22 Junho 2015
Foi um momento de intenso silêncio. Um silêncio de prece e de veneração diante do Sudário. O Papa Francisco, no duomo de Turim, durante sua visita na principal cidade piemontesa por ocasião da Ostensão (isto é, a grande ostentação do Sudário) e do bicentenário de são João Bosco, permaneceu sentado por alguns minutos com o olhar concentrado no Pano que, segundo a tradição, envolveu o corpo de Cristo. Ele se “deixou olhar”, como havia dito que a gente se deve comportar diante do Sudário, em sua vídeo mensagem para a Ostensão televisiva de 2013.
A reportagem é de Domenico Agasso jr., publicada por Vatican Insider, 21/06/2015. A tradução é de Benno Dischinger.
Para o Papa Bergoglio achegar-se ao Sagrado Tecido “não é um simples observar, mas é um venerar, é um olhar de prece”, havia afirmado. “Direi mais: é um deixar-se olhar. Este Vulto tem os olhos fechados, é o vulto de um defunto e, no entanto misteriosamente nos olha, e no silêncio nos fala. Como é possível? Como o povo fiel, como vós, quer parar diante deste ícone de um Homem flagelado e crucificado? Por que o Homem do Síndrome nos convida a contemplar Jesus de Nazaré. Esta imagem – impressa no tecido – fala ao nosso coração e nos impele a subir o Monte do Calvário, a olhar ao lenho da Cruz, a imergir-nos no silêncio eloquente do amor”.
O Pontífice argentino convida a deixar-se “atingir por este olhar, que não procura os nossos olhos, mas o nosso coração. Escutemos o que nos quer dizer, no silêncio, ultrapassando a própria morte. Através do sagrado Sudário nos atinge a Palavra única e última de Deus: o Amor feito homem, encarnado na nossa história; o Amor misericordioso de Deus que tomou sobre si todo o mal do mundo para libertar-nos do seu domínio”. Este vulto “desfigurado se assemelha a tantos vultos de homens e mulheres feridos por uma vida não respeitosa de sua dignidade, de guerras e violências que atingem os mais débeis... No entanto, o vulto da Síndrome comunica uma grande paz; este Corpo torturado exprime uma soberana majestade. E como se deixasse transparecer uma energia contida e poderosa, é como se nos dissesse: tenha confiança, não perca a esperança; a força do amor de Deus, a força do Ressuscitado vence tudo”.
Após a contemplação, o Papa tocou com delicadeza – e com afeto – o relicário que contém a Síndrome. Subsequentemente se dirigiu – sempre no interior da Catedral turinense – a orar diante da tumba do beato Pier Giorgio Frassati (1901- 1925), o “santo jovem e patrono dos jovens”, indicado como modelo de virtudes cristãs pelo Papa Bento XVI em sua Mensagem para a XXVII jornada mundial da Juventude de 2012, que foi definido como “um jovem de uma alegria arrastadora, uma alegria que superou tantas dificuldades de sua vida” por João Paulo II.