04 Junho 2025
Os biocombustíveis serão o tema central da agenda brasileira na COP30, afirmou o embaixador André Corrêa do Lago, presidente-designado da próxima Conferência da ONU sobre o Clima. Em entrevista à agência eixos, ele afirmou que o evento em Belém (PA) visa mostrar soluções regionais para a transição energética.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 04-06-2024.
Corrêa do Lago justificou a centralidade dos biocombustíveis. “O Brasil tem mostrado que o mundo tem que encontrar soluções compatíveis com as circunstâncias de cada país… um carro híbrido brasileiro, que é com etanol e elétrico, emite menos do que um carro elétrico na Europa, porque nós temos uma matriz elétrica mais limpa”, disse.
O país tem intensificado seus esforços em fóruns como G20, BRICS e Organização Marítima Internacional (IMO), para derrubar barreiras aos biocombustíveis agrícolas e conquistar reconhecimento global como solução climática. Contudo, a aprovação pelo Senado do Projeto de Lei Geral do Licenciamento Ambiental (PL 2159/2021), que facilita licenças para grandes empreendimentos do agronegócio e energia, gera risco de desconfiança internacional sobre a sustentabilidade da produção brasileira de biocombustíveis.
Questionado sobre possíveis repercussões negativas, o embaixador adotou tom diplomático. “O Brasil é uma democracia. Esses debates internos são necessários, mas tem que ser preservada a forma… Existem formas de fazer as coisas e as formas são extremamente importantes de mantermos”, afirmou o presidente da COP30.
O cenário internacional complica os esforços, com guerras tarifárias, conflitos violentos e inflação dificultando o multilateralismo necessário para avanços climáticos. Mesmo assim, como destacou a CNN Brasil, a aposta segue sendo a de que a COP30 seja marcada pelas soluções e implementações que será capaz de apresentar. “O que os governos precisavam negociar, já negociaram. Agora é hora de mostrar como essas decisões vão sair do papel”, declarou Corrêa do Lago.
Valor, Diário do Pará, Canal Energia, Jornal de Brasília, entre outros, repercutiram as prioridades citadas pela Presidência da COP30.

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