27 Novembro 2024
"O Documento Final (do Sínodo dos Bispos) participa do Magistério Ordinário do Sucessor de Pedro (cf. EC 18 § 1; CIC 892) e, como tal, peço que seja acolhido. Ele representa uma forma de exercício do ensinamento autêntico do Bispo de Roma, com características de novidade, mas que, na verdade, corresponde ao que já precisei em 17 de outubro de 2015, quando afirmei que a sinodalidade é o marco interpretativo adequado para compreender o ministério hierárquico", afirma o Papa Francisco, em nota publicada pela Santa Sé, 24-11-2024, sob o título 'Nota de acompanhamento ao Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos do Santo Padre Francisco'.
O Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos reúne os frutos de um percurso marcado pela escuta do Povo de Deus e pelo discernimento dos Pastores. Deixando-se iluminar pelo Espírito Santo, toda a Igreja foi chamada a interpretar sua própria experiência e identificar os passos necessários para viver a comunhão, realizar a participação e promover a missão que Jesus Cristo lhe confiou. O caminho sinodal, iniciado nas Igrejas locais, passou pelas etapas nacional e continental, culminando na celebração da Assembleia do Sínodo dos Bispos nas sessões de outubro de 2023 e outubro de 2024. Agora, o percurso continua nas Igrejas locais e em seus agrupamentos, valorizando o Documento Final que, em 26 de outubro passado, foi votado e aprovado pela Assembleia em todas as suas partes. Eu também o aprovei e, ao assiná-lo, determinei sua publicação, unindo-me ao “nós” da Assembleia que, por meio do Documento Final, se dirige ao santo Povo fiel de Deus.
Reconhecendo o valor do caminho sinodal percorrido, entrego agora a toda a Igreja as indicações contidas no Documento Final, como devolutiva do que foi amadurecido ao longo desses anos, por meio da escuta e do discernimento, e como orientação autorizada para sua vida e missão.
O Documento Final participa do Magistério Ordinário do Sucessor de Pedro (cf. EC 18 § 1; CIC 892) e, como tal, peço que seja acolhido. Ele representa uma forma de exercício do ensinamento autêntico do Bispo de Roma, com características de novidade, mas que, na verdade, corresponde ao que já precisei em 17 de outubro de 2015, quando afirmei que a sinodalidade é o marco interpretativo adequado para compreender o ministério hierárquico.
Ao aprovar o Documento em 26 de outubro passado, afirmei que ele "não é estritamente normativo" e que "sua aplicação exigirá diferentes mediações". Isso não significa que as Igrejas não estejam, desde já, comprometidas a fazer escolhas coerentes com o que ele indica. As Igrejas locais e os agrupamentos de Igrejas são agora chamados a implementar, nos diferentes contextos, as indicações autorizadas contidas no Documento, por meio de processos de discernimento e decisão previstos pelo direito e pelo próprio Documento. Também destaquei que "é necessário tempo para chegar a escolhas que envolvam toda a Igreja": isso se aplica particularmente aos temas confiados aos dez grupos de estudo, aos quais outros poderão se somar, em vista das decisões necessárias. A conclusão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos não encerra o processo sinodal.
Retomo aqui, com convicção, o que indiquei ao final do caminho sinodal que levou à promulgação da Amoris Laetitia (19 de março de 2016): "nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais precisam ser resolvidas com intervenções do magistério.
Naturalmente, na Igreja é necessária uma unidade de doutrina e de prática, mas isso não impede que existam diferentes modos de interpretar alguns aspectos da doutrina ou algumas consequências que dela derivam. Isso ocorrerá até que o Espírito nos conduza à plena verdade (cf. Jo 16,13), ou seja, até que sejamos introduzidos perfeitamente no mistério de Cristo e possamos ver tudo com o seu olhar. Além disso, em cada país ou região podem-se buscar soluções mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais" (AL 3).
O Documento Final contém orientações que, à luz de seus princípios fundamentais, já podem ser acolhidas nas Igrejas locais e em seus agrupamentos, considerando os diversos contextos, o que já foi realizado e o que ainda precisa ser feito para aprender e desenvolver cada vez melhor o estilo próprio da Igreja sinodal missionária.
Em muitos casos, trata-se de dar efetiva aplicação ao que já está previsto no direito vigente, tanto latino quanto oriental. Em outros casos, será possível, por meio de um discernimento sinodal e no quadro das possibilidades indicadas pelo Documento Final, ativar criativamente novas formas de ministerialidade e ação missionária, experimentando e submetendo as experiências à verificação. No relatório previsto para a visita ad limina, cada bispo deverá relatar quais escolhas foram feitas na Igreja local a ele confiada em relação ao indicado no Documento Final, quais dificuldades foram encontradas e quais frutos foram colhidos.
A tarefa de acompanhar a “fase de implementação” do caminho sinodal, com base nas orientações oferecidas pelo Documento Final, é confiada à Secretaria Geral do Sínodo juntamente com os Dicastérios da Cúria Romana (cf. EC 19-21).
O caminho sinodal da Igreja Católica, também animado pelo desejo de prosseguir na direção da plena e visível unidade dos cristãos, "precisa que as palavras compartilhadas sejam acompanhadas pelos fatos" (Saudação final à XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, 26 de outubro de 2024). Que o Espírito Santo, dom do Ressuscitado, sustente e oriente toda a Igreja nesse percurso. Ele, que é harmonia, continue rejuvenescendo a Igreja com a força do Evangelho, renovando-a e conduzindo-a à perfeita união com o seu Esposo (cf. LG 4). Pois o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: "Vem" (cf. Ap 22,17).
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Documento Final do Sínodo participa do Magistério Ordinário do Sucessor de Pedro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU