Na sexta-feira, em meio ao debate político na Itália sobre a sucessão de Silvio Berlusconi,
Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, disparou contra os pedidos de antecipação do sufrágio de 2013 em Roma: "O país precisa de reformas, não de eleições".
A reportagem é de
Andrei Netto e publicada pelo jornal
O Estado de S. Paulo, 13-11-2011.
Enquanto a
Primavera Árabe derruba ou ameaça ditadores no norte da África e no Oriente Médio, um inédito
Outono Europeu derruba em sequência líderes políticos. Depois de
George Papandreou e
Silvio Berlusconi, a próxima vítima da degola é
José Luiz Rodríguez Zapatero.
No poder há sete anos,
Zapatero e o
Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) enfrentam eleições gerais na Espanha já preparados para o pior: deixar o Palácio Moncloa, sede do poder de Madri, expulsos pela impopularidade causada pela austeridade extrema, a recessão crônica e uma taxa de desemprego digna de guerra, a maior da Europa Ocidental no momento: 21,5%.
Pesquisas de opinião divulgadas nesta semana anunciam uma ampla vitória do
Partido Popular (PP), de centro-direita, e de seu líder,
Mariano Rajoy. Segundo as sondagens da semana,
Rajoy tem cerca de 46% dos votos e deve somar 195 deputados, de um total 350. Seu oponente,
Alfredo Perez Rubalcaba, ex-ministro do Interior de Zapatero, agregaria 30% dos votos e uma bancada de 121 deputados. Em Madri, ninguém tem dúvidas sobre a razão da surra:
Zapatero é visto como o vilão, o líder fraco que afundou a Espanha na austeridade e na recessão.
Na luta desesperada para evitar a fúria dos mercados,
Zapatero multiplicou os cortes nos investimentos e na máquina pública, acentuando a desaceleração. No apanhado dos últimos quatro trimestres, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu apenas 0,8%, porcentual inferior às previsões oficiais - de 1,3% - e, sobretudo, insuficiente para reverter a tendência do desemprego. No terceiro trimestre, a geração de riquezas foi de 0,2%, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), provocando queda de arrecadação e a incapacidade de reduzir o déficit público a 6%, como prometido.
Ao derrubar
Zapatero, a crise na Europa fará sua oitava vítima desde novembro de 2008. Antes dele, caíram
Geir Haarde, na Islândia;
Gordon Brown, no Reino Unido;
Brian Cowen, na Irlanda;
José Sócrates, em Portugal;
Iveta Radicova, na Eslováquia;
George Papandreou, na Grécia; e
Silvio Berlusconi, na Itália. Todos sofreram pressões simultâneas da opinião pública e dos mercados financeiros por não terem sido capazes de evitar o contágio pela turbulência. Para
Philippe Dessertine, professor de economia do Institut de Haute Finance, da França, não adianta culpar as bolsas de valores. "Não são os mercados que ganham influência. O problema é que nós não respondemos a eles."
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Governo espanhol deve ser o oitavo a cair por causa da crise europeia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU