09 Outubro 2024
No aniversário de 7 de outubro, a frase que melhor soa para mim foi dita por Alain Finkielkraut: “Ser judeus é estar envolvidos em todas as ações de Israel: fazem parte de nós. Quando pôs em xeque o império iraniano e seus representantes, que prometeram erradicar o ‘tumor cancerígeno’ constituído por Israel, não apenas o admiro, mas sou orgulhoso dele. Desta vez, os pogromistas não têm a última palavra, a passividade judaica acabou. Mas quando Itamar Ben-Gvir quer impedir a entrega de ajudas humanitárias aos habitantes de Gaza, ou quando colonos superexcitados queimam as casas palestinas na Judeia e Samaria, me sinto atingido, comprometido, sujo. A vergonha em mim compete com a raiva. A brutalização de uma parte da sociedade israelense parte meu coração”.
O comentário é do jornalista e escritor italiano Mattia Feltri, publicado em La Stampa, 08-10-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Não fico surpreso. Anos atrás, em um livro, Finkielkraut escreveu que a ideia de uma só e única humanidade “não é consubstancial ao gênero humano”. Os homens pensam desde o início dos tempos e continuam a pensar agora, neste exato momento, que o inimigo, o homem do outro lado da fronteira, de outra etnia, de outra religião, já é um pouco menos homem. “A humanidade cessa nas fronteiras da tribo": esse é o juízo de Claude Lévi-Strauss que Finkielkraut assume. Milênios de teologia e filosofia, fundadas na igualdade inviolável do ser humano, são regularmente varridos por uma descida na escuridão. E é raro, não apenas no campo de batalha, ou em seus desdobramentos, mas também aqui, nas ruas, nas mídias sociais, na TV, nos jornais, encontrar alguém que, além das fronteiras da tribo, continue a reconhecer o homem no homem.
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O homem no homem - Instituto Humanitas Unisinos - IHU