Pautas de Brasilidade: Aí que saudade do Mario Lago...

Edição: Marcelo Zanotti | IHU

Por: Marcelo Zanotti | 13 Abril 2023

Mario Lago foi um dos grandes artistas brasileiros do século XX. Músico, compositor, ator, poeta e escritor, sua obra marcou profundamente a cultura brasileira e foi fundamental para a construção da identidade nacional.

O artigo é de Marcelo Zanotti, historiador e membro da equipe do IHU.

Eis o artigo.

Mario Lago, nascido em 26 de novembro de 1911, é uma das personalidades que marcaram a cultura brasileira. Ele foi um artista completo, além de ator, poeta, escritor e compositor, também era advogado e ativista político.

Seu nome é lembrado pelos seus trabalhos em várias áreas, sempre destacando-se pela sua qualidade e intensidade. Ele nasceu no Rio de Janeiro e começou a trabalhar como ator em 1931, participando de diversas produções cinematográficas ao longo de sua carreira. Seu talento com as palavras também fez com que fosse convidado para compor diversas trilhas sonoras de filmes, deixando ainda mais marcada a sua contribuição para o cinema brasileiro.

Mario Lago também ficou conhecido por sua militância política, sempre defendendo os direitos dos trabalhadores. Durante o governo de Getúlio Vargas, ele esteve preso por ter participado de manifestações em prol da democracia e do movimento trabalhista, mas isso não abalou a sua vontade de lutar por uma sociedade mais justa e igualitária.

Além de atuar e compor, Mario Lago também deixou um grande legado poético. Suas poesias, marcadas pela irreverência e ironia, são consideradas uma das obras mais importantes da literatura brasileira. Seus versos ainda são cantados por muitos artistas e lembrados pela crítica especializada como um dos maiores expoentes da poesia brasileira.

Uma das composições mais famosas de Mario Lago é "Ai que saudades da Amélia", um samba-canção que se tornou um clássico da música popular brasileira. A música foi escrita em 1942, em parceria com Ataulfo Alves, e retrata a figura da mulher dona de casa e submissa, que faz tudo pelo marido e é esquecida assim que ele arranja outra.

A música "Aí que saudade da Amélia" é um clássico da música brasileira, composta por Mário Lago e Ataulfo Alves. A letra retrata a saudade de uma mulher que, mesmo sem ser perfeita, era amada pelo seu companheiro. A melodia é marcante, com um ritmo animado e contagioso.

A letra é machista, afirmando que a mulher ideal para um homem é aquela que não reclama, não incomoda e é submissa. No entanto, é preciso levar em consideração o contexto histórico em que a música foi escrita, durante a época em que as mulheres eram vistas como subalternas e sem voz na sociedade.

Mesmo com essa ressalva, é possível apreciar a música pelo seu valor cultural e histórico. Ela retrata um momento importante da história do Brasil, quando a música popular ganhava força e se tornava um meio de expressão popular. Estamos falando da década de 1940, em plena Segunda Guerra Mundial, quando o Brasil começava a enfrentar a escassez de alimentos e matérias-primas, como pode ser percebido no trecho "...e achava bonito não ter o que comer".

Em suma, "Aí que saudade da Amélia" é uma música importante para a cultura brasileira, apesar de apresentar algumas questões socialmente problemáticas. Sua melodia alegre e letra nostálgica continuam sendo apreciadas pelos brasileiros até os dias de hoje.

E chegando nos finalmentes...

Mario Lago faleceu em maio de 2002, aos 90 anos, deixando um grande legado artístico e cultural para o Brasil. Seus trabalhos são lembrados até hoje, mostrando a importância que ele teve na construção da cultura e da história do país. Sua trajetória é um exemplo de um artista engajado, que usou sua arte para lutar por uma sociedade mais justa e igualitária.

Em resumo, Mario Lago é uma das personalidades mais importantes da cultura brasileira e deixou marcas em diversas áreas. Ele sempre foi muito engajado politicamente e sua poesia é considerada uma das mais importantes da literatura nacional. Seu talento para a dramaturgia e o cinema também o tornam um ícone da sétima arte brasileira. Sua memória ainda é lembrada com carinho e admiração pelos brasileiros.

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