23 Março 2020
"Estamos vivenciando o teste mais difícil e inesperado que poderíamos enfrentar, mas poderíamos realmente sair melhores se, deixando de lado o medo ou, ao contrário, sua remoção, tentássemos fazer um exercício de conscientização. Aprender a olhar para dentro de nós mesmos, tentar ouvir a nós mesmos e a nos espelhar no outro e, acima de tudo, colocar ordem nas coisas pelas quais recomeçar", escreve Fabio Fazio*, apresentador da televisão italiana, em artigo publicado por La Repubblica, 16-03-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
São dias dificílimos em que todos temos a oportunidade de refletir sobre o significado das palavras e sobre todos aqueles pequenos e preciosos gestos cotidianos de que sentimos falta.
Estamos vivenciando o teste mais difícil e inesperado que poderíamos enfrentar, mas poderíamos realmente sair melhores se, deixando de lado o medo ou, ao contrário, sua remoção, tentássemos fazer um exercício de conscientização. Aprender a olhar para dentro de nós mesmos, tentar ouvir a nós mesmos e a nos espelhar no outro e, acima de tudo, colocar ordem nas coisas pelas quais recomeçar.
Sim, vamos tentar colocar ordem, não apenas nas gavetas da casa e nos bolsos das roupas esquecidas no armário, mas em nós mesmos.
Proponho um exercício que poderá ser útil para quando dias melhores chegarem. E, vamos ter certeza, virão.
Vamos fazer uma lista, todos juntos, das coisas que estamos aprendendo a cada dia. São muitas. Tantas quantas são as palavras.
Lista de coisas que aprendi.
1. Preciso arrumar minha escala de valores para descobrir o que é realmente importante.
2. Quando tudo isso acabar, tenho que me ater à escala de valores acima.
3. O mais importante é estar próximo das pessoas que amamos. Nada é mais importante do que um abraço em nossos filhos.
4. Devo lembrar que é hora de me reconectar com a Terra e com o ecossistema: somente respeitando seu equilíbrio, seremos respeitados e preservados.
5. Percebi que as coisas também acontecem contra a vontade dos homens: não somos onipotentes.
6. Redescobri o valor de algumas palavras e conceitos que havíamos descartado muito rapidamente: estado social, por exemplo.
Solidariedade, para dar outro exemplo.
7. Tornou-se evidente que quem não paga impostos não apenas comete uma infração, mas também um crime: se faltam leitos e respiradores, a culpa também é dele.
8. Prometi a mim mesmo que não aceitaria mais nenhuma forma de cinismo: neste momento tão difícil ainda é bom querer bem e sentir-se parte de uma mesma coisa.
9. Estou convencido de que o significado das palavras é sagrado.
10. Prometi a mim mesmo pretender que aqueles em posições de responsabilidade e governo estejam mais preparados do que aqueles que são governados por eles.
11. Aprendi o valor de um aperto de mão.
12. Aprendi a necessidade de estender a mão.
13. Aprendi que estamos conectados de verdade e não apenas na rede.
14. Percebi que as fronteiras não existem e que estamos todos no mesmo barco.
15. E como estamos todos no mesmo barco, é melhor que portos, todos os portos, estejam sempre abertos. Para todos.
*O artigo de Fabio Fazio foi citado e elogiado pelo Papa Francisco na entrevista concedida ao jornal Repubblica, 18-03-2020. A entrevista pode ser lida abaixo, no Leia Mais, sob o título "Não desperdicem esses dias difíceis".
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