Dom Mario Grech é o novo secretário-geral do Sínodo dos Bispos. Nascido em Malta, em 1957, ele foi nomeado bispo de Gozo em 2005 por Bento XVI. De 2013 a 2016 ele presidiu a Conferência Episcopal de Malta. Em 02 de outubro de 2019, o papa Francisco o nomeou pró-secretário geral do Sínodo dos Bispos. Nesse cargo, ele participou do Sínodo da Amazônia. A experiência pastoral de dom Grech é extensa. Sua simpatia e habilidade para ouvir as questões propostas por nós geraram uma conversa aberta.
Começando pela situação da Igreja em tempos de pandemia – eclesiologia sob lockdown – e os importantes desafios de hoje, seguimos para reflexões sobre sacramentos, evangelização, o significado da fraternidade humana, e então a sinodalidade, a qual dom Grech se vê intimamente conectado. Uma seção da entrevista foi dedicada à “pequena Igreja doméstica”, e então a conversa foi conduzida por um padre e um leigo, que é casado e pai.
Dom Mario Grech. Foto: Paul Haring | Catholic News Service
A entrevista é de Antonio Spadaro, s.j., e Simone Sereni, publicada por La Civiltà Cattolica, 14-10-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Dom Grech, o tempo da pandemia que nós estamos atravessando forçou o mundo a parar. A casa tornou-se o lugar de se refugiar do contágio; as ruas esvaziaram-se. A Igreja tem sido afetada pela suspensão das atividades e celebrações litúrgicas públicas. O que pensas como bispo e pastor?
Se nós entendermos como uma oportunidade, esse pode ser um momento de renovação. A pandemia trouxe à luz uma certa ignorância religiosa, uma pobreza espiritual. Alguns têm insistido na liberdade de culto ou culto para liberdade, mas poucos falam sobre liberdade na forma em que celebramos. Nós esquecemos a riqueza e variedade das experiências que nos ajudam a contemplar a face de Cristo. Alguns têm dito que a vida da Igreja tem sido interrompida! E isso é inacreditável. Na situação em que, por prevenção, não temos celebração de sacramentos, nós não criamos outras formas de experienciar Deus.
No Evangelho segundo João, Jesus disse à mulher samaritana: “Está chegando a hora, em que não adorarão o Pai, nem sobre esta montanha nem em Jerusalém. Vocês adoram o que não conhecem, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e verdade. Porque são estes os adoradores que o Pai procura” (João 4, 21-23). A fidelidade ao discipulado de Jesus não pode ser compromissada temporariamente entre a liturgia e os sacramentos. O fato de muitos padres e leigos entrarem em crise porque encontramo-nos em uma situação de não celebrar a Eucaristia coram populo é por si só muito significativa.
Durante a pandemia, um certo clericalismo emergiu, mesmo pelas mídias sociais. Nós testemunhamos um grau de exibicionismo e pietismo que tem mais a ver com magia que uma expressão madura de fé.
Então esse é o desafio de hoje?
Quando o templo em Jerusalém, onde Jesus rezava, foi destruído, os judeus e os gentios, não tendo templo, reuniram-se em torno da mesa familiar e ofereceram sacrifícios com seus próprios lábios e orações. Quando eles não puderam mais continuar com a tradição, tanto judeus quanto cristãos tomaram a lei e os profetas e reinterpretaram-nos de uma nova maneira [1]. Esse é o desafio de hoje.
Ao escrever sobre a reforma necessária à Igreja, Yves Congar afirmou que o aggiornamento desejado pelo Concílio deve ir até a invenção de um modo de ser, de falar e de se comprometer que responda à necessidade de um serviço evangélico total ao o mundo. Em vez disso, muitas iniciativas pastorais neste período se centraram apenas na figura do padre. A Igreja, neste sentido, parece muito clerical, e o ministério é controlado por clérigos. Mesmo os leigos são frequentemente condicionados por um padrão de forte clericalismo.
O lockdown que vivemos nos força a abrir os olhos para a realidade que vivemos em nossas igrejas. Precisamos refletir, questionarmo-nos sobre a riqueza dos ministérios leigos na Igreja, entender se e como eles se expressaram. De que serve a profissão de fé se esta mesma fé não se torna o fermento que transforma a massa da vida?
