20 Março 2025
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 19-03-2025.
"A vocação é um dom precioso que Deus semeia nos corações, um chamado a sair de si mesmo para empreender um caminho de amor e serviço". É assim que o mensagem que o Papa Francisco assinou no dia 19 de março, do Gemelli, em vista do 62º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no dia 11 de maio com o tema: 'Peregrinos da Esperança: O Dom da Vida'.
Na carta, Francisco sublinha como "toda vocação na Igreja, seja leiga, seja para o ministério ordenado ou para a vida consagrada, é um sinal da esperança que Deus nutre para o mundo e para cada um de seus filhos", embora se concentre nos jovens, muitos dos quais "se sentem perdidos diante do futuro", experimentando "incerteza sobre as perspectivas de emprego e, mais profundamente, uma crise de identidade que é uma crise de significado e valores e que a confusão digital torna ainda mais difícil de atravessar".
"A injustiça para com os fracos e os pobres, a indiferença pelo bem-estar egoísta, a violência da guerra ameaçam os planos de uma vida boa que cultivam em suas almas", admite o Papa, que no entanto assegura que "o Senhor, que conhece o coração do homem, não o abandona na incerteza, mas quer despertar em cada um a consciência de ser amado", chamado e enviado como peregrino de esperança".
"Por isso, nós, membros adultos da Igreja, especialmente pastores, somos chamados a acolher, discernir e acompanhar o caminho vocacional das novas gerações. E vocês, jovens, são chamados a ser protagonistas, ou melhor, coprotagonistas com o Espírito Santo, que desperta em vocês o desejo de fazer da vida um dom de amor", proclama Bergoglio.
Dirigindo-se aos jovens, o Papa recorda-lhes que "a vossa vida não é um 'entretanto'. Vocês são um agora de Deus", pedindo-lhes que "tomem consciência de que o dom da vida exige uma resposta generosa e fiel", como fizeram Santa Rosa de Llima, São Domingos Sávio, Teresa de Lisieux, Gabriel das Dores, Carlo Acutis ou Pier Giorgio Frassati. "Cada um deles viveu a vocação como um caminho para a felicidade plena, em relação a Jesus vivo", recorda Francisco, acrescentando que "cada vocação, percebida no fundo do coração, faz brotar a resposta como um impulso interior ao amor e ao serviço, como fonte de esperança e caridade e não como uma busca de autoafirmação".
Na segunda parte da mensagem, Francisco une vocação e esperança, que "é muito mais do que um simples otimismo humano: é uma certeza enraizada na fé em Deus, que atua na história de cada pessoa". Por isso, "o mundo tem necessidade de jovens peregrinos da esperança, corajosos na dedicação da própria vida a Cristo, cheios de alegria pelo próprio fato de serem seus discípulos-missionários".
Junto com eles, outra palavra-chave, discernimento, um caminho que "nunca é solitário, mas se desenvolve dentro da comunidade cristã e ao lado dela". "Queridos jovens, o mundo os impulsiona a tomar decisões precipitadas, a encher os dias de barulho, impedindo-os de experimentar um silêncio aberto a Deus, que fala ao coração. Tenha a coragem de parar, ouvir o seu interior e perguntar a Deus o que ele sonha para você", disse o Papa, que encorajou as pessoas a se entregarem à oração para "'ler' o chamado de Deus na própria história e dar uma resposta livre e consciente".
"Quem escuta Deus que chama não pode ignorar o grito de tantos irmãos e irmãs que se sentem excluídos, feridos, abandonados", sublinhou, encorajando especialmente os fiéis leigos a "serem sal, luz e fermento do Reino de Deus através do compromisso social e profissional".
Francisco também pede aos líderes comunitários que "promovam o cuidado da vocação cristã nos vários âmbitos da vida e da atividade humana, favorecendo a abertura espiritual de cada um à voz de Deus", para o que pede "itinerários educativos e pastorais que ofereçam espaços adequados para o acompanhamento das vocações".
"A Igreja precisa de pastores, religiosos, missionários, cônjuges que saibam dizer 'sim' ao Senhor com confiança e esperança. A vocação nunca é um tesouro que permanece fechado no coração, mas cresce e se fortalece na comunidade que crê, ama e espera. E como ninguém pode responder sozinho ao chamado de Deus, todos nós precisamos da oração e do apoio de nossos irmãos e irmãs", diz Francisco, que conclui sua mensagem lançando uma mensagem de esperança:
"A Igreja está viva e fecunda quando gera novas vocações. E o mundo procura, muitas vezes inconscientemente, testemunhas de esperança, que anunciam com a vida que o seguimento de Cristo é fonte de alegria. Não nos cansemos de pedir ao Senhor novos trabalhadores para sua messe, certos de que Ele continua a chamar com amor".