Karen Attiah, colunista do Washington Post, é demitida por criticar Charlie Kirk

Karen Attiah | Foto: New America/Flickr

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16 Setembro 2025

Ela atacou nas redes sociais a hipocrisia da América branca, que está indignada com a morte de um político com mensagens violentas, como a do ativista de direita assassinado, mas não com a das crianças mortas com armas de fogo na escola.

A reportagem é de Massimo Basile, publicada por La Repubblica, 15-09-2025.

A censura contra os críticos do ativista conservador Charlie Kirk, morto em um ataque em Utah, voltou a atacar. Uma colunista de longa data do Washington Post anunciou que foi demitida do jornal por causa de algumas postagens nas redes sociais que considerou "inaceitáveis" após a morte de Kirk. Em Bluesky, Karen Attiah se manifestou sobre a hipocrisia da América branca, que aceita a morte de crianças em escolas sem nunca abordar a questão das armas, limitando-se à frase ritual "pensamentos e orações", mas depois se indigna quando um branco que postava mensagens violentas morre.

A jornalista havia publicado uma declaração de Kirk, na qual o ativista supremacista branco acusava mulheres negras proeminentes de "não terem a inteligência necessária para serem levadas a sério" e de "roubarem os empregos dos brancos". Segundo a mídia americana, a referência era, entre outras, à ex-primeira-dama e agora podcaster Michelle Obama e à juíza da Suprema Corte Ketanji Brown Jackson. Attiah era o último colunista afro-americano contratado em tempo integral para a equipe de colunistas. O Washington Post se recusou a comentar o assunto. O jornal da capital, de propriedade de Jeff Bezos, que se tornou um aliado próximo do presidente dos EUA, Donald Trump, tem uma seção pública intitulada "Políticas e Padrões" que descreve a posição do Post sobre o uso das mídias sociais pelos funcionários.

O caso semelhante de Matthew Dowd

A demissão de Attiah ocorre poucos dias após o analista político Matthew Dowd ser demitido da MSNBC por descrever Kirk — fundador da organização conservadora juvenil Turning Point USA — como uma figura divisora que espalhava mensagens de ódio. Nos últimos dias, influenciadores de direita e líderes políticos lançaram uma campanha contra aqueles que criticaram Kirk ou pareciam celebrar sua morte, levando à demissão ou suspensão de vários funcionários depois que suas empresas ou organizações tomaram conhecimento das postagens anti-Kirk.

Essa censura à dissidência parece ir contra a própria filosofia de Kirk, que ele acreditava ser um direito sacrossanto de expressar a própria opinião, apesar de ter defendido publicamente sua postura supremacista, antitransgênero, anti-imigrante e antinegros. Após o ataque a Paul Pelosi, marido da ex-presidente da Câmara, por um apoiador de Trump, Kirk lançou um apelo para que um "patriota extraordinário" pagasse fiança para libertar o agressor. Nesse caso, os republicanos não ficaram indignados.

A defesa de Attiah

"Como colunista", explicou Attiah no Substack, "usei minha voz para defender a liberdade e a democracia, questionando o poder e refletindo sobre política e cultura com honestidade e convicção". "Agora", acrescentou, "sou eu quem está sendo silenciada por fazer meu trabalho, mas não serei silenciada". Attiah, a primeira editora da Global Opinions e que ganhou destaque após o horrível assassinato de seu colunista Jamal Khashoggi, confessou "tristeza e medo pelos Estados Unidos" após a morte de Kirk e condenou a aceitação da violência política pelo país. "Meu tópico mais compartilhado nem sequer foi sobre a ativista, que foi horrivelmente assassinada, mas sobre os assassinatos políticos da legisladora de Minnesota Melissa Hortman, seu marido e seu cachorro", afirmou. Destaquei o padrão familiar dos Estados Unidos ignorarem mortes por armas de fogo, demonstrando compaixão por homens brancos que cometem ou apoiam a violência política. Esse ciclo vem sendo documentado há anos. Não disse nada de novo, falso ou depreciativo: é descritivo e confirmado pelos dados.

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