Que aspectos da vida da Igreja emergiram das sombras neste tempo?
Descobrimos uma nova eclesiologia, talvez até uma nova teologia e um novo ministério. Isso, portanto, indica que é hora de fazer as escolhas necessárias para construir este novo modelo de ministério. Será suicídio se, depois da pandemia, voltarmos aos mesmos modelos pastorais que temos praticado até agora. Gastamos uma enorme energia tentando converter a sociedade secular, mas é mais importante nos convertermos para alcançar a conversão pastoral da qual o papa Francisco frequentemente fala.
Acho curioso que muitas pessoas tenham reclamado de não poderem receber a comunhão e celebrar funerais na igreja, mas não tantas se preocuparam em como se reconciliar com Deus e com o próximo, como ouvir e celebrar a Palavra de Deus, e como para viver uma vida de serviço.
No que diz respeito à Palavra, portanto, devemos esperar que esta crise, cujos efeitos nos acompanharão por muito tempo, talvez seja um momento oportuno para nós, como Igreja, levar o Evangelho de volta ao centro de nossa vida e ministério. Muitos ainda são “analfabetos do Evangelho”.
A esse respeito, você mencionou anteriormente a questão da pobreza espiritual: qual é a natureza e quais são as causas mais evidentes dessa pobreza, em sua opinião?
É inegável que a Eucaristia é a fonte e o ápice da vida cristã ou, como outros preferem dizer, o ápice e a fonte da própria vida da Igreja e dos fiéis [2]; e é igualmente verdade que “a celebração litúrgica [...] é a ação sagrada por excelência, e nenhuma outra ação da Igreja iguala a sua eficácia no mesmo grau” [3], mas a Eucaristia não é a única possibilidade que o cristão tem que experimentar o mistério e encontrar o Senhor Jesus. Paulo VI observou isso bem quando escreveu que na Eucaristia “a presença de Cristo é ‘real’ não por exclusão, como se as outras não fossem ‘reais’”. [4]
Portanto, é preocupante que alguém se sinta perdido por estar fora da Celebração Eucarística ou do culto, pois isso mostra um desconhecimento de outras formas de se engajar com o mistério. Isso não apenas indica que há certo analfabetismo espiritual, mas é a prova da inadequação da prática pastoral atual. É muito provável que no passado recente a nossa pastoral tenha procurado conduzir aos sacramentos e não conduzir – através dos sacramentos – à vida cristã.
Dom Mario Grech com o papa Francisco. Foto: ACI Digital
A pobreza espiritual e a ausência de um encontro verdadeiro com o Evangelho têm muitas implicações...
Certamente. E ninguém pode se encontrar com Jesus sem se comprometer com a Palavra. Com relação ao serviço, aqui vai um pensamento: aqueles médicos e enfermeiras que arriscaram suas vidas para ficar perto dos doentes não transformaram as enfermarias do hospital em outras “catedrais”? O serviço ao próximo no cotidiano do trabalho, atormentado pelas demandas da emergência sanitária, era para os cristãos uma forma eficaz de expressar sua fé, de refletir uma Igreja presente no mundo de hoje, e não mais uma “Igreja de sacristia”, retirada das ruas, ou contida para projetar a sacristia na rua.
Então, esse serviço pode ser uma forma de evangelização?
O partir do pão eucarístico e da Palavra não pode acontecer sem partir o pão com quem não o tem. Isso é diakonia. Os pobres são teologicamente o rosto de Cristo. Sem os pobres, perde-se o contato com a realidade. Por isso, assim como na paróquia é necessário ter um lugar de oração, é importante a presença de um amplo refeitório. A diakonia, ou o serviço da evangelização, se faz onde existem necessidades sociais, é uma dimensão constitutiva do ser Igreja, da sua missão.
Assim como a Igreja é missionária por natureza, dessa natureza missionária flui a caridade para com o próximo, a compaixão, que é capaz de compreender, ajudar e promover os outros. A melhor maneira de experimentar o amor cristão é por meio do ministério do serviço. Muitas pessoas sentem-se atraídas pela Igreja não porque participaram das aulas de catecismo, mas porque participaram de uma significativa experiência de serviço. E este caminho de evangelização é fundamental na atual época de mudança, como observou o Santo Padre em seu discurso à Cúria no final de 2019: “Não estamos mais em um regime de cristianismo”.
