01 Outubro 2025
“Não se trata simplesmente de uma negação, mas de um engano calculado. Ao inverter a realidade e culpar os dissidentes pela violência impulsionada em grande parte por seus próprios aliados ideológicos, o governo Trump está travando uma guerra contra a própria verdade, usando as mentiras como arma para justificar a repressão. Esta é a ferramenta mais antiga do autoritarismo: um roteiro tirado do manual fascista, no qual os regimes fabricam inimigos internos para mascarar sua própria violência”. A reflexão é de Henry Giroux, em artigo publicado por CounterPunch.org e reproduzido por Voces del Mundo, 28-09-2025. A tradução é do Cepat.
Henry A. Giroux ocupa atualmente a Cátedra de Estudos de Interesse Público na Universidade McMaster, no Departamento de Inglês e Estudos Culturais, e é um Acadêmico Distinto Paulo Freire em Pedagogia Crítica. Seus livros mais recentes incluem: The Terror of the Unforeseen (Los Angeles Review of books, 2019), On Critical Pedagogy, 2. ed. (Bloomsbury, 2020); Race, Politics, and Pandemic Pedagogy: Education in a Time of Crisis (Bloomsbury 2021); Pedagogy of Resistance: Against Manufactured Ignorance (Bloomsbury 2022) e Insurrections: Education in the Age of Counter-Revolutionary Politics (Bloomsbury, 2023), e, em parceria com Anthony DiMaggio, Fascism on Trial: Education and the Possibility of Democracy (Bloomsbury, 2025). Giroux também é membro do conselho de administração da Truthout.
Eis o artigo.
Historicamente, as coisas mais terríveis, como a guerra, o genocídio e a escravidão, não resultaram da desobediência, mas da obediência. – Howard Zinn
A ironia é insuportável. Trump saturou a vida pública com mentiras, tornou os imigrantes e os cidadãos negros alvos de seu desprezo e fez da corrupção e da violência a gramática do governo. Ele jura lealdade a ditadores, cerca-se de bajuladores e capangas e usa o poder do Estado para sequestrar estudantes estrangeiros, perseguir imigrantes e declarar guerra à chamada esquerda, culpando-a grotescamente pela morte de Charlie Kirk, mesmo antes de qualquer suspeito ser preso. O que deveria ter sido um momento de luto pela morte de Charlie Kirk tornou-se, na verdade, um espetáculo armado, com Trump e seus aliados apressando-se em apresentar o assassinato como evidência do extremismo de esquerda.
Como observou Jeffrey St. Clair: “Os líderes da direita não perderam muito tempo aconselhando suas fileiras a se limitarem a ‘pensamentos e orações’ sobre o assassinato de Charlie Kirk. Mesmo antes de o assassino ser identificado ou descobrir o motivo, eles culparam a ‘retórica violenta’ da esquerda pela morte de Kirk”. Isso não é luto; é o truque mais antigo do manual autoritário: acusar primeiro, nunca investigar e usar a tragédia como arma para consolidar o poder.
Nessa narrativa venenosa, os verdadeiros “inimigos internos” não são os racistas, os insurrecionistas, as corporações corruptas e os extremistas de direita que invadiram o Capitólio, mas os críticos do poder autoritário e os grupos designados como “outros”.
Em contraste, Trump e seus aliados declaram guerra à Primeira Emenda, transformando a liberdade de expressão, um dos pilares da democracia, em seu alvo. Na visão deles, a liberdade de expressão não é um bastião da democracia, mas seu inimigo.
De comediantes e jornalistas a estudantes, educadores e grupos independentes, todas as vozes dissidentes são tachadas de conspiradoras em crimes imaginários, quando seu verdadeiro delito é simplesmente denunciar a crueldade quando lhes foi exigido que se calassem. Ou cometer o crime de não serem leais o suficiente a Donald Trump. Como Hannah Arendt alertou, sob o totalitarismo, o próprio pensamento se torna perigoso. O autoritarismo, em suas múltiplas formas, surge em parte do fracasso do pensamento, um aviso premonitório na era da ignorância fabricada. A normalização da ignorância, da falta de reflexão e da cegueira moral na era Trump é central para a criação de sujeitos fascistas que não conseguem distinguir o certo do errado, a verdade da mentira ou a justiça do mal.
Este alerta é ainda mais urgente hoje, pois há uma ignorância aterradora em Trump que desencadeia paixões predatórias, que vão desde sua adesão a criminosos de guerra e amnésia histórica até os ataques mortais que ordenou a três navios suspeitos de tráfico de drogas. Para Trump, a legalidade de tais atos é irrelevante. A violência, juntamente com a criminalização da dissidência, é central para a lógica da aniquilação que está no cerne da política fascista.
Esta é a manobra característica do fascismo. Hitler fez isso em 1933, após o incêndio do Reichstag, culpando os comunistas e invocando poderes de emergência para suspender as liberdades civis. Mussolini fez a mesma coisa em 1925, após o assassinato de Giacomo Matteotti, transformando um momento de crise em justificativa para proibir a oposição e silenciar a imprensa. Orbán aperfeiçoou a tática na Hungria, usando “os esquerdistas financiados por Soros” como bodes expiatórios para desmantelar as universidades, criminalizar os protestos e destruir a imprensa.
Trump não é exceção. Ele explora a morte de Kirk não para lamentar sua perda, mas para consolidar seu poder. Sua mensagem é contundente: a dissidência é violência, a crítica é terrorismo, a deslealdade é crime e a própria liberdade de expressão é uma ameaça ao panóptico ideológico de Trump. A amplificação perversa dessa linha de pensamento tóxico é evidente na declaração de Elon Musk de que “a esquerda é o partido do assassinato” e na exigência da assessora de Trump, Laura Loomer, de que o Estado “feche, desfinancie e processe todas as organizações de esquerda... A esquerda é uma ameaça à segurança nacional”. Ela atinge níveis histéricos na retórica anticomunista de Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca, que comparou a esquerda a uma “vasta rede terrorista doméstica” que jurou erradicar e desmantelar. A retórica é assustadora não apenas pela sua crueldade, mas por sua adesão aberta à repressão e à ameaça da violência como política.
As consequências do ataque de Trump à dissidência brilham como um letreiro de neon na Times Square é impossível de ignorar. Sob seu reinado sem lei, até a sátira é transformada em traição, rotulada como “crime de ódio”, como se o próprio riso tivesse se tornado traição. As instituições acadêmicas que mantêm viva a memória da história e das lutas pela liberdade são assediadas com ameaças de tipo mafioso, extorsão disfarçada de patriotismo e intimidação disfarçada de lealdade.
Os cidadãos canadenses estão sendo ameaçados de terem seu visto revogado simplesmente por fazerem o que Marco Rubio, Stephen Miller, Pam Bondi e outros definiram como comentários críticos sobre a morte de Kirk. Isso envia uma mensagem assustadora: o alcance autoritário de Trump agora atravessa fronteiras, estendendo seu poder de silenciamento para além do solo estadunidense. Nessa lógica distorcida, o simples fato de fazer um comentário crítico sobre Kirk é rotulado como “celebração”, uma distorção perversa e distante da realidade. A morte de Kirk deve ser lamentada, mas isso é diferente de condenar suas convicções ideológicas de extrema-direita.
Esses atos de silenciamento nunca são isolados. São instrumentos de poder que legitimam formas mais amplas de violência estatal. A censura, a propaganda e a glorificação da crueldade convergem para normalizar a repressão como necessária e inevitável. As empresas e as universidades cedem por medo e ganância, sacrificando cada resquício de responsabilidade pública para alimentar uma fome insaciável por poder e capital.
Em nenhum lugar essa rendição é mais vergonhosa do que no ensino superior, onde as universidades esmagam a dissidência e traem seus próprios alunos ao entregar ao governo Trump os nomes daqueles que protestam contra o genocídio, repetindo tragicamente a covardia dos campi da era fascista. Pior ainda, Ken Klippenstein relata que “o governo Trump está se preparando para designar pessoas transgênero como ‘extremistas violentos’ após o assassinato de Charlie Kirk e está considerando uma lista de vigilância de pessoas trans”.
