“O sofrimento e o medo entre os refugiados Rohingya, que recorrem aos traficantes de seres humanos”, afirma jesuíta inserido entre os refugiados em Bangladesh

Campo de refugiados Kutupalong, em Cox's Bazar | Foto: UNHCR/Roger Arnold.

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31 Agosto 2020

“Não devemos esquecer a difícil situação de mais de 850.000 refugiados Rohingya que, enquanto está em curso a pandemia de Covid-19, vivem no 'limbo' nos 34 campos montados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) em Cox's Bazar, Bangladesh": afirma à Agência Fides o padre jesuíta indiano Jeyaraj Veluswamy, empenhado em nível social e pastoral entre os refugiados Rohingya em Bangladesh. “Embora a atenção global esteja voltada para a pandemia, gostaria de lembrar que no último dia 25 de agosto foi o terceiro aniversário do êxodo em massa de refugiados de Mianmar para Bangladesh, que começou em 2017”, observa. No estado de Rakhine e em todo Mianmar o aniversário passou em silêncio também porque, destaca o jesuíta, "Mianmar se encaminha para as eleições gerais, marcadas para 8 de novembro de 2020, e todas as forças em campo estão concentradas nesse propósito".

A reportagem é de Cox's Bazar, publicada por Agência Fides, 29-08-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.


Mapa da baía de Bengala. Fonte: Al Jazeera

Segundo o religioso, em uma nação tão etnicamente diversificada como Mianmar (14 entre estados e regiões, 135 grupos étnicos), destaca-se o caso dos mais de 1,2 milhão de refugiados Rohingya que fugiram para Bangladesh, e hoje também sofrem o impacto da pandemia Covid-19: “No momento, o medo domina as famílias Rohingya e é difícil tomar precauções para se proteger do vírus”, observa.

De acordo com fontes locais, havia 79 casos confirmados de Covid-19 nos campos de Rohingya em 13 de agosto. “O risco de epidemia é alto: as condições de vida nesses acampamentos costumam ser péssimas, inseguras e às vezes parecem um pesadelo”, comenta o padre Veluswamy.

Como relata o Jesuíta, movidos pelo desespero, muitos jovens Rohingya recorrem a traficantes de seres humanos para serem levados a outras nações como Malásia, Indonésia, a fim de escapar da situação em que se encontram: “Os Rohingya são indefesos e vulneráveis. Para os traficantes a sua condição é um negócio muito lucrativo", diz ele. De acordo com relatórios da polícia da Malásia nas últimas semanas, uma gangue de 7 traficantes estava tentando transportar 500 Rohingya para a costa da Malásia, mas a vigilância da guarda costeira evitou o desembarque e prendeu os criminosos.

De acordo com dados da OIM, cerca de 1.400 Rohingya ficaram presos no mar e pelo menos 130 deles morreram em junho de 2020. Os traficantes de seres humanos estão cobrando US $ 2.300 por cada pessoa transportada para as costas da Malásia ou Indonésia, os dois destinos favoritos no Sudeste Asiático. A ONG "Fortify Rights" estima que nos últimos 4 anos cerca de 168.000 homens e mulheres Rohingya deixaram clandestinamente o estado de Rakhine em Mianmar e os campos de Cox's Bazar.

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