A fé, na verdade, não é mais um pré-requisito óbvio para vivermos juntos. A falta de fé, ou ainda mais clara, a morte de Deus, é outra forma de pandemia que causa a morte de pessoas. Lembro-me da declaração paradoxal de Dostoiévski em sua Carta a Fonvizin: “Se alguém me mostrasse que Cristo está fora da verdade e de fato descobrisse que a verdade está fora de Cristo, eu preferiria ficar com Cristo do que com a verdade”. O serviço torna manifesto a verdade própria de Cristo.
O partir do pão em casa durante o confinamento finalmente iluminou a vida eucarística e eclesial vivida na vida cotidiana de muitas famílias. Podemos dizer que o lar voltou a ser Igreja, incluindo “igreja” no sentido litúrgico?
Isso me pareceu muito claro. E quem, neste período em que a família não teve oportunidade de participar na Eucaristia, não aproveitou para ajudar as famílias a desenvolver o seu próprio potencial, perdeu uma oportunidade de ouro. Por outro lado, houve algumas famílias que, neste tempo de restrições, mostraram-se, por sua própria iniciativa, “criativas no amor”. Incluiu a forma como os pais acompanharam os filhos nas formas de ensino em casa, a ajuda aos idosos, o combate à solidão, a criação de espaços de oração e a disponibilidade para os mais pobres. Que a graça do Senhor multiplique estes belos exemplos e nos permita redescobrir a beleza da vocação e dos carismas escondidos em todas as famílias.
Anteriormente, você falou de uma “nova eclesiologia” que emerge da experiência forçada de lockdown. O que essa redescoberta do lar sugere?
Sugere que aqui reside o futuro da Igreja, nomeadamente, reabilitar a Igreja doméstica e dar-lhe mais espaço, Igreja-família composta por várias famílias-Igreja. Esta é a premissa válida da nova evangelização, que nos parece muito necessária entre nós. Devemos viver a Igreja em nossa família. Não há comparação entre a Igreja institucional e a Igreja doméstica. A grande comunidade Igreja é formada por pequenas igrejas que se reúnem em casas. Se a Igreja doméstica falhar, a Igreja não pode existir. Se não houver Igreja doméstica, a Igreja não tem futuro! A Igreja doméstica é a chave que abre horizontes de esperança!
No Atos dos Apóstolos nós temos uma descrição detalhada da Igreja-família, o domus ecclesiae: “Diariamente, todos juntos frequentavam o Templo e nas casas partiam o pão, tomando alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo. E a cada dia o Senhor acrescentava à comunidade outras pessoas que iam aceitando a salvação” (Atos 2, 46). No Velho Testamento, o lar familiar era o local onde Deus se revelava e onde a mais solene celebração da fé judaica, a Pessach, era celebrada. No Novo Testamento, a Encarnação ocorre em casa, o Magnificat e o Benedictus são entoados em casa, a primeira Eucaristia ocorre em uma casa, assim como o envio do Espírito Santo no Pentecostes. Nos primeiros dois séculos a Igreja sempre se reuniu em casas de famílias.
Recentemente a expressão “pequena Igreja doméstica” foi frequentemente usada com uma nota reducionista, talvez involuntariamente... Poderia essa narrativa ter contribuído para o enfraquecimento da dimensão eclesial do lar e a da família, tão fácil de ser compreendida por todos, e a qual hoje nos parece tão evidente?
Ainda estamos neste estado por causa do clericalismo, que é uma das perversões da vida sacerdotal e da Igreja, embora o Concílio Vaticano II tenha recuperado a noção da família como “Igreja doméstica” [5] e desenvolvido o ensinamento sobre o sacerdócio comum [6]. Ultimamente, li essa declaração em um artigo sobre a família. A teologia e o valor da pastoral na família entendida como Igreja doméstica sofreram uma reviravolta no século IV, quando se deu a sacralização dos padres e dos bispos, em detrimento do sacerdócio comum do batismo, que começava a perder seu valor. Quanto mais avançava a institucionalização da Igreja, mais diminuía a natureza e o carisma da família como Igreja doméstica.
