27 Junho 2024
Francisco deixa de lado o protocolo e o anuncia pessoalmente, com um elogio e um aparte no discurso no Circolo San Pietro: “Pensem em quanta energia, quanta criatividade, quanto impulso pode dar um jovem. Isso me lembra o beato Pier Giorgio Frassati, que em breve será santo, que em Turim visitava as casas dos pobres para levar ajuda. Pier Giorgio era de família abastada, de classe média alta, mas não cresceu isolado do mundo, não se perdeu na ‘boa vida’, porque nele havia a linfa do Espírito Santo, havia o amor por Jesus e pelos irmãos”. Então agora é oficial: o “santo jovem dos jovens e da montanha", indicado pelos três últimos Papas como exemplo para os garotos de todos os tempos será canonizado, com toda probabilidade em 2025, durante o Jubileu.
A reportagem é de Domenico Agasso, publicada por La Stampa, 25-06-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Papa Francisco há tempo deseja elevar a modelo eclesial universal Frassati, um dos “santos sociais” piemonteses, terciário dominicano, membro de San Vincenzo de' Paoli, da Federação Universidade Católica Italiana (Fuci) e da Ação Católica (AC). Ele frequentemente o cita para encorajar os jovens a seguirem o seu famoso lema: “É preciso viver, não apenas fingir que se vive”.
Pier Giorgio Frassati, nas montanhas (Foto: Luciana Frassati | Domínio Público)
No rito da sua beatificação, em 20 de maio de 1990, São João Paulo II frisou que na AC “ele viveu com alegria e orgulho a sua vocação cristã e empenhou-se a amar Jesus e a ver nele os irmãos que encontrava em seu caminho ou que procurava nos lugares do sofrimento, da marginalização e do abandono para fazê-los sentir o calor da sua solidariedade humana e o conforto sobrenatural da fé em Cristo”.
Frassati entregou sua curta e intensa existência a uma caridade inesgotável, ajudando e apoiando os pobres de Turim no início do século XX.
Essa extraordinária história humana, cristã, social e política começa em 1901. Pier Giorgio nasce em 6 de abril, filho da classe alta de Turim: seu pai é o advogado e jornalista Alfredo Frassati, fundador e depois diretor do La Stampa, futuro senador do Reino; a mãe é a pintora Adelaide Ametis. Uma poliomielite fulminante seria letal para Pier Giorgio, que morre aos 24 anos em 4 de julho 1925. Mas terá tempo para se tornar um “santo”, ajudando de todas as formas os necessitados, empenhando-se em múltiplas iniciativas de caridade: “Não se deve dar trapos aos pobres! Cristo disse: o bem feito a eles é feito a Ele. Ao redor do miserável vejo uma luz que nós não temos... O nosso serviço é mais positivo para nós do que para os pobres." Não descuida os estudos: frequenta o Politécnico, quer ser engenheiro de minas, para estar próximo dos mineiros.
No bolso tem as carteirinhas de várias associações cristãs. A AC as enumera: “Ele esteve na ‘Gioventù Cattolica’, universidade de Fucino, militante do recém-formado Partido Popular de Don Luigi Sturzo, fundador da revista Pensiero Popolare". Frassati mostra-se “sempre generoso no seu serviço apaixonado aos últimos, a sua medida das coisas terrenas." O seu ativismo político está sob a insígnia do antifascismo.
Pier Giorgio Frassati (Foto: Domínio Público)
E à noite, em vez de descanso, a adoração, na igreja de Turim onde atuam os Padres Sacramentinos.
Um deles contará: “Pier Giorgio amava a adoração noturna e participava não só daquela dos jovens, mas às vezes também dos homens... Raramente o vi sentado demonstrando cansaço. Nos momentos de silêncio, abaixou a cabeça entre as mãos por breves momentos e depois a levantava novamente e olhava longamente a santa Hóstia”.
Grande desportista, gosta em especial das montanhas, onde leva frequentemente os amigos. Várias fotos o retratam nos picos de grande altitude. A AC ressalta essa “paixão que hoje continua na experiência dos ‘Sentieri Frassati’: uma rede de caminhos presentes em todas as regiões da Itália, percorridos todos os anos por milhares de pessoas, num ambiente onde o homem, ainda hoje, pode encontrar o silêncio, a paz, o encontro com Deus, consigo mesmo, com a beleza dos elementos”. Frassati será venerado em todas parte do mundo começando por aqueles que, como ele, percorrem montanhas e alcançam picos.
No último período fundou a “Sociedade dos Tipos Sombrios”: os membros, “desonestos e vigaristas”, assumem apelidos brincalhões - Pier Giorgio é “Robespierre” - organizam passeios e jogos.
Uma amizade, esta deles, cimentada pela fé. Entre as frases mais famosas de Frassati está aquela frequentemente usada por Bergoglio para estimular garotos e garotas a não ficarem "sentados no sofá": "Viver sem uma fé - dizia Pier Giorgio – sem um patrimônio a defender, sem apoiar a verdade numa luta contínua, não é viver, mas fingir que se vive...". E além disso: “Todo católico não pode deixar de ser alegre; a tristeza deve ser banida dos ânimos dos católicos."
Pier Giorgio Frassati (Foto: Domínio Público)
O Arcebispo de Turim, Roberto Repole, proclamou o “Ano Frassaciano”: em 4 de julho “abriremos um ano especial de celebrações em vista do centenário da sua morte, para aprofundar o conhecimento e a veneração do ‘homem das oito bem-aventuranças’, como é definido com uma imagem muito bela do Papa João Paulo II".
Em 2015, Francisco, em visita à capital piemontesa, entrou na Catedral para rezar diante do túmulo de Frassati. Oito anos depois ele o proclamou padroeiro da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa. Uma antecipação da consagração definitiva e eterna.
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Pier Giorgio Frassati será santo. Papa Francisco diz: “Energia e criatividade” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU