16 Julho 2025
Com medo de perseguições incentivadas, na década passada pelo monge racistas Wirathu desde 2014, e o genocídio de 2017, boa parcela do 1,4 milhão da etnia rohinga que habitava Mianmar, fugiu para Bangladesh.
Outros pararam na Índia.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Ao chegarem em Nova Delhi, em 2014, o governo indiano concedeu a muitos refugiados rohinga, muçulmanos e cristãos, vistos de longa duração, que foram cancelados três anos depois quando o governo da Aliança Democrática Nacional, com o primeiro-ministro Narendra Modi, assumiu o poder. Eles foram declarados imigrantes ilegais e passaram a sofrer ataques de grupos nacionalistas hindus.
Em maio, a polícia deteve refugiados rohingas cristãos das áreas de Uttam, Nagar e Vikaspuri, e rohingas muçulmanos de outras partes de Nova Délhi. Eles foram levados de avião para Port Blair, nas Ilhas Nicobar, onde a Marinha indiana os colocou num navio e, depois de horas de navegação, deu-lhes a opção: retornar a Mianmar ou transferir-se para a Indonésia.
Os refugiados escolheram a segunda opção. Os 135 refugiados rohingas receberam coletes salva-vidas e tiveram que se jogar ao mar. Eles tiveram que nadar e acabaram onde não queriam ir: no litoral de Mianmar.
Quem relatou essa história para o jornal Morning Star News foi Sadeq Shalom, em Nova Délhi. Seu irmão Anwar foi um dos deportados e antes de deixar a Índia conseguiu se comunicar por telefone com Shalom, numa ligação de 17 segundos, informando-o que seriam levados para Mianmar. Ao chegar à praia, depois da maratona, Anwar conseguiu emprestado o telefone de um pescador, e comunicou-se mais uma vez com o irmão, relatando o ocorrido.
“Foi um choque para todos que chegaram à costa saber que não estavam na Indonésia, mas sim em Mianmar”, relatou Shalom. A Anistia Internacional pediu ao governo indiano, em 19 de junho, que “interrompesse todas as deportações”. Muitos parentes sequer sabem, dois meses depois, se os deportados estão vivos.