Não é a família que é subsidiária da Igreja, mas é a Igreja que deve ser subsidiária da família. Sendo a família a estrutura básica e permanente da Igreja, uma dimensão sagrada e de culto deveria ser restaurada, a domus ecclesiae. Santo Agostinho e São João Crisóstomo ensinam, na esteira do judaísmo, que a família deve ser um ambiente onde a fé pode ser celebrada, meditada e vivida. É dever da comunidade paroquial ajudar a família a ser uma escola de catequese e um espaço litúrgico onde se pode partir o pão na mesa da cozinha.
Quem são os ministros desta “Igreja-família”?
Para Paulo VI, o sacerdócio comum é vivido eminentemente pelos esposos, armados com a graça do sacramento do matrimônio [7]. Os pais, portanto, por meio deste sacramento, são também os “ministros do culto”, que, durante a liturgia doméstica, partem o pão da Palavra, rezam com ele, e assim se dá a transmissão da fé aos filhos. O trabalho dos catequistas é válido, mas não pode substituir o ministério da família. A própria liturgia familiar inicia os membros com uma participação mais ativa e consciente que a liturgia da comunidade paroquial. Tudo isso ajuda a fazer a transição da liturgia clerical para a familiar.
Além do espaço estritamente doméstico, você acredita que a especificidade deste “ministério” da família, dos cônjuges e da relação matrimonial pode e deve ter também uma importância profética e missionária para toda a Igreja e para o mundo? Em que formas, por exemplo?
Embora por décadas a Igreja tenha reafirmado que a família é a fonte da ação pastoral, temo que, de muitas maneiras, isso agora se tornou apenas parte da retórica do ministério pastoral familiar. Muitos ainda não estão convencidos do carisma evangelizador da família; eles não acreditam que a família tenha uma “criatividade missionária”. Há muito para descobrir e integrar. Eu pessoalmente tive uma experiência muito estimulante na minha diocese com a participação de casais e famílias na pastoral familiar. Alguns casais participaram da preparação do casamento; outros acompanharam os recém-casados nos primeiros cinco anos de casamento.
Enriquecidos pela experiência na própria família, os cônjuges não só podem compartilhar testemunhos de fé encarnados na vida familiar cotidiana, mas também encontrar uma nova linguagem teológico-catequética para a proclamação do Evangelho da família. Seguindo o exemplo da “Igreja em saída”, a “Igreja doméstica” deve orientar-se para sair da casa; portanto, também deve ser colocado em posição de assumir suas responsabilidades sociais e políticas. Como o papa Francisco apontou, “Deus confiou à família não a responsabilidade pela intimidade como um fim em si mesma, mas o emocionante projeto de tornar o mundo ‘doméstico’”. [8]
As famílias “são chamadas a deixar a sua marca na sociedade, encontrando outras expressões de fecundidade que de alguma forma prolongam o amor que as sustenta”. [9] Um resumo de tudo isso pode ser encontrado no Documento Final do Sínodo dos Bispos sobre o Família, onde os padres sinodais escreveram: “A família se constitui assim sujeito da ação pastoral através do anúncio explícito do Evangelho e da herança de múltiplas formas de testemunho: solidariedade com os pobres, abertura à diversidade das pessoas, custódia de criação, solidariedade moral e material com outras famílias, especialmente as mais necessitadas, compromisso com a promoção do bem comum através da transformação de estruturas sociais injustas, a partir do território em que vive, praticando obras de misericórdia corporal e espiritual”. [10]
Voltemos agora a considerar um horizonte mais amplo. O vírus não conhece barreiras. Se os egoísmos individuais e nacionais emergiram, hoje está claro que é fundamental nós vivermos uma fraternidade humana.
Essa pandemia deve nos levar a uma nova compreensão da sociedade contemporânea e permitir-nos discernir uma nova visão da Igreja. Diz-se que a história é um professor que muitas vezes não tem alunos! Precisamente por causa do nosso egoísmo e individualismo, temos uma memória seletiva. Não apenas apagamos de nossa memória as adversidades que causamos, mas também somos capazes de esquecer nossos vizinhos. Por exemplo, nesta pandemia, as considerações econômicas e financeiras muitas vezes têm precedência sobre o bem comum. Em nossos países ocidentais, embora nos orgulhemos de viver em um regime democrático, na prática tudo é dirigido por aqueles que possuem poder político ou econômico. Em vez disso, precisamos redescobrir a fraternidade. Se alguém assume a responsabilidade ligada ao Sínodo dos Bispos, penso que sinodalidade e fraternidade são dois termos que se lembram.
