23 Mai 2025
A passarela de metal na margem do pequeno lago de Iznik, na Turquia, está pronta. Do fundo lamacento emergem pedaços de muros, fundações de pedra que remontam à época em que essa cidade a cem quilômetros de Istambul era chamada de Niceia. Exatamente há mil e setecentos anos, em 20 de maio de 325, teve início o concílio que o imperador Constantino havia convocado para resolver a crise ariana - a doutrina do sacerdote Ario que negava a plena divindade de Cristo - e estabelecer uma data comum para a Páscoa. Foi então que mais de duzentos e cinquenta bispos aprovaram a profissão de fé, concluída em Constantinopla em 381, que ainda une quase dois bilhões e meio de pessoas no Ocidente e no Oriente: o Credo que os cristãos repetem todos os domingos na missa.
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada por Corriere della Sera, 20-05-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
A primeira viagem já definida por Leão XIV será para essa pequena cidade da Ásia Menor: o sucessor de Pedro se reuniu ontem de manhã com o sucessor do irmão André, o patriarca ortodoxo de Constantinopla Bartolomeu I.
A data da viagem ainda não foi definida, mas o Papa garantiu que “deve ser feita este ano” e o Patriarca propôs o dia 30 de novembro, a festa de Santo André.
Leão XIV falou sobre isso ontem, quando se reuniu com representantes das várias igrejas e confissões cristãs e de outras religiões, “minha eleição aconteceu quando se comemora o 1.700º aniversário do primeiro concílio ecumênico de Niceia”, como um sinal: “Como bispo de Roma, considero um dos meus deveres prioritários buscar o restabelecimento da comunhão plena e visível entre todos aqueles que professam a mesma fé”.
Mas a reflexão de Leão XIV se estendeu às outras religiões, “nosso caminho comum pode e deve ser entendido também em um sentido amplo, envolvendo todos: hoje é tempo de diálogo e de construção de pontes”. Porque “em um mundo ferido pela violência e pelos conflitos”, as religiões podem e devem ter uma tarefa comum “para o bem da humanidade e a salvaguarda da casa comum”, disse ele: “Estou convencido de que, se estivermos de acordo e livres de condicionamentos ideológicos e políticos, podemos ser eficazes em dizer não à guerra e sim à paz, não à corrida armamentista e sim ao desarmamento, não a uma economia que empobrece os povos e a Terra e sim ao desenvolvimento integral”.
O Papa dirigiu uma “saudação especial aos nossos irmãos e irmãs judeus e muçulmanos”. Afinal, “por causa das raízes judaicas do cristianismo, todos os cristãos têm uma relação especial com o judaísmo”, acrescentou: “O diálogo teológico entre cristãos e judeus continua sendo sempre importante e é de grande valor para mim.
Mesmo nesses tempos difíceis, marcados por conflitos e mal-entendidos, é necessário continuar com entusiasmo esse nosso diálogo tão precioso”. Quanto aos muçulmanos, Leão XIV lembrou o Documento sobre a Fraternidade Humana assinado por Francisco em Abu Dhabi em 2019: “Essa abordagem, baseada no respeito mútuo e na liberdade de consciência, representa uma base sólida para construir pontes entre as nossas comunidades”.
O Papa nomeou o Cardeal Baldassare Reina como grão-chanceler do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II, no lugar de Dom Vincenzo Paglia, arcebispo que completou 80 anos.
Um retorno à tradição: Francisco havia nomeado Paglia em derrogação ao Estatuto, agora o Instituto volta a ser dirigido pelo Vigário de Roma.