11 Novembro 2011
Prognósticos econômicos da Comissão Europeia alertam para o risco de recessão no continente. As três maiores economias do bloco europeu estão em queda e as perspectivas são sombrias.
A reportagem é do sítio Deutsche Welle, 10-11-2011.
O crescimento econômico na Europa está estagnado. "Existe o risco de uma nova recessão", alertou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, nesta quinta-feira (10/11), em Bruxelas.
A economia italiana enfrenta cada vez mais problemas. Em setembro útlimo, a produção industrial do país altamente endividado caiu 4,8% em relação ao mês anterior. Essa foi a maior queda desde dezembro de 2008, informou o instituto italiano de estatísticas (Istat) nesta quinta-feira.
Com um decréscimo de 1,7% em sua produção industrial, também a França registrou surpreendentemente números negativos em setembro. Na Alemanha, essa queda foi de 2,7%, a maior desde o início de 2009. As dificuldades nas três maiores economias da zona do euro são um sinal de que o espaço da moeda comum tem tempos difíceis pela frente, disse o comissário europeu.
O Produto Interno Bruto (PIB) irá "estagnar durante grande parte de 2012" em toda a União Europeia (UE), e no restante do ano, ele deverá crescer somente 0,6%, acrescentou Rehn. Em 2011, a Comissão Europeia prevê um crescimento médio do PIB de 1,6% para o bloco europeu. Nos 17 países da zona do euro, esse crescimento será um pouco menor: 1,5% em 2011 e 0,5% em 2012.
Na Alemanha, a Comissão prevê um aumento de 0,8% em 2012. Para a Grécia, as previsões de Bruxelas são sombrias: um retrocesso de 5,5% no PIB neste ano e de 2,8% no ano que vem. Em 2013, todavia, Atenas deverá vivenciar um minicrescimento, prevê a Comissão.
Também no mercado de trabalho, a Comissão Europeia não antevê "nenhuma melhora real", explicou Rehn. A taxa média de desemprego de 9,7% na UE deverá subir para 9,8% em 2012. Na Alemanha, no entanto, o desemprego deverá diminuir de 6,1%, em 2011, para 5,9% no próximo ano. A taxa de desemprego de 20,9% da Espanha – líder europeia nesse quesito – deverá se manter.
Alerta a Grécia e Itália
A montanha de dívidas dos orçamentos públicos também deverá continuar a crescer. Segundo os prognósticos, caso as medidas de ajuda à Grécia não surtam efeito, o endividamento público do país poderá subir para quase 200% de seu PIB, em 2012 e 2013. Para toda a UE, no próximo ano, essa média deve ser de 84,9%. No ano que vem, o nível de endividamento da Itália deverá continuar em 120,5% do PIB.
O endividamento permitido pela União Europeia aos países-membros deve perfazer no máximo de 60% do PIB desses países. Por isso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Comissão Europeia alertaram a Grécia e a Itália para que atinjam rapidamente a estabilidade política.
Após vários dias de disputas, a procura de um novo governo parece ter avançado em ambos os países. Em Atenas, socialistas e conservadores chegaram ao consenso em torno do nome de Lucas Papademos, antigo vice-presidente do Banco Central Europeu, para assumir a chefia do governo de transição. Na Itália, aumentam as chances de que o ex-comissário europeu Mario Monti se torne o sucessor de Silvio Berlusconi.
Volatilidade dos mercados
Em Bruxelas, o comissário Rehn enviou um recado claro a Roma: "A principal tarefa da Itália é restabelecer a estabilidade política". Também a diretora-gerente do FMI, a francesa Christine Lagarde, exigiu durante uma visita à China "clareza política" em Roma.
Segundo Lagarde, as incertezas na crise de governo em torno do primeiro-ministro Silvio Berlusconi contribuem sobretudo para a volatilidade dos mercados financeiros.
Todavia, a situação no mercado de títulos italianos melhorou consideravelmente. Depois de os juros cobrados sobre os títulos públicos italianos terem superado a marca dos 7% esta semana, eles caíram bem abaixo dessa marca nesta quinta-feira. Segundo os investidores, as notícias positivas por parte da política italiana foram uma das razões para a melhora.
Perspectivas sombrias
Tendo em vista a iminente piora conjuntural, o Banco Central Europeu (BCE) alertou os governos do continente para que realizem profundas reformas. O Conselho do BCE exige de "todos os governos do bloco europeu para que acelerem a implantação de reformas estruturais substanciais e abrangentes", escreveu o BCE em seu relatório de novembro divulgado nesta quinta-feira.
Segundo uma pesquisa entre especialistas do BCE, as perspectivas são cada vez mais sombrias. As expectativas para o desenvolvimento econômico no bloco europeu são cada vez mais pessimistas tanto para este ano quanto para 2012 e 2013.
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Europa está à beira de uma recessão, alerta Comissão Europeia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU