Venezuela. O mal absoluto e os democratas inocentes. Artigo de Jorge Alemán

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07 Agosto 2024

“Nunca na história moderna um país, que muitos na Europa ainda não sabem encontrar no mapa, transformou-se em uma metáfora do mal e do insulto que suspende a continuação de qualquer diálogo”, escreve Jorge Alemán, psicanalista e escritor, em artigo publicado por Página|12, 04-08-2024. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Desde o seu início, a experiência bolivariana se tornou para o poder ocidental um mal absoluto, sem limites, nem mediações. Muitos passaram por este estigma maldito: os governos nacionais e populares e, portanto, o kirchnerismo. Depois, a maldição atravessou o Atlântico e ouvi deputados franquistas e intelectuais supostamente progressistas sobre os perigos de que a Espanha, em um passe de mágica, virasse uma Venezuela.

Porém, tudo isto estava apenas começando. Depois, Jean-Luc Mélenchon era chavista, Jeremy Corbyn e Bernie Sanders também e, agora, o próprio Pedro Sánchez já foi acusado de ditador. A Venezuela foi o nome encobridor que permitiu à direita global simular uma inocência “democrática”.

Nunca na história moderna um país, que muitos na Europa ainda não sabem encontrar no mapa, transformou-se em uma metáfora do mal e do insulto que suspende a continuação de qualquer diálogo.

Tudo isto não poderia deixar de ser eficaz. Como costuma acontecer, o país atacado pela direita mundial se fechou, a tragédia da morte do Comandante se somou ao desastre, o socialismo do século XXI nunca teve uma teoria pertinente e, depois, a burocracia e o Exército foram desativando o poder popular. Ao mesmo tempo, a Venezuela nunca teve a retaguarda da União Soviética, que protegeu Cuba. E, finalmente, nem todo o desastre venezuelano era responsabilidade exclusiva do imperialismo.

Tudo isto deixa como saldo a seguinte situação: o fracasso histórico da esquerda na época da pós-revolução, o poder predatório do neoliberalismo sobre o planeta, a penúria de dispor de matérias-primas, no mundo do poder nuclear, sem defesa militar. E o mais grave que está acontecendo: os Estados Unidos impedirem que a mediação para evitar uma catástrofe, tentada por Lula, Petro e López Obrador para chegar a um acordo pacífico, possa ser organizada.

Há muito tempo, o neoliberalismo conhece o impasse sobre o qual a esquerda se sustenta e, portanto, entende que o seu projeto de apropriação não permite às experiências de justiça social, no momento, pensar em impor um limite à sua extensão mortífera.

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