É um eco arrepiante das cumplicidades da era fascista, um colapso moral disfarçado de neutralidade institucional. O eco é perturbador e deu origem a um novo macartismo de informante nos campi, uma reprise das cumplicidades vergonhosas das universidades da era fascista. Como argumentou o jornalista David French no programa All In with Chris Hayes, da MSNBC, os atuais ataques à liberdade de expressão e aos dissidentes críticos de Trump são piores que o macartismo, porque são “mais amplos e de maior alcance. São mais agressivos. Estendem-se a todos os aspectos da sociedade americana”.
Este não representa apenas um fracasso institucional, mas um colapso moral, um repúdio ao conhecimento, à consciência e aos compromissos democráticos que deveriam definir o propósito da academia. O que estamos presenciando é o renascimento do macartismo com força total: vigilância, informantes, listas de proscritos. O ensino superior há muito tempo incomoda a direita, especialmente desde as lutas democratizantes da década de 1960. Hoje, esse medo assumiu um tom mais sombrio: não se trata apenas de esforços para enfraquecer seu papel crítico, mas da imposição de uma tirania pedagógica que transforma as universidades em laboratórios de doutrinação.
Trump, Rubio, Miller, Bondi e sua coorte de inimigos da democracia agora ameaçam retirar os passaportes dos dissidentes estadunidenses, revogar sua cidadania e criminalizar a liberdade de expressão. Eles gritam indignados quando são comparados aos fascistas, embora suas ações reflitam o mesmo roteiro sombrio: militarizar a sociedade, esmagar a dissidência, concentrar o poder nas mãos de um líder sectário e reviver o legado da supremacia branca e da limpeza étnica.
Trump aclama Netanyahu, um criminoso de guerra, como um herói de guerra. Com ironia grotesca, denuncia a esquerda como a verdadeira perpetradora da violência. Em casa, sua vingança é igualmente corrosiva: ele se gaba de ter pressionado a ABC a demitir Jimmy Kimmel. Esse mesquinho ato de vingança equivale ao seu próprio ataque à Primeira Emenda e é um lembrete arrepiante de quão frágil a liberdade de expressão se torna sob caprichos autoritários.
No entanto, nenhum alarme é disparado quando o apresentador da Fox News, Brian Kilmeade, sugere casualmente o extermínio dos sem-teto por meio de “injeções letais involuntárias”. Nem o governo Trump, nem grande parte da grande imprensa, estão indignados com a cumplicidade dos EUA na guerra genocida de Israel contra Gaza, onde, segundo a Quds News Network, “pelo menos 19.424 crianças morreram em ataques israelenses durante 700 dias de genocídio em Gaza, o equivalente a uma criança a cada 52 minutos. Entre as vítimas estão 1.000 bebês com menos de um ano de idade”. O silêncio, neste caso, não é neutralidade; é cumplicidade com a barbárie.
Quando a conduta de comediantes é criminalizada, não se trata apenas de uma questão de gosto, decoro ou mesmo de indignação moral descabida, mas de um ataque direto ao princípio da liberdade de expressão. A comédia sempre serviu como um espaço onde a hipocrisia é exposta, os abusos de poder são ridicularizados e os absurdos da política autoritária são expostos.
De fato, quando Vladimir Putin chegou ao poder em 2000, um dos primeiros alvos de sua repressão cultural foi o programa satírico de televisão “Kukly” (Kukly, que significa bonecos), um espetáculo de marionetes produzido pelo canal independente NTV. Aparentemente, ser chamado de a pequena marionete do czar era demais para ele. Esse ato implacável de censura foi amplamente considerado um ponto de inflexão na consolidação do poder de Putin. É claro que a questão real aqui é que policiar ou punir comediantes pelo que eles fazem é um sinal de que o Estado agora busca controlar até mesmo os espaços do riso e da ironia.
