12 Março 2025
Surpreendendo exatamente zero pessoas, revoltando milhares e prejudicando a vida de bilhões delas, o presidente americano, Donald Trump, retirou o país do conselho do Fundo de Perdas e Danos. É mais uma medida para tirar o apoio dos EUA ao enfrentamento das mudanças climáticas, em meio a uma retirada mais ampla do país mais rico do mundo de iniciativas multilaterais.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 09-03-2025.
“Tanto o membro do conselho dos Estados Unidos quanto o membro suplente do conselho dos EUA deixarão os cargos e não serão substituídos por um representante do país”, disse Rebecca Lawlor, representante estadunidense no conselho do Fundo, em uma carta de 4 de março ao copresidente do fundo, Jean-Christophe Donnellier, destacam POLITICO e Reuters. A retirada é “efetiva e imediata”, acrescentou Rebecca.
Fechado na COP28, em Dubai, no final de 2023, o Fundo de Perdas e Danos foi uma vitória duramente conquistada após anos de advocacia diplomática e popular por países em desenvolvimento, que suportam o peso da crise climática, apesar de terem contribuído menos para as emissões de gases de efeito estufa, reforça o Guardian. A medida sinalizou um compromisso de nações desenvolvidas e poluentes para fornecer suporte financeiro para algumas das perdas econômicas e não econômicas irreversíveis da elevação do nível do mar, desertificação, seca e inundações que já estão acontecendo.
O Fundo é hospedado pelo Banco Mundial, cujo presidente é nomeado pelos EUA. A carta estadunidense não mencionou nenhuma mudança no acordo de hospedagem, nem deixou claro se deixar o conselho implicaria uma retirada total do Fundo.
Em 23 de janeiro – três dias após a posse de Trump –, os países ricos prometeram US$ 741 milhões ao fundo, de acordo com dados da ONU, com os EUA colocando parcos US$ 17,5 milhões. Mas, diante da saída do conselho, não está claro se agora o governo estadunidense honrará essa promessa.
A saída dos EUA foi condenada por defensores do clima do norte e do sul globais. “A decisão dos EUA de se afastar desse compromisso em um momento tão crucial envia uma mensagem errada à comunidade global e àqueles que precisam urgentemente de assistência”, disse Mohamed Adow, analista de política climática e diretor do think tank Power Shift Africa. “Instamos o país a reconsiderar sua posição no interesse do planeta e das gerações futuras (…) Essa decisão lamentável corre o risco de minar o progresso coletivo e corrói a confiança necessária para uma cooperação internacional eficaz”, completou.