25 Março 2025
A COP30 “não pode cair nas armadilhas dos últimos anos: estagnação na eliminação gradual dos combustíveis fósseis, acordos de última hora e promessas quebradas sobre financiamento climático”, enfatiza o documento de líderes religiosos, representantes de organizações ecumênicas da América Latina e do Caribe, que foi entregue à ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil, Marina Silva, em Brasília, no último dia da reunião do grupo.
A reportagem é de Edelberto Behs.
O documento destaca que “os compromissos assumidos na COP29 ficaram muito aquém do financiamento necessário para que os países em desenvolvimento enfrentem as mudanças climáticas”, como é o caso do Fundo de Perdas e Danos. Os governos devem responder à emergência climática e agir com urgência necessária, acelerar uma transição justa para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, além de apoiar as comunidades na adaptação às mudanças climáticas e priorizar as vozes dos mais afetados pela crise climática.
“Nossos territórios, que consideramos sagrados, estão sendo destruídos”, diz o documento. “Estamos testemunhando a destruição da Amazônia, de outros ecossistemas e das pessoas que vivem lá, causada pela agricultura de larga escala, mineração e extração de combustíveis fósseis”. As atividades, em nome do “progresso”, buscam apenas ilimitada concentração de capital, afirmam os signatários.
O documento pede o cumprimento das promessas de financiamento, lembrando que foi acenado o investimento no combate à crise climática de 1,3 bilhão de dólares até 2035. Também pede que a COP30 crie condições que permitam a participação e reconhecimento das populações mais afetadas e excluídas do processo, fomentando a confiança e a solidariedade.
Reivindica, ainda, a garantia de integralidade do Fundo de Perdas e Danos, incluindo tanto os impactos econômicos como os não econômicos, com a entrega das subvenções ainda neste ano. Destaca que comunidades da América Latina e do Caribe enfrentam impactos climáticos devastadores e recorrentes, demonstrando resiliência e criatividade em sua adaptação. O documento, pede, então, que os governos incrementem significativamente o financiamento em resposta às necessidades de adaptação.
O documento vem assinado, entre outros, pela bispa primaz Marinez Bassotto, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; bispa Guadalupe Cortez, do Sínodo Luterano Salvadorenho; Márcia Nogueira Amorim, da Conferência Mundial Metodista; Dom Vicente de Paula Ferreira, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; reverendo Wertson Brasil de Souza, da Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas; pastor Mauro Batista de Souza, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; da pastora Romi Marcia Bencke, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil; Igor Bastos, do Movimento Laudato Si; do pastor Leonardo Schindler, da Igreja Evangélica do Rio da Prata; Valquíria Smith Lima, da Cáritas Brasileira; frei Rodrigo de Castro Amédée Péret, do Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia; Paula Israel Evangelista Vida, da Igreja Batista da Redenção.
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