Bangladesh. Em chamas o campo Rohingya. Quinze refugiados tornam-se tochas vivas

Reprodução: euronews (em português)/YouTube

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25 Março 2021

Um manto de densas cinzas. Os esqueletos enegrecidos das cabanas. Milhares de pessoas vagando entre restos miseráveis. A colmeia de choupanas, que proliferaram como uma massa incontrolável, reduzida a um terreno desolado. Na segunda-feira, as chamas voltaram ao campo de Cox’s Bazar, em Bangladesh, que acolhe refugiados Rohingya forçados a deixar Mianmar. E desta vez, no terceiro incêndio em quatro dias, elas devoraram, queimaram, mataram, estendendo-se também a outros quatro campos vizinhos.

O número de mortos é terrível: pelo menos 15 pessoas morreram - incluindo algumas crianças -, 400 estão desaparecidas, 560 estão com queimaduras, 9.500 cabanas foram destruídas, 45.000 estão desabrigadas. Ali vivem aglomerados pelo menos 124 mil das 860 mil pessoas (fonte da ONU) hospedadas nos campos de Cox's Bazar.

A reportagem é de Luca Miele, publicada por Avvenire, 24-03-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

“O incêndio – informa a ONG Médicos Sem Fronteiras que perderam a clínica Balukhali no incêndio - não é o primeiro no campo, também porque os Rohingya vivem em abrigos sobrelotados, construídos com plástico e bambu, que são facilmente inflamáveis. O acesso aos serviços básicos é cada vez mais escasso e a violência aumenta”. “O incêndio já causou uma enorme devastação, alastrando-se rapidamente nos campos de refugiados e deslocando milhares de pessoas - disse o representante da UNICEF, Tomoo Hozumi -. Evacuações em grande escala já ocorreram, mas a extensão total do desastre ainda não foi confirmada”. Testemunhas disseram à Reuters que o arame farpado que contorna o campo impediu que muitos pudessem escapar. E se salvar. “O governo deve remover as cercas que fazem a contenção do campo e proteger os refugiados. Houve uma série de incêndios nos campos, incluindo um de grandes proporções no início do ano. As autoridades devem abrir uma investigação adequada sobre a causa dos incêndios”, disse John Quinley da ONG Fortify Rights.

Mapa de Cox's Bazar
(Foto: Google Maps)

Mapa do estado de Rakhine
(Foto: Google Maps)

O incêndio de Cox's Bazar é um drama dentro de um drama. A minoria muçulmana é vítima de ondas de perseguição pelas quais o país asiático e seu famoso líder Aung San Suu Kyi foram acusados de genocídio pelo Tribunal Penal Internacional de Haia. A tensão aumentou novamente em 9 de outubro de 2016, quando um grupo armado da etnia Rohingya lançou um ataque a três postos da polícia de fronteira. O exército birmanês respondeu desde então com uma série de represálias incessantes. O ponto principal das alegações de genocídio é uma campanha militar de 2017 no estado de Rakhine, na costa ocidental, que obrigou os Rohingya a fugir para o Bangladesh.

Testemunhos concordantes relatam aldeias arrasadas e incendiadas, milhares de mortes e estupros sistemáticos.

 

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