar fortemente (inclusive com a utilização de instrumentos ilegais de endividamento), e depois multiplicaram as taxas de juros exigidas para o refinanciamento destas dívidas.

Também não se fala que tais bancos sempre dispuseram de auxílio ilimitado do Banco Central Europeu (BCE) durante a crise global iniciada em 2008, tendo acesso a empréstimos baratos (de cerca de 1% ao ano) para emprestarem à Grécia por taxas várias vezes maiores. Nos últimos meses, os rentistas – em conluio com as "agências de classificação de risco" - estavam exigindo juros de mais de 15% ao ano para refinanciar a dívida grega, o que caracteriza um autêntico cartel, e uma total alteração das condições anteriores, o que pode ser questionado pelo artigo 62 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados.

Tal aumento deliberado das taxas de juros empurrou a Grécia para o FMI e a UE, para tomar empréstimos (necessários para o refinanciamento da dívida anterior) condicionados, claro, a medidas nefastas neoliberais.