Essa criminalização é mais do que censura; é um sinal de alerta para medir o avanço do fascismo. Quando o humor é reclassificado como crime, o alerta não poderia ser mais claro: o que começa com os comediantes não termina com eles. Marca o teste dos limites, a normalização da repressão e o silenciamento de uma das formas mais antigas e eficazes de dissidência. A medida revela a fragilidade de regimes que não toleram as críticas, por mais lúdicas ou irreverentes que sejam, e representa um projeto mais amplo de enxugamento do espaço público até que restem apenas as vozes oficiais.
Nesse sentido, o ataque à comédia não deve ser descartado como uma questão trivial ou secundária. Trata-se de uma escalada simbólica e prática da política autoritária, revelando o desprezo dos movimentos fascistas pelo humor, pela ironia e pelo discurso dissidente. Se o riso se torna crime, então a própria resistência já está sendo julgada.
A repressão à dissidência tem uma longa história nos Estados Unidos, remontando à “caça às bruxas” da década de 1920 e continuando com a repressão doméstica que se seguiu à guerra contra o terror de Bush. Os ataques atuais à dissidência são mais generalizados, prejudiciais e descontrolados do que muito do que vimos no passado. Parafraseando Terry Eagleton, Trump e seus capangas do MAGA estão embriagados “de fantasias de onipotência” e se deleitam com atos de violência, destruição e o exercício de um poder estatal ilimitado.
Os paralelos com a história fascista não poderiam ser mais perturbadores. O decreto do incêndio do Reichstag suspendeu as liberdades civis e prendeu os comunistas; hoje, Trump declara que a dissidência merece ser censurada e, com base nas observações de Pam Bondi, será rotulada como discurso de ódio e sujeita à repressão estatal. Benito Mussolini usou o assassinato de Giacomo Matteotti para consolidar ainda mais seu próprio poder; hoje, Trump está usando a morte de Kirk para silenciar estudantes, educadores e jornalistas. Orbán desmantelou a imprensa livre e as universidades da Hungria ao inventar inimigos; hoje, Trump e Miller invocam “a esquerda radical” como uma ameaça existencial.
A violência nas ruas militarizadas dos Estados Unidos está agora se fundindo com o que John Ganz chama de “um protesto hipócrita [...] sobre os mártires mortos, a histeria sobre o terrorismo e a desordem pública são incitadas, e o poder do Estado é exercido contra figuras públicas que se opõem e criticam o regime”. O medo se tornou a arma preferida do regime, usada em conjunto com uma política de apagamento, amnésia histórica e negação implacável.
Jeffrey St. Clair observou com precisão sombria que o assassinato de Kirk é “horrível, repugnante e tão estadunidense quanto possível”, mas a hipocrisia reside no silêncio de Trump após atos anteriores de violência do MAGA: “Quando dois deputados democratas e suas esposas foram assassinados por um apoiador de Trump em Minnesota, algumas semanas atrás, Trump não disse nada. Nada. Absolutamente nada”. A violência cometida pela direita não provoca indignação, mas uma única morte usada como arma contra a esquerda se torna a justificativa para uma guerra contra a dissidência.
Como relata St. Clair, o histórico de violência da direita entre 2018 e 2025 parece um réquiem: o ataque à sede dos CDC, o assassinato do agente David Rose, o plano para sequestrar a governadora Gretchen Whitmer, o massacre de 23 pessoas em um Walmart em El Paso e o assassinato de 11 fiéis na sinagoga Tree of Life, em Pittsburgh. Cada ato carregava o ritmo da crueldade; cada atrocidade soava como um aviso escrito a fogo e sangue.
Apesar das infames alegações de Trump, Miller, Bondi e outras autoridades de que a esquerda é responsável pela morte de Charlie Kirk, os fatos contam uma história diferente. A NBC News relata que “a investigação federal sobre o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk ainda não encontrou nenhuma ligação entre o suposto atirador, Tyler Robinson, de 22 anos, e os grupos de esquerda contra os quais o presidente Donald Trump e seu governo prometeram tomar medidas enérgicas”.