Em que sentido? A sinodalidade é proposta também para a sociedade civil?
Uma característica essencial do processo sinodal na Igreja é o diálogo fraterno. Em seu discurso no início do Sínodo sobre os jovens, o papa Francisco disse: “O Sínodo deve ser um exercício de diálogo, sobretudo entre vocês que participam”. [11] E o primeiro fruto deste diálogo é que cada pessoa se abre até a novidade, para uma mudança de opinião, para se alegrar com o que os outros dizem”. [12] Além disso, no início da Assembleia Especial do Sínodo para a Amazônia, o Santo Padre fez uma referência à “fraternidade mística”, [13] e destacou a importância de um clima fraterno entre os padres sinodais, “guardando a fraternidade que aqui deve existir”. [14]
Esta cultura do “diálogo fraterno” pode ajudar todas as assembleias – políticas, econômicas, científicas – a se tornarem lugares de encontro e não de confronto. Em uma época como a nossa, em que assistimos a excessivas reivindicações de soberania dos Estados e a um retorno ao classismo, os sujeitos sociais poderiam reavaliar essa abordagem “sinodal”, o que facilitaria um caminho de reaproximação e uma visão cooperativa. Como afirma Christoph Theobald, este “diálogo fraterno” pode abrir um caminho para a superação da “luta entre interesses competitivos”: “Só um sentimento real e quase físico de ‘fraternidade’ pode tornar possível superar a luta social e dar acesso a uma compreensão e coesão, embora frágil e temporária. Autoridade é transformada aqui em ‘autoridade da fraternidade’; uma transformação que supõe uma autoridade fraterna, capaz de despertar, pela interação, o sentimento evangélico de fraternidade – ou o ‘espírito de fraternidade’, segundo o artigo primeiro da Declaração Universal dos Direitos Humanos – enquanto as tempestades da história correm o risco de engoli-lo”. [15]
Neste contexto social, as palavras do Santo Padre ecoam fortemente quando disse que uma Igreja sinodal é como uma bandeira erguida entre as nações em um mundo que clama pela participação, solidariedade e transparência na administração dos assuntos públicos, mas que, ao invés, muitas vezes coloca o destino de tantas pessoas nas mãos gananciosas de grupos estreitos de poder. Como parte de uma Igreja sinodal que “caminha junto” com homens e mulheres e participa das angústias da história, devemos cultivar o sonho de redescobrir a dignidade inviolável dos povos e a função do serviço da autoridade. Isso nos ajudará a viver de forma mais fraterna e a construir um mundo mais belo e digno de humanidade para aqueles que virão depois de nós. [16]
[1] Ver: HALÍK, T. “Este é o momento de avançar para águas mais profundas”. 05 abr. 2020.
[2] Ver: CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium (SC). 04 dez. 1963.
[3] SC 7.
[4] PAULO VI. Carta Encíclica Mysterium Fidei. 03 set. 1965.
[5] CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Lumen Gentium (LG).
[6] Ver LG 10.
[7] PAULO VI. Audiência Geral. 11 ago. 1976.
[8] FRANCISCO. Audiência Geral. 16 set. 2015.
[9] Id. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia. 19 mar. 2016.
[10] Documento Final do Sínodo dos Bispos. 24 out. 2015.
[11] FRANCISCO. Mensagem de abertura do Sínodo dedicado aos jovens. 03 out. 2018.
[12] Ibid.
[13] Id. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. 24 nov. 2013.
[14] Id. Abertura da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região da Pan-Amazônia. 07 out. 2019.
[15] THEOBALD, C. Dialogue and Authority between Society and Church, prolusion at the Dies academicus of the Theological Faculty of Triveneto. Disponível neste link. 22 nov. 2018.
[16] Cf. PAPA FRANCISCO. Mensagem pelo 50º Aniversário da Instituição do Sínodo dos Bispos. 17 out. 2015.