13 Junho 2025
Executiva volta a defender multilateralismo e lembra bilhões necessários para reconstruções de Los Angeles e do Rio Grande do Sul.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 12-06-2025.
Ana Toni, CEO da COP30, alerta em entrevista à Folha que o mundo subestima os custos da inação climática – e que estes recaem sobre indivíduos e orçamentos públicos. A economista dá os exemplos das enchentes no Rio Grande do Sul e dos incêndios em Los Angeles, que demandaram bilhões em reconstrução, e defende que que a COP30, em Belém, seja marcada por ações concretas, mesmo com desafios como a saída dos EUA do Acordo de Paris e a crise do multilateralismo.
“Esperamos nessa COP falar de financiamento de uma maneira mais granular. Financiamento para reflorestamento, para renováveis, para adaptação. Queremos trazer quem tem os instrumentos econômicos, os financiadores, as prefeituras, o setor privado para que esses projetos virem reais”, afirmou Ana Toni.
A CEO também abordou os ataques à agenda climática, citando o lobby de setores como o de combustíveis fósseis e o agronegócio: “Estamos no meio da transição. Temos uma economia baseada em combustível fóssil e numa agricultura expansionista com poder ainda muito consolidado na política”.
No que se refere ao financiamento, Ana Toni pode nutrir esperanças. A presidência da COP30 comemorou na tarde desta 4a feira (11/6) a formulação de um documento-base para unir esforços de financiamento climático dos BRICS, bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A expectativa é finalizar um acordo antes da conferência em Belém, informa o Um Só Planeta.
Sobre os desafios de hospedagem na capital paraense, um passo foi dado. O governo federal e representantes do setor imobiliário de Belém assinaram na 3a feira (10/6) um Termo de Compromisso de Boas Práticas para disciplinar a hospedagem durante a Conferência, após os preços de aluguéis temporários dispararem na cidade com diárias ultrapassando o valor de R$ 2 milhões para o período do evento – o que levou delegações estrangeiras a reduzirem suas comitivas.
O acordo estabelece diretrizes para transparência e preços justos e visa a garantir opções acessíveis aos cerca de 50 mil visitantes esperados, incluindo imóveis na plataforma oficial da COP30. As informações são do Pará Terra Boa. Conforme divulgado na EXAME, o índice FipeZAP mostrou que a capital do Pará já entra no pódio como a segunda com o metro quadrado mais caro do país. A Latam Airlines anunciou a expansão de sua malha aérea para Belém a partir de agosto, antecipando parte da operação especial planejada para a COP30 em novembro, noticia a Aeromagazine. E, mesmo com toda essa disputa, o Diário do Nordeste convida para um passeio pela cidade de Belém, para além dos estereótipos, como forma de construir uma narrativa mais complexa sobre o território.
Na Folha Leonardo Sobral, engenheiro florestal e diretor de Florestas e Restauração do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), explica que o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa a ser lançada na COP30, propõe um modelo permanente de financiamento climático para a proteção de florestas tropicais, rompendo com a lógica de aportes intermitentes. O mecanismo, liderado pelo Brasil, investirá recursos em ativos de renda fixa para gerar dividendos contínuos a países e comunidades que preservam seus ecossistemas, combinando políticas públicas, participação social e tecnologias de monitoramento em tempo real.