O regime de Trump se recusa a reconhecer isso, apagando evidências e fabricando uma narrativa destinada a demonizar seus críticos. Essa distorção segue um padrão histórico familiar, mas o que o governo Trump se recusa a admitir e esconde desesperadamente é que, de acordo com a Liga Antidifamação, “desde 2002, as ideologias de direita alimentaram mais de 70% de todos os ataques extremistas e conspirações terroristas domésticas nos Estados Unidos”.
Não se trata simplesmente de uma negação, mas de um engano calculado. Ao inverter a realidade e culpar os dissidentes pela violência impulsionada em grande parte por seus próprios aliados ideológicos, o governo Trump está travando uma guerra contra a própria verdade, usando as mentiras como arma para justificar a repressão. Esta é a ferramenta mais antiga do autoritarismo: um roteiro tirado do manual fascista, no qual os regimes fabricam inimigos internos para mascarar sua própria violência.
Esta é a maquinaria do fascismo: a busca de bodes expiatórios, a amnésia histórica e a fabricação de uma “ameaça interna” para mobilizar o medo e apagar a responsabilidade. Permanecer em silêncio diante de tais mentiras é permitir que os padrões mais sombrios da história se repitam. O barulho sinistro dos vagões de carga não é mais uma mera metáfora; é um ensaio. Os mesmos trens que outrora transportaram os inimigos do Estado – judeus, comunistas, ciganos e outros – para campos de concentração ressoam no discurso atual de vigilância, detenção e deportação. Esses ecos no exterior tornam impossível ignorar o perigo interno. Os primeiros alvos são sempre os vulneráveis: os imigrantes, os refugiados, os estudantes e os moradores de rua. Mas a máquina de repressão, uma vez posta em movimento, se estende ainda mais. O que começa nas margens sempre acaba se movendo para o centro.
Primeiro, os bandidos mascarados do terror patrocinado pelo Estado atacaram migrantes, depois manifestantes estudantis; ocuparam bairros, transformaram cidades em arenas militarizadas e normalizaram a violência como linguagem do Estado de Direito. Agora, a máquina de repressão aperta seu cerco, aproximando-se cada vez mais dos cidadãos comuns. A sombra de um passado autoritário caiu sobre a república e, a menos que seja confrontado, o futuro se tornará um eco das cenas sombrias de repressão que já se desenrolam na Hungria, Índia e Argentina.
Em todos esses países, incluindo os Estados Unidos, os líderes do novo fascismo falam com vômito na boca e sangue nas mãos. Compartilham uma linguagem que Toni Morrison chama de “linguagem morta”. É uma “linguagem opressiva que faz mais do que representar a violência; ela é violência”. Trump e seus capangas traficam uma linguagem repressiva impregnada de poder, censurado e censurador.
Implacável em suas funções policiais, ele não tem outro desejo ou propósito senão manter o livre-arbítrio de seu próprio narcisismo narcótico, sua própria exclusividade e domínio. Ele oferece espetáculos de massa, sonambulismo moral e paixão psicótica para aqueles que buscam refúgio no poder descontrolado. Forja uma comunidade baseada na ganância, na corrupção e no ódio, encharcada em um escândalo de satisfação vazia.
No atual momento histórico, marcado por uma política baseada na vingança, no racismo sistêmico e na construção de um Estado policial, a linguagem é usada como arma, funcionando como uma força poderosa para fabricar ignorância. O governo Trump transforma a dor em um grito de guerra para a repressão. O imaginário radical está agora encharcado de teorias da conspiração e ignorância cívica. Uma política vazia de crueldade encontra agora sua contrapartida na violência implacável do terrorismo de Estado. Internamente, Trump e seus capangas políticos se imaginam como vítimas enquanto espalham violência, miséria, crueldade e decadência moral, tanto em casa quanto no exterior.
Os riscos não poderiam ser mais claros: o silêncio é cumplicidade, e falar, responder e se engajar em ações não violentas é agora a pré-condição mais urgente para a construção de modos poderosos de resistência coletiva. As luzes estão se apagando rapidamente, mas ainda há tempo para fazer da justiça, da igualdade e da liberdade os fundamentos de uma democracia radical; a resistência não é mais opcional, mas a tarefa política e moral urgente do nosso